Bom-Crioulo

Bom-Crioulo Adolfo Caminha




Resenhas - Bom Crioulo


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Eduardo Vilalon 30/01/2020

APONTAMENTOS SOBRE HOMOSSEXUALIDADE, NEGRITUDE MASCULINA E FEMINILIDADE EM BOM CRIOULO (1895), DE ADOLFO CAMINHA
A intenção do presente artigo reside em fazer alguns apontamentos sobre três temas tabus no século XIX, abordados na obra Bom Crioulo (1895), de Adolfo Caminha. Procurar-se-á indigitar que a inovação de retratar tais assuntos não está, contudo, livre dos estereótipos do seu tempo. Dessa forma, serão apresentadas e problematizadas as visões de negritude masculina, homossexualidade e feminilidade. Não obstante, não se pretende esgotar os conteúdos relativos a essas questões ou fazer uma leitura pormenorizada e linear do enredo e das temáticas, senão ilustrar como essas categorias são trabalhadas na obra e em que medida fazem parte do imaginário científico daquele período.

site: http://seer.spo.ifsp.edu.br/index.php/regrasp/article/view/323
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Bruno.Simoes 13/11/2019minha estante
nossa, o tanto de vergonha alheia que eu senti nas cenas de Aleixo com Dona Carolina... morri.




Tom 01/11/2019

Um livro maldito ou um clássico ?
O Bom- Crioulo é a primeira história homoerótica Brasileira e por mais de um século foi amaldiçoada pelas autoridades, sociedade e catedráticos. O Bom- Crioulo é uma daquelas obras que nos faz pensar: o remédio dependendo da dose vira veneno , e assim segue a regra o amor. Amor em excesso vira ódio , vida demais gera morte. Como encontrar a dose certa?
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Eric Rocha - Ersiro 18/10/2019

Possui valor histórico de análise social, jamais representativo
O Bom Crioulo, obra de Adolfo Caminha, com primeira publicação em 1895, é a primeira no universo literário do Brasil a trabalhar exclusivamente um romance gay. Nela são relatadas as desventuras de um relacionamento homoafetivo entre dois marinheiros.

O que sobressaiu do que li da história em si e da introdução, onde há inclusive frase do próprio autor defendendo seu escrito, afirmando que a obra "estuda e condena o homossexualismo" (p. 15), parece que Caminha trabalhou na criação do romance por vaidade literária, para afirmar ou ganhar destaque em tua posição como um artista do movimento naturalista em nome de uma suposta excentricidade; ou até mesmo rancor contra a Marinha, pois, para simplificar, o autor foi oficial deste ramo das Forças Armadas, casou-se com uma mulher que largou o marido — outro oficial — e Adolfo Caminha foi pressionado e obrigado a sair da Marinha.

Aqui, Amaro, protagonista negro e ex-escravo, é retratado como alguém obsessivo, controlador, pedófilo e manipulador. Aleixo, de 15 anos, o outro protagonista, branco, “corpo e rosto feminino”, de olhos azuis (ou seja, perfil europeu, responsável pela escravização de negros no Brasil), no início — e no fim é reforçado — apenas aturou Amaro porque devia-lhe favores (p. 112), o abomina não só pelo o que ele fez, o que, realmente não está errado, afinal foi abusado pelo outro, e afirma indiretamente em uma passagem que ser gay não é ser homem, mas ele sim o é, afinal, é hétero e se apaixona por uma mulher mais velha que assume a personalidade "homem selvagem" da relação: "[...] admirado para essa mulher-homem que o queria deflorar ali assim, torpemente como um animal." (p. 93), o que torna a posição de Aleixo indefinível no romance.
Quanto a relação Amaro-Aleixo, há uma espécie de inversão da escravização. Amaro submete de forma sádica Aleixo a uma relação abusiva e consequentemente a uma possível romantização do relacionamento abusivo, tornando a obra ainda mais problemática.

