Taíla 18/08/2020
Um épico que fez eu me apaixonar
Quem aí não foi impactado de alguma forma pelo sucesso da minissérie A Casa das Sete Mulheres exibida pela Rede Globo em 2003 e reexibida em 2006. Eu, com meus 13, 14 anos na época não podia acompanhar todo o desenrolar da história, pois passava tarde e no outro dia tinha que levantar cedo para ir à escola. Cadê essa série no Globo Play, hein, Rede Globo?
Mas, mesmo não podendo ver todos os episódios, eu sabia do furor que a série estava causando, pelo menos aqui no Rio Grande do Sul. Depois de Érico Veríssimo, quem mais tinha nos apresentado a visão das mulheres em um cenário político totalmente dominado pelos homens?
Eu não vou negar que histórias de antigamente instigam muito a minha curiosidade, sou a louca das cidades velhas, de querer saber a história das construções antigas e fico sempre imaginando que pessoas passaram por onde a gente anda hoje? O que elas encontraram por aqui? Tantas vidas, tantos sentimentos e tanta coisa para ser contada que, quando me deparo com um livro como esse, eu mergulho com tudo e só saio quando terminar de reviver cada pedacinho do que eu li.
Eu conhecia a história graças à minissérie que falei ali em cima e já sabia que a história tinha origem de um livro. O que eu não sabia, era que a obra não é uma ficção total, essas mulheres existiram. Admito que nós estamos tão acostumados a não ter a participação das mulheres nos momentos históricos, salvo nesse caso por Anita Garibaldi que já conhecia das aulas de história pro ter feito parte da luta Farroupilha ao lado de Giuseppe.
Quando, nas primeiras páginas da obra estávamos falando de mulheres reais, o livro me ganhou. Claro que é um romance e estamos falando de ficção, mas sim baseada nas vidas dessas mulheres que realmente viveram a espera de 10 anos pela resolução dessa revolução e longe de seus pais, irmãos e entes queridos.
Acompanhamos a espera das mulheres Caetana Garcia Gonçalves da Silva (esposa de Bento Gonçalves) e sua filha Perpétua Garcia Gonçalves da Silva, Caetana possui outros filhos, mas o foco é na história das sete mulheres adultas da família. Ana Joaquina Gonçalves da Silva e Maria Gonçalves da Silva Ferreira são irmãs de Bento Gonçalves. Maria é mãe de Manuela, Rosário e Mariana.
Se para nós que estamos há alguns meses em casa (outros nem tanto) e com um amplo acesso à informação, podendo entrar em contato e saber notícias de quem amamos, já estamos sofrendo e muito, imagine como era antigamente. Raras formas de entretenimento, ainda mais as mulheres que ficavam em casa a maior parte do tempo, e pouquíssimas notícias do que estava acontecendo, já que se dependiam de cartas e de pessoas que estivessem indo para o rumo desejado fazer a entrega.
Por ser da elite gaúcha, a família de Bento Gonçalves ainda tinha seus privilégios, pois imagine se as famílias dos soldados e escravos que lutavam pela liberdade recebiam alguma notícia tão cedo.
Pois bem, falando de ficção, os romances vividos pelas jovens mulheres da família são mais pudicos do que vemos na minissérie, mas o amor consegue transpassar muitas das dificuldades impostas pela época e pelas circunstâncias e com sete mulheres em uma casa não tem como a gente não se envolver com as histórias, as dores, as perdas e as conquistas também, nem só de sofrimento é feita essa vida. Tem muitos momentos bonitos, de esperança, mas claro que temos muitas dúvidas e espera e como fundo de tudo isso, a Revolução Farroupilha que continua sendo contada e tem seus acontecimentos entrelaçados à vida dessas mulheres.
Confesso que deu muita vontade de ver a série completinha, mas cadê achar um streaminzinho na legalidade? É pedir muito?
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