Andre.28 20/01/2020
Uma história no estilo Stephen King de escrita
(ALERTA: Resenha grande. Já peço desculpas pelo tamanho rsrs)
[mais um calhamaço escrito pela “máquina de escrever humana” chamada Stephen King]
Dilemas morais aparecem em Chester’s Mill, uma pequena cidade no interior do Maine quando uma redoma transparente e misteriosa cai sob a cidade, isolando os habitantes do mundo. Neste enredo de horror no “estilo Stephen King” de escrita nós encontramos um número “considerável” de personagens. Há sustentabilidade no enredo, muito embora aos pouco esse número vá diminuindo, ainda sim continuamos com muitos personagens em uma historia explicada nos mínimos detalhes.
Os dilemas morais dos habitantes de Chester’s Mill estão diretamente relacionados com a exposição de uma série de segredos, crimes, chantagens, alianças, vícios, em um estado de calamidade e um rastro de sangue e pânico causado pela redoma, e principalmente pelas tramas sórdidas e traiçoeiras do 2° vereador da cidade “Big” Jim Rennier. A sede do poder é maior e a lei não mais existe em Chester’s Mill quando a redoma cai. Big Jim tem esse fascínio pelo comando, pela destruição do que considera do inimigo. Uma síntese do político desejoso pelo poder eterno. Na lei da selva quem se salva é o mais esperto.
Big Jim é um dos vilões mais asquerosos e hipócritas que o Stephen King já criou. Atenta-se aqui a maestria do escritor em construir vilões e antagonistas, com o refino detalhado de uma trama de horror de uma “terra sem lei” e uma atmosfera cristã apocalíptica sem precedentes. O filho de Big Jim, Junior Rennier, e o seu grupo de amigos valentões não fogem a pecha de valentões asquerosos. São seres monstruosos que causam nojo, raiva e repulsa. Eles são um bando de “pseudo” policiais que praticam abusos, distribuindo uma onda de violência gratuita e coisas absurdas e típicas de machões imbecis de farda. – É um livro sensível para quem tem algum problema com cenas de horror e violência. (Eu mesmo fiquei me tremendo de raiva com o que acontecia)
A personagem da Julia Shumway é um dos destaques. Julia é uma jornalista interiorana muito sagaz, uma mulher guerreira que arquiteta planos para salvar o Homem que ela ama, e que tenta conduzir a cidade a buscar respostas e tentar ‘resolver o problema’ que a redoma causa. Julia é uma mulher que luta contra as tramas de Big Jim, peitando os machos escrotos da cidade. Destaque também para as outras mulheres; Jackie Wettington e Linda Everett que bolam planos para salvar Rusty Everett e coronel reformado Dale Barbara (o Homem que Julia ama) da prisão de Big Jim. Dale é um dos tantos personagens chaves no intuito de confrontar o caos causado e da autoridade por Big Jim e ser a força da “equipe de resistência”.
Se você assistiu a série pode se sentir familiarizado com a história do livro. Há diferenças, mas no cômputo geral tem mais semelhanças entre o livro e a série. O final da história foi muito bem construído. Um final que toca mais pela reflexão da história da Julia e dos sobreviventes de Chester’s Mill e nos compreender que as coisas apenas podem acontecer e o mais importante é manter-se firme, lutando. Podemos dizer que nessa história King nos mostra uma lição importante. Aproveitar a vida e pegar as oportunidades que temos. Mas acima de tudo, essa história nos ensina a ter calma e paciência com as coisas que nos acontecem na vida.
Essa história é uma clara manifestação da paciência. Stephen King demorou mais de 30 anos para retomar a história. Começada em 1976, Sob a Redoma ficou engaveta por 31 anos até que fosse retomada. Segundo King; ele foi vencido em 1976, mas não abandonou a ideia. Era ter paciência. Inspiração para escrita e amadurecimento da “ideia de uma história” leva tempo. King procurou ter calma e aproveitar essa longa viagem. Ele soube ter calma pra aproveitar esse tempo.