Ao passo que em momentos tenta descrever com passividade e naturalidade o relacionamento entre dois homens, aterra a demonstração logo em seguida, sempre corrobora na prerrogativa que ser homossexual é algo terrivelmente anormal e asqueroso, repudiando e condenando descaradamente como imoralidade social (p. 15) relacionamentos de "reversão sexual".
É importante ressaltar que o autor pautou teu escrito na pseudociência da época e experiência testemunhada (como já dito, Adolfo Caminha foi oficial da marinha).
Para fins de informação, é também importante lembrar que somente no final do século XX a homossexualidade deixou de ser considerada pela OMS como transtorno mental.

Como marco de um livro brasileiro voltado à relação homoafetiva, é a todo momento homofóbico e por vezes me questionei se também não é racista, uma vez que (e também reforçado pelo discurso do próprio autor em defesa de seu livro) para o movimento naturalista, o humano é influenciado pelo seu meio, momento que vive e pela raça, logo não é difícil concluir que, como é descrito no livro, um negro pode agir de forma agressiva e brutal em algum momento de sua vida como Amaro agiu, pois além do meio e momento, é negro.

Em síntese, em nenhum momento na obra há "redenção" em ser gay, pois é sempre retratado e julgado como uma "espécie" descartável fadada e amaldiçoada à tragédias e desgraças.
É diferente, por exemplo, do livro Teleny, atribuído a Oscar Wilde, escrito anos antes, onde há em um primeiro momento confusão por parte do protagonista por se sentir atraído a outro homem, porém em seguida questionamento, envolvimento, compreensão e aceitação.

Ainda assim, mostra o quão moralista e conservadora (o autor não podendo ficar fora dessa quando o assunto é homossexualidade) a sociedade retratada na obra pode ser cruel para com quem não se encaixa em seu padrão branco, hétero e cis. Possui seu valor histórico e nos permite observar uma evolução social da época em questão para a atual.

Hoje, reflete a problemática das pessoas que não fazem parte de um grupo, escreverem relatos fictícios ou não, sem o olhar crítico sobre, sem debater, sem sentir propriamente o incômodo da situação na qual se encontra aquela minoria e sem se preocupar em trazer um viés de desnaturalização para este grupo diante da estrutura social.
Por mais que a representatividade jamais será atendida, obviamente no lugar de fala onde você se encontra, pode (e deve) sim falar, discutir e escrever sobre um grupo de outro lugar, mas estando disposto a debater criticamente questões e problemáticas enfrentadas por eles e refletir em como você, compreendendo a sociedade e estando na estrutura de uma classe de poder pode colaborar com o alcance de menos desigualdade.

Nota: 1,5
Luiz Fernando 21/11/2019minha estante
Muito boa análise, obrigado!


Eric Rocha - Ersiro 19/12/2019minha estante
Valeu, Luiz Fernando! Obrigado por ler!


Eduardo Vilalon 30/01/2020minha estante
Um homem gasto, do Ferreira Leal, é anterior a esse em 10 anos, mas nem de longe com a mesma qualidade literária, a despeito de como as personagens são retratadas...


Eric Rocha - Ersiro 09/06/2020minha estante
Eduardo, lerei este de Leal e compararei também sobre esse viés mencionado. Abraço


Danic.Coelho 04/10/2022minha estante
Vim procurar resenha desse livro pois vi ele , assim como outros livros , indicado no seu TCC .
Meus parabéns ?

Obrigada pela resenha .


Eric Rocha - Ersiro 05/10/2022minha estante
Obrigado, Dani! Inclusive por ler meu TCC ?? Preciso muito reler este livro e ver se em minha releitura muda algo




bobbie 23/09/2019

Incrível
Honestamente não sei o que me fez demorar tanto tempo para ler essa pérola de Adolfo Caminha. Romance naturalista do século XIX, chocou a sociedade com... vejam só: um romance homossexual entre dois marinheiros no Brasil. Bom-crioulo (Amaro), um escravo fugido, tomado como marinheiro, "cerca de trinta anos", conhece Aleixo, um grumete loiro, imberbe, de quinze anos, no navio em que trabalho. Encanta-se imediatamente pelo garoto de pele alva, olhos azuis, corpo e atitudes de mulher e toma-o como seu protegido. Daí para despontar um relacionamento sexual entre os dois não demora. Amaro, completamente intoxicado pelo grumete, consegue tomá-lo para si. Aleixo, cedendo às suas investidas, embarca com o Bom-crioulo num relacionamento com ares de noivado, principalmente quando Amaro sugere que os dois aluguem um quartinho onde possam ser felizes no Rio de Janeiro, lugar para onde seu navio está indo e que Aleixo está para conhecer. Caminha consegue escrever um romance que choca sua sociedade pelo mero relacionamento entre dois homens, marinheiros, um negro e um loiro, pois sua linguagem é singela, cuidadosa, poética até. O livro levanta inúmeras questões, para as quais ainda nem havia nomes nos idos do século XIX. Aleixo é sempre comparado a uma moça, uma mulher, seja por seu porte, seu corpo, suas atitudes, seu "toalete", a ponto de D. Carolina, a portuguesa de trinta e oito anos que lhes aluga o quartinho no Rio de Janeiro, comparar Aleixo a uma "hermafrodita". Amaro, por sua vez, sempre destaca seu "jeito de homem", de "macho" que deve mostrar força e agressividade, apesar de demonstrar claramente ser o mais loucamente apaixonado da relação. Tudo muda bruscamente quando Amaro é transferido para outro navio, vê-se separado de Aleixo, e este encontra o amor nos braços de outra pessoa. Romance a ser lido com proveito. Uma pérola da literatura nacional.
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Matheus Oliveira 06/09/2019

O rompimento da literatura realista com o subjetivismo do romantismo atinge seu ápice nessa obra do autor cearense. Sabemos que Caminha era um grande admirador de Emile Zola e o desejo determinista de objetivar o ser humano fica claro na construção de Amaro, de Aleixo e D. Carolina.

O romance é extremamente complexo, pode não parecer devido à simplicidade da linguagem do autor e da construção direta e expressa das personagens, mas este carrega consigo uma ambiguidade: ao mesmo tempo que dá visibilidade a um protagonista negro e, sobretudo, abre espaço para a temática da homossexualidade (mais abafada do que criticada, muitas vezes), Caminha reforça o racismo do positivismo de Lombroso e a (pseuda) moral da então burguesia brasileira.
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Alex L.S. 27/08/2019

Ótimo
Muito dramático e erótico.
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Gustavo 03/05/2019

Um retrato da escravidão e da sexualidade no Brasil pós-abolicionista.
O romance conta a história do encontro de duas figuras contrastantes: Amauro (o Bom Crioulo), negro forte e vivaz, antes sofredor das agruras da escravidão e que consegue um emprego mais digno servindo num navio de guerra da Marinha, e Aleixo, jovem de 15 anos branco e de olhos azuis, com traços meigos e algumas características femininas.
O encontro dessas duas figuras acaba por fazer a consumação do esperado: o negro, mergulhado em sua paixão borbulhante toma posse do garoto branco, e aquele, que antes era escravo e portanto não era dono de si mesmo, encontra no jovem branco uma satisfação por seus desejos de dominação, e o possui como puro objeto de seus desejos carnais.
De maneira paralela ao contato íntimo de ambos vemos no arrolar da trama como a homossexualidade e a feminilidade eram vistas naquela época de maneira pejorativa, e de como o jovem dominado encontra sua maneira de buscar a própria identidade que fora roubada pelo negro.
A história trata portanto de escravidão, não apenas a escravidão crua das senzalas e da casa-grande, mas da escravidão sexual, e de como a busca de cada um pela liberdade vai conduzir os personagens a caminhos antagônicos, de maneira que a felicidade e a liberdade jamais poderia ser alcançada.
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Erika 07/11/2018

Salve Amaro!
Livro de cabeceira aconselhável a todo segregador de plantão.
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Vitor.Canestraro 24/08/2018

Corajoso
Bom-crioulo seria corajoso nos dias atuais, imagina-se no tardar do séc. XIX? Só por tamanha coragem bem vale a leitura, a mais, graças ao delicioso desenvolvimento da narrativa e sensualidade bem postos nesta tragédia rápida e inesquecível.
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