angel 03/12/2012
Resenha: Solitária, segundo livro da série Encarcerados!
Iniciei a leitura bastante ansiosa pela continuação da cena em que parou Encarcerados, pra ser honesta, esse sentimento de virar cada página me acompanhou no desenvolvimento de toda a trama. O livro, conforme já citado na resenha anterior, é de ficção científica, porém o toque de distopia, só acrescenta de forma positiva para uma leitura mais rica.
Solitária é uma literatura com enredo muito parado, mas ao mesmo tempo tem suas cenas de ações, ambas as partes são muito boas. A primeira mostrando o quanto ficar parado, pode levar uma pessoa a loucura, no entanto, nesse contexto, é interesse salientar a forma como as alucinações de contribuem para manter a sanidade de Alex.
Se ouvir mais uma dessas merdas, vou lhe dar um motivo para chorar, disse ele, o sorriso jamais abandonando seu rosto. É exatamente assim que eles querem que você se sinta; esses são os mesmos pensamentos que passaram pela minha cabeça quando fiquei aqui embaixo. Este cubículo, este poço, é destinado a sugar de você até o último pedacinho de força, o último resquício de luta. Por que você acha que eles vêm usando o confinamento em solitária nas prisões há milhares de anos?
— Para punir os culpados — respondeu a parte obscura de minha mente.
Para nos enfraquecer, Alex. Para extrair nosso espírito, esmagar nossa confiança; para nos fazer sentir que não temos o direito de escapar. Porque, se conseguirem isso, garantirão que jamais sairemos daqui. Se nos fragilizarem, se fragilizarem você, conseguirão mantê-lo prisioneiro em um lugar até sem paredes. Você ê um bom garoto, Alex.
— E você é produto da minha imaginação — murmurei. Mas me peguei sorrindo.
Eu sei, eu sei, replicou ele. Mas diga uma dessas coisas de novo, e lhe dou um pontapé no traseiro. Posso não ser real, mas, se fosse, estaria lhe dizendo exatamente as mesmas coisas. Não desista, Alex, não os deixe vencer. Você os venceu uma vez e pode conseguir de novo. Não deixe que este lugar o destrua. Mantenha a mente ocupada, encontre coisas para fazer. Se estiver fazendo algo, é porque ainda existe, certo?
Este trecho do livro é bem interessante, pois Alex, Donovan, Zê e Toby são amigos desde o primeiro livro, toda a parte da articulação da fuga, foi realizada com a interação dos quatro, alem de amigos, tornaram-se um grupo funcional, em busca de alcançar seus objetivos. Entretanto, Alex e Zê foram pegos pelos tão famosos “ternos preto”, Donovan se encontra sob custódia deles (foi maravilhoso, mesmo D. não estando presente com Alex, ter as alucinações dele, para que tanto Alex quanto nós leitores pudéssemos matar as saudades desse personagem tão cativante), porem não junto com Alex; e Toby no decorrer da fuga de Furnace, ele simplesmente sumiu, não se sabe o que ocorreu com ele. Espero que esse desaparecimento dele, seja algo importante para contribuir com o desenvolvimento da trama.
Conforme o próprio título do livro diz, sabe-se que no decorrer da fuga de Alex e seus amigos de Furnace, eles acabam sendo encontrados e aprisionados na tão temida solitária. Nesse período, Alex e Zê encontram formas de se comunicarem, fato que admirei a criatividade de ambos, e assim encontrando uma razão para continuarem lutando contra a loucura e por suas vidas.
Pois imagina você, em um lugar muito abaixo da terra, trancado em uma cela minúscula, na qual a escuridão é o que predomina, sem água, e a comida sendo recebida de dois em dois dias, sem contar as criaturas que estão soltas para ter você como lanche. Imaginou? Agora pense que seu amigo, se encontra na mesma situação, na cela ao lado, porém separado por uma parede que é impossível manter contato. Claro que nas primeiras horas, dormir parece ser a melhor coisa, mas como você pode dormir por um período extremamente longo, com a finalidade de se manter encontrar uma válvula de escape e afastar seus demônios pessoais? Quando digo dormir, falo nesse aspecto, por que seria o que eu tentaria fazer. No caso de Zê e Alex, eles inventam estratégias de comunicação, a qual é muito eficiente, e ao mesmo tempo, salva a ambos da insanidade.
As partes em que ocorrem os momentos de ação, é tudo muito louco, pois vivenciamos esse momento juntamente com os rapazes, os sentimentos de medo, de expectativa. Nesse livro, muita coisa é revelada, por exemplo, sabemos que o diretor não é tão assustador quanto Alfred Furnace, não foi explicado nada sobre ele, mas a pequena ponta que releva, demonstra ser ele, o tremendo iceberg que administra e governa esse confinamento. É revelado também que nem tudo que é realizado nesse local assustador, eles conseguem manter controle total, tendo como resultado, revelações que nos deixam pensando, até que ponto as pessoas são capazes de chegar para alcançar seus objetivos pessoais.
Bem, o próximo livro, parece que será lançado aqui no Brasil em Janeiro de 2013, vamos torcer que Alex e Zê não se esqueçam de seus nomes e consigam de alguma forma burlar esse sistema e ajudar os outros confinados.
“Não se esqueça de seu nome, Monty disse uma vez. Eu não esquecerei”.
Ler Encarcerados me fez refletir muito sobre o sistema prisional, assim como meditar sobre o que pode levar um adolescente a se tornar um jovem infrator. Já nesta obra, nos remete a pensar sobre como é bom ter um objetivo e se agarrar a ele, mesmo quando achamos que estamos sozinhos.