spoiler visualizarJão 17/07/2013
Muito mais do que um simples Background
Uma das melhores qualidades do Eduardo como escritor é sem dúvida, sua capacidade de forjar um bom final para seus livros. Quando terminei de ler Filhos do Éden - Herdeiros de Atlântida, fiquei fascinado, pois seu epílogo seguido do prólogo de Anjos da Morte nos faz olhar para o futuro, imaginando o que há por vir, e ao mesmo tempo, nos faz olhar para trás e perceber que a história do livro, que parecia simples e cuta, na verdade era um começo de uma história muito mais complexa do que eu, e também muitos leitores acreditavam. Só percebi o quanto estava envolvido pela história quando cheguei ao final e olhei para trás, e foi aí que eu percebi o quanto essa historia simples me cativou, o quanto esses personagens como Levih, Denyel, ou mesmo a Kaira, não eram de maneira nenhuma inferiores aos grandes generais de A Batalha do Apocalipse. O final de Herdeiros de Atlântida , além de tudo, mostrou que dali para frente, nada seria mais como antes.
Esperei por meses por uma continuação. Entrava no blog do Eduardo todos os dias atrás de uma informação, mesmo que vaga, sobre o livro, na tentativa de saciar minha sede por mais Filhos do Éden. Quando o livro saiu na pré-venda, não pensei duas vezes e encomendei o livro, com direito à camisa e tudo! Dois dias depois quebrei a cara, pois o Site JovemNerd acabava de lançar uma promoção que cortou o preço do livro pela metade, enquanto eu acabei pagando mais caro. Mas eu consegui superar esse trauma.
Quando o livro chegou, não demorei a começá-lo. Minhas primeiras impressões sobre o livro foram positivas, mais pelo entusiasmo, eu acho. Conforme eu lia a primeira parte do livro (que conta a história de Denyel na Segunda Guerra Mundial) mais e mais eu me apegava ao personagem que desde Herdeiros de Atlântida já era um dos meus favoritos. Além disso, o Eduardo faz o leitor se apegar a personagens banais, mundanos, se comparados com Ablon, Gabriel ou Orion, personagens como Albert Bruno, Tony Akee e principalmente Tom Craig, arrogante no começo, mas que se tornou o meu personagem favorito (depois do Denyel, logicamente) mesmo sendo um humano. Isso já havia acontecido com a Shamira, em A Batalha do Apocalipse, que mesmo sendo humana era um personagem tão bom quanto Ablon. Porém, o que diferencia Craig de Shamira é que Craig não era imortal como a feiticeira, portanto viveu muito pouco se comparado com os outros personagens, mesmo vivendo pouco, conseguiu deixar sua marca na história tanto quanto os outros anjos.
O que ficou evidente na primeira parte do livro, foi a influencia de Stephen King durante as passagens em Marie et Louise, onde o autor usou de artifícios novos em Filhos do Éden, como o suspense e o medo, que contribuíram para que a historia ficasse mais sombria. Esse foi o ápice do livro no quesito ação, o que acabou desagradando muitos, pois quase toda a ação está concentrada no início do livro, deixando o fim com um foco diferente, priorisando mais o drama e o suspense do que a ação. E isso talvez tenha sido um ponto negativo do livro, mas eu sei que tudo foi planejado com muito cuidado pelo autor, e talvez a história tenha ficado melhor assim.
Depois da Segunda Guerra mundial, veio a Guerra do Vietnã, que consolidou de vez Tom Craig como grande soldado, e trouxe mais ação à história. Depois do Vietnã, a história muda drasticamente, pois a partir dali, Denyel deixa de ser um soldado e se torna um assassino.
Se voltarmos para o primeiro livro, no fim do século XIX, vemos um Denyel completamente diferente, um Denyel de barba aparada, bons modos e que não bebia. É covardia compará-lo ao Denyel dos anos 70. A decadência do personagem torna-se evidente ao longo do livro. De querubim, passou para soldado, de soldado passou para mendigo.
Denyel não conseguia viver em paz, era fissurado por seu "trabalho", e esse vicio o fez com que ele aceitasse a função de assassino, e assim passou a perseguir vários Elohins ligados a uma suposta organização conhecida como "teia".
O capítulo que mais me marcou foi o capítulo 31 - Gregorion, que mostra o primeiro assassinato de Denyel, sob uma trilha sonora sensacional: A música Only You, que deixou o capítulo ainda mais emocionante e dramático.
E os assassinatos seguem, um mais dramatico que o outro, até que Denyel se vê obrigado a matar Zac, ofanim que havia salvado a sua vida anos antes. Esse foi o momento que mais me chocou durante a leitura, pois o querubim se recusava a matar Zac, mas o ofanim, assim como Levih, aceitou seu destino e escolheu morrer, o que levou Denyel para o fundo do poço, onde nem mesmo ele podia se perdoar pelos crimes que havia cometido.
Paralelo a tudo isso, a jornada de Kaira e Urakin em busca de Denyel continua, agora com um novo integrante no grupo: Ismael, um hashmalim que chegou para trazer um pouco de conflito ao grupo. Apesar dos capítulos que contam a jornada de Kaira não sejam tão bons quanto os flashbacks, eles nos trazem de volta a hitória do primeiro livro e apresentam novas pistas e mistérios que serão revelados apenas no ultimo livro, portanto, esses capítulos que parecem ser chatos, serão cruciais mais para frente.
Como eu já havia dito, Eduardo tem o talento de tecer grandes finais para seus livros. Com Anjos da Morte, não foi diferente. Quando terminei de ler, percebi que tudo o que havia acontecido até ali, nada mais era, do que um ensaio para o que viria acontecer no terceiro livro, que promete revelar todos os segredos, redimir todos os personagens, e convergir a história de Filhos do Éden com a de A Batalha do Apocalipse através de Ablon e Metatron, que fazem uma ponte entre os livros e devem marcar um encontro de tirar o fôlego em "Paraíso Perdido". Vejo agora que tudo o que aconteceu em A Batalha do Apocalipse, se originou desse encontro entre os dois.
Assim que terminei de ler, fiquei louco para conversar com alguém sobre o livro, mas nenhm dos meus amigos havia terminado de ler, então desabafei num extenso E-mail que mandei para o Eduardo. Hoje, escrevo essa resenha sem poder consultar o livro, porque já o emprestei para a minha professora de história, que adorou o primeiro livro e me apressou para que eu terminasse e segundo para emprestar para ela.
Filhos do Éden - Anjos da Morte é muito mais do que um simples Background de Denyel, a pricípio, parece ser apenas uma história paralela, uma simples desculpa para o autor abordar o seculo XX como tema principal, mas é necessário lembrar de que estamos falando de Eduardo Spohr, um cara especialista em tecer finais Épicos. Confio no trabalho dele, e sei que tudo está sendo minuciosamente planejado e que nada foi escrito em vão, pois no fim, tudo se convergirá num final Épico e a história tomará proporções muito maiores do que qualquer um imaginava.