Samanta 16/08/2017Espero daqui a alguns anos poder me reencontra com essa história!!.Bem, aqui estou tentando colocar em palavras a experiência de ler o livro A casa das Sete Mulheres, mas o que dizer de um livro tão excepcional como esse? Tarefa muito difícil, porém irei tentar.
Depois de algumas leituras regulares, pego para ler esse livro sem muita expectativa, mas sabendo da fama e varias críticas positivas de um livro que até virou série de TV em 2003 que na época apreciei como uma criança pode apreciar na minha idade, sem muito envolvimento, mas só agora tive interesse de conhecer a obra.
A obra mescla realidade e ficção num romance que usa a Revolução Farroupilha como pano de fundo para descrever as aventuras de sete gaúchas da família do general Bento Gonçalves. Antes do início da guerra, ele isolou as mulheres da família em uma estância, a fim de protegê-las. Entretanto, o tempo se passa e a guerra não termina. Assim, o rumo da vida dessas sete mulheres começa a se modificar para sempre.
O romance trata, essencialmente, da busca de um sonho, de um ideal: o da liberdade (para os escravos do Rio Grande do Sul) e o da autonomia e independência de um território comandado pelo poder imperial. Um romance de ficção sim, mas pautado em fatos e personagens reais.
A autora nos conta todas as batalhas, conflitos, amores e dificuldades que as sete mulheres: Antônia, Caetana, Rosário, Ana, Perpétua, Manuela e Mariana vivenciaram em dez anos de confinamento na Estância da Barra, da família Gonçalves da Silva. Sua escrita é um poema em formato de prosa. Rica em detalhes parece que estamos mesmo vivenciando tudo de perto.
O amor de Manuela e Garibaldi, as incertezas e desencontros de Rosário e Steban, o amor enlouquecedor de Mariana e João Gutierrez é descritos e narrados de forma envolvente, pura e delicada. A história não conta apenas com o frescor de todos os amores, mas também com a dor da desgraça de todas as tragédias. Sobrinhos, amigos, entes queridos, pessoas em si são perdidas em uma guerra que, na verdade, não teve vencedores.
As narrativas vão se revezando até o final da trama, com os Diários de Manuela, que conta a história sob a perspectiva da personagem, e na narrativa em terceira pessoa do que acontece na estância/guerra contando a história de cada uma das sete mulheres, além de focar na guerra e nos homens da família que estão nela.
Conforme o tempo passa, quem está lendo começa a se sentir presos e angustiados nessa estância assim como as sete mulheres. As notícias são escassas, a preocupação é grande e o fim nunca chega. O medo e a fé estão presentes o tempo todo para essas gaúchas.
Não é uma obra cheia de felizes para sempre, como os contos de fada, mas uma obra que fala de vida real, de tudo aquilo que acontece mesmo contra a nossa vontade, de todos os sonhos que se perdem ou se realizam em meio aos dias monótonos da nossa existência.
Eu queria muito ter tido a oportunidade de lê esse livro antes, mas tudo tem seu momento certo, e espero que daqui a alguns anos possa tornar a me encontra com essa estória novamente.