Karinefl 20/07/2015
Cadê meu ar?
Queria ler esse livro desde que li o seu anterior ano passado, nessa mesma época, aquele final não foi fácil para mim, e me deixou com expectativas altíssimas para a sua continuação. Se o primeiro já dava sensação de angustia, Solitária causa claustrofobia.
No final de Encarcerados, Alex e mais três amigos conseguiram escapar da Furnace com a ajuda de Donovan, recém saído do laboratório que o transformou em um terno-preto, e foram parar no rio que corre nas profundezas da penitenciaria, porém se eles achavam que o pior tinha ficado para trás, descobriram que Furnace é o paraíso perto do que tem fora dela.
"Não sabíamos aonde ele daria. Tampouco nos importava. Qualquer lugar que não fosse Furnace estaria ótimo para nós.
Pelo menos, pensávamos assim. "
Encarcerados foi uma dessas raras leituras que te sufocam, angustiam, aterrorizam, prendem, porém são rápidas. Solitária continuou nessa linha, porém o sufoco transformou-se em claustrofobia, o sentimento mais presente no inicio do livro é a falta de ar, apesar de você estar em um lugar cheio de oxigênio em volta, parece que você não o está inalando, parece que está no lugar do Alex, a realidade das emoções do protagonista continua forte.
"Quando vocês está apavorado - e com isso quero dizer realmente apavorado, não apenas com medo por ter escutado um ruído à noite ou de encarar alguém com o dobro do seu tamanho que quer joga-lo no chão -, parece que a própria escuridão corre em suas veias. É como se uma água escura tão fria quanto o gelo se infiltrasse em seu corpo. Onde antes costumavam estar seu sangue e sua essência, extraindo todos os outros sentimentos de você, enquanto o consome dos pés à cabeça. Você fica oco por dentro."
Infelizmente, parece que o segundo livro perdeu a mão no quesito "aterrorizar", Enquanto no primeiro eu fechava os olhos, parava a leitura, olhava em volta, ficava com medo da visão da linha seguinte, do que viria, nesse aconteceu pouquíssimas vezes, não sei se o escritor ficou mais bonzinho, ou se por já se ter visto tanto em Encarcerados que me deixou vacinada - bem possível ser a segunda opção, já que surgiram novos elementos na trama. Aliás, sempre tem algo surgindo, o livro nunca para, a todo momento há algo acontecendo, não deixe-se enganar pelas 264 páginas, elas são muito bem aproveitadas.
"Assim como o tempo perdera o significado, a realidade e a sanidade também. E, quando tudo o mais é arrancado de você, é você que passa a não ter mais significado. Você simplesmente deixa de existir."
Solitária segue a mesma linha do seu ótimo antecessor, mesmo com menos doses de mistério consegue cativar e prender o leitor em uma leitura rápida e densa, com um final impactante que lhe faz correr para o próximo, mesmo sem ainda ter recuperado o fôlego.