Dominique 20/03/2010Simplesmente maravilhoso!Aqueles foram tempos de espera.
E a espera trazia a incerteza, a angústia, o medo e a solidão, que disputava com a insanidade um lugar no coração do pampa. Mas na casa também repousavam a vida e a obstinação. A esperança de que uma ferida não fosse encontrar a morte ao cair da noite. Na casa as mulheres colocavam as dores para quarar ao sol.
A Casa das Sete Mulheres conta a história de uma família que vive em meio ao caos da maior guerra civil ocorrida em nosso continente, que aconteceu no Rio Grande do Sul (1935-1945). Os homens dessa família são os líderes e precurssores dessa guerra, deixando suas mulheres, filhas, irmãs e tias na segurança do lar. A história em si acontece no rancho onde as sete mulheres estão abrigadas. Unidas, elas superam e passam pelas maiores atribulações de suas vidas.
Na casa do general farroupilha Bento Gonçalves da Silva, líder dos farroupilhas, ficaram Ana Joaquina, Maria, Manuela, Mariana, Rosário, Perpétua e Caetana. Elas esperam pacientemente a volta dos maridos, filhos, irmãos e sobrinhos que foram para guerra. Enquanto isso, cuidam da casa, das crianças, da comida, das roupas. À noite, elas conversam, brincam, lêem, cantam. Diferente dos homens que vão para guerra e estão em constante combate, em casa elas tem que lidar com a rotina e com a incerteza do porvir e se seus homens irão voltar.
Devido as dificuldades e perigos das estradas, visitas são raras ao rancho, onde essas mulheres ficam completamente isoladas. Elas somente ficam sabendo das notícias externas por esporádicos mensageiros e viajantes, ou por cartas enviadas da guerra por seus familiares. Quando ocorre a oportunidade de um dos homens voltarem para casa, a alegria de vê-los se transforma em festa ou pesar. Festa, pois um dos membros da família ter retornado vivo; Pesar quando eles trazem a notícia pessoalmente da morte de um dos familiares.
Letícia Wierzchowski nos encanta com sua narrativa fácil e envolvente. Ela consegue nos puxar para dentro da história a ponto de nos confudirmos com um dos personagens. Nos sofremos suas dores, sorrimos suas alegrias.
O livro é dividido entre a história do rancho e o diário de Manuela, onde ela conta em primeira pessoa, suas angústias, incertezas, alegrias e sonhos de amor. Amor por Garibaldi. Homem forte e corajoso a quem Manuela ao exitar em segui-lo, perde-o para sempre.
Esse é um dos poucos livros da literatura brasileira que conseguiu me cativar de verdade. Os diários de Manoela são emocionantes e conseguem exprimir todo amor que ela sentiu por Garibaldi. Chorei, sorri, revoltei-me... Eu ansiava por ler seus diários e largar para lá a outra parte do livro, mas acompanhei com penosa paciência o desenrolar dos fatos e o emaranhado de emoções que surgiam. Manuela não passou mais que uma semana perto de Garibaldi, mas mesmo assim o amou e foi fiel até o dia de sua morte. Outra história que me comoveu foi a de Rosário, que se apaixonou por um soldado fantasma, morto na guerra. Seu fim foi muito triste.
Eu recomendo com certeza!!! Até porque foi uma história verídica. Alguns desses personagens realmente existiram, como Manuela e Garibaldi, e por fim, Anita Garibaldi.
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http://livrosfilmesemusicas.blogspot.com/2010/03/aqueles-foram-tempos-de-espera.html