Helder 16/12/2013Lição de como escrever um livro perfeitoKen Follett para mim é e sempre será O Cara! Esta serie sobre o século XX é um manual de como se escrever um livro perfeito e deveria ser usada em escolas.
Até me pergunto se ele escreve tudo isso sozinho ou se é como os autores de novela da Globo que possuem uma equipe onde cada um é responsável por alguns personagens.
São 870 paginas. Poderia ser dividido em 250 paginas por bimestre. É obvio que existe muita coisa romanceada, mas tem um fundo histórico tão bem pesquisado e fundamentado, que no mínimo instiga a nossa curiosidade por conhecer mais o que realmente ocorreu. E dá-lhe Mr. Google.
Eu imagino que Ken Follett tenha uma caixinha com seus personagens como figuras colantes, e ai ele monta um painel onde coloca os fatos históricos em ordem cronológica. Depois imagino que ele pegue suas figurinhas autocolantes e vá colando em cima do fato histórico, para saber quem vai estar aonde e quando. E assim vamos passando por sua estória sempre cercado de História. E dá-lhe vontade de ir no Google ver o que é verdade e o que é ficção, de tão bem amarradas que as coisas são.
E como se tudo isso já não fosse o bastante, ele ainda consegue amarrar os personagens deste livro com os de Queda de Gigantes, o que realmente nos traz a imagem e a sensação da evolução do tempo. E sempre sem atropelos.
Pelo lado romance, o livro começa com Ethel, que no fim do primeiro livro , após ter lutado pelo voto feminino, conseguira se eleger deputada, indo a Alemanha visitar sua amiga Maud que no livro anterior casará com Walter, um alemão. Nessa visita a Alemanha, Ethel leva seu filho Lloyd, fruto de sua relação com o conde Fitz, irmão de Maud, e que ainda vive com Bea, a ex-princesa Russa e agora tem dois filhos: Andy e Boy. Este último casa-se com Daisy, uma patricinha carreirista filha legitima que Lev Peshkov teve nos EUA após se casar com a filha de seu patrão e se tornar um mafioso. Na Russia seu irmão ainda cuida do filho que Lev deixou e que agora cresceu e trabalha para o Exercito Vermelho e acaba cruzando com Lloyd na Guerra Espanhola e com Werner Frank, espião alemão que se torna namorado de Carla, filha de Maud e Walter. E ainda tem Woody e Chuck, para nos mostrar o ponto de vista dos Americanos, filhos de Gus Dewar que agora virou um respeitável senador. E assim faz-se novamente a ciranda dos personagens que vai se misturando com a história real.
Pelo lado Historia com H maiúsculo, o livro começa com Ethel presenciando a ascensão do Nazismo na Alemanha e depois participando da Batalha de Cable Street, fato que eu não conhecia, mas que após pesquisar (Hey Mr. Google!) soube que foi de extrema importância para evitar que o fascismo crescesse na Inglaterra também. E depois participamos da Guerra Espanhola onde conhecemos mais detalhes sobre a ajuda Russa dada a este movimento,.
Alguns momentos são fantásticos, como as batalhas em que participamos da ação. Follet nos coloca num barquinho no meio do ataque dos japoneses à surdina a Pearl Harbour que fez os EUA entrarem na Guerra. Depois um dos personagens consegue decifrar uma mensagem dos japoneses e participamos da Batalha de Midway (Primeira Batalha aérea feita no mar, que mostrou a importância da criação de Porta Aviões como máquinas de guerra. Hey Mr Google again!). Depois desembarcamos numa praia com japoneses escondidos com metralhadoras e somos um alvo fácil nas praias das Ilhas Salomão (Outra batalha histórica segundo meu amigo Mr. Google). E ai chegamos na Normandia um dia antes do Dia D, saltando de Paraquedas e ajudamos a destruir trens cheio de Nazistas explodindo trilhos e tuneis.
Achou pouco? Que tal acompanhar os primeiros testes de geração da Bomba Atômica? E o nascimento da espionagem entre Americanos e Russos, buscando sempre ser o melhor em artefatos de Guerra. Tem ainda o momento onde a salvação é quase tão ruim quanto a doença, o triste momento que os Russos conseguem invadir Berlim e só conseguem enxergar culpados, onde também existem vitimas.
Posso ficar aqui citando eventos por mais duas paginas, mas será somente perda de tempo. A constatação é óbvia: Ken Follett é o cara! Duvida? Embarque nesta aula de História e deixe se levar por um livro genial, que vale quanto pesa.