Apologia da História

Apologia da História Marc Bloch




Resenhas - Apologia da História


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Hugo.Lousada 20/08/2021

Grandioso.
Não tenho grandes críticas negativas ou dúvidas a tecer sobre esse livro.

É muito bom. À primeira vista pode parecer de escrita esquisita, mas se analisarmos o contexto em que o livro foi escrito, isso pode ser facilmente relevado.

Algumas partes são um pouco confusas, mas isso não diminui a importância do livro pra quem almeja se tornar Historiador ou Professor na área de Humanidades.

A metade final do livro, principalmente, é imprescindível para o intuito da obra, que é quase como um manual. Se "O Príncipe" de Maquiavel é o manual dos estadistas, esse livro é o manual dos historiadores, simplesmente.

É incrível.
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Bia 17/08/2017

Texto Crítico

A obra Apologia da História, ou oficio do Historiador, é um livro escrito pelo historiador March Bloch, que foi criador da revista das Annales, junto com Lucien Febvre, que viria a ser tornar a escola das “Anneles” , nesse livro não concluído, devido a morte do autor na segunda guerra mundial, se tornou a bíblia de todo pesquisador da história, devido ao fato que revolucionou a histografia da época, a obra está distribuída em quatro capítulos e o ultimo está inacabado.
Ele inicia com uma pergunta que seu filho fez pra ele “papai então me explica pra que serve a história” (p.41) . A história serve para
“guardar nossa cultura, o ocidente sempre foi histórico destas suas raízes, quanto cristãs, quanto antiga , nossa arte, nossos monumentos literários estão carregados dos ecos do passado, nossos homens de ação trazem incessantemente na boca suas lições reais ou supostas” ( p.43)
Critica a definição de “história é a ciência do passado” porque, não faria sentido, é absurda, entretanto para se estudar e compreender os fatos contemporâneos é necessário que se estude os vestígios do passado, pois os eventos presentes, são influenciados por este , é verdade que os primeiros historiadores “narravam , desordenadamente , acontecimentos cujo único elo era terem se produzido mais ou menos no mesmo momento : os eclipses, as chuvas de granizo , a aparição de espantosos meteoros junto com batalhas , tratados, mortes dos heróis e dos reis” (p.52) .
Segundo March, a história que os historiadores investigam é a que tem haver com a que o ser humano transforma, modifica, não cabe ao historiador estudar a história do sistema solar por exemplo, para ele a história é a ciência que estuda os homens do seu tempo, traz á balia aquele velho questionamento que já gerou muita discursão e polêmica entre os profissionais da área , a história é ciência ou arte e salienta que é ciência, entretanto como analisa fenômenos muito delicados e relativos, cabe ao profissional o poder de problematizar, questionar, discutir, para se chegar a uma “verdade” aceitável.
Salienta que um grande problema para o historiador é que ele obcecado em saber a origem dos eventos, e não só no sentido de inicio dos fatos , mas nas causas que levaram ao fato a ocorrer, por exemplo a origem do sistema feudal, que alguns argumentam ser em Roma e outros ser na Germânia ou explicar qual a origem do cristianismo e tentar esclarecer de como essa religião chegou até os dias atuais.
Bloch enfatiza que outro mal do historiador é julgar os fatos “de modo que em muitos casos o demônio das origens foi talvez uma avatar desse outro satânico inimigo da verdadeira história: a mania do julgamento” (p.58) . Não devemos julgar a opinião ou atitude do outro mesmo que não concordamos como ela, principalmente quando os indivíduos analisados são pessoas do passado, que viviam em uma sociedade diferente da nossa, com hábitos e maneiras de pensar e viver completamente distintas se fizemos isso estamos cometendo o anacronismo, que é o pior pecado do historiador.
Ele faz uma critica assídua a escola positivista, que argumenta que os fatos históricos devem ser precisos, exatos, não podem existir muitas teorias, ou seja, modos de ver, interpretar, o mesmo acontecimento, para os historiares que seguiam a linha de raciocino positivista, existia apenas uma verdade, que deveria ser buscada através das fontes históricas, para os positivistas, só era considerado ciência, aquilo que conseguisse estabelecer “ligações explicativas entre os fenômenos” (p.45) , alguns argumentam que a história não é objetiva , nem tem utilidade, pois aborda o passado, e o passado já passou, outros defendem que é “(...) o produto mais perigoso que a química do celebro já elaborou” (p.45) devido ao fato que o individuo que tem a compreensão dos saberes históricos, vai saber os motivos que levaram a uma sociedade desigual, porque o capitalismo é o sistema dominante em nossa sociedade, vai saber compreender porque a sociedade é preconceituosa com negros, mulheres, e outras minorias sociais , porque ocorreu determinada revolução como a francesa, que influenciou o mundo, com o lema de igualdade, liberdade e fraternidade, entre outros fatores . Ele vai explicando aos poucos ao leitor, que a história é uma ciência em constante movimento , já que vai sempre sendo modificada, que é sim frágil epistemologicamente em alguns aspectos, como o fato de o passado ser amplo e o historiador tem que fragmenta-lo cronologicamente pra estuda-lo, não poder fazer o confronto do relato com o passado, mas pode conforta-lo com outros relatos , entretanto os historiadores estão tentando melhora-la através dos métodos e técnicas, discute também que a História é uma ciência que está na fase da infância, ou seja, que ela ainda vai evoluir muito, através do trabalho árduo dos historiadores.
No segundo capitulo intitulado “Observação histórica” ele salienta, que não se pode buscar a verdade absoluta sobre o passado, pois ele já passou, não podemos estar lá , e sim tentar chegar a algo próximo da “verdade”, através do vestígios históricos que são fragmentos do que restou do passado. Trata da questão que deve-se usar fontes não escritas como a oralidade e adotar alguns métodos da arqueologia para se fazer a histografia, ele “diz” que o trabalho do historiador se assemelha a de um investigador criminal, que não presenciou o crime, mas deve reconstitua-lo através dos vestígios e é preciso entender que o historiador é parcial diante das fontes, por isso vão surgir muitas teorias acerca do mesmo fato.
No terceiro capitulo nomeado “ A critica” , enfatiza que o historiador deve usar de métodos para analisar aos fontes, que não devem confiar completamente nelas, pois podem ser falsificadas, e por isso temos a obrigação de fazer o confronto com os outras fontes, pra averiguar se elas dizem a verdade, deve existir um “conflito” entre fonte e historiador. Enfatiza, que as fontes, podem ser escritas em outros períodos, que não condizem com o momento que está sendo estudando pelo historiador.
“ Um documento , que se diz do século XII, está escrito sobre o papel , ao passo, que todos os que todos os originas desta época até agora encontrados o são pergaