Mirelle 13/12/2020
Está no pódio das melhores leituras do ano
O Doador de Memórias
Vou começar dizendo que esse livro é I N C R Í V E L. Sempre que termino uma leitura gosto de escrever a respeito assim que termino de ler, mas esse livro em especial me deixou pensativa, e resolvi me dar um tempo para refletir sobre o tanto que eu fiquei extasiada.
Em segundo lugar, vi alguns comentários a respeito desse livro antes de ler. Descobri que ele é basicamente um livro obrigatório para os jovens norte-americanos em idade escolar. E isso me fez perceber a importância que foi essa leitura.
Inicialmente, a autora descreve de forma detalhada como funciona toda a estrutura da sociedade que é altamente organizada e baseada na "Mesmice", isso mesmo, este livro é uma distopia e mostra que depois de anos de autodestruição a saída da humanidade foi se tornar padronizada, eliminando elementos importantes inerentes à condição humana: emoções, afeto, escolhas, individualidade, cores e qualquer outra coisa que ponha em risco a harmonia, o senso coletivo e o bem estar da comunidade. Para isso, são impostas regras tão absurdas que o amor se torna obsoleto e os
conceitos de família, vida e morte são distorcidos.
Jonas é o protagonista, e a autora desenvolveu ele perfeitamente. Sua evolução dentro da narrativa é impecável. Ele é o escolhido para ser o próximo recebedor, o que significa que será incumbido de receber e guardar as memórias do passado, dessa forma, a comunidade pode consulta-lo quando surgir dilemas que desconhecem. O Doador transfere suas memórias para Jonas e assim, ele conhece o mundo como um dia ele foi (essa parte é muito interessante).
Então a comunidade é alheia à realidade do mundo e eles vivem na mesmice. Eu sinceramente, vejo a ignorância deles como ela é: uma arma de opressão silenciosa e indolor.
Uma das grandes diferenças dessa distopia é que não há "tiro, porrada e bomba", mas sim reflexões sobre o modelo de sociedade almejado por muitos e o preço que ela pode custar.
Mesmo sendo um livro do começo da década de 90, não posso deixar de falar o quanto ele é atemporal. Vale super a pena ler.
A única observação negativa é que ele deixa de responder alguns pontos, no entanto, penso que esse "silêncio",a respeito dessas questões, foi proposital e nos induz à outros questionamentos.
Por fim, eu gostaria muito de uma continuação, infelizmente ouvi dizer que não existe.
Boa leitura !!!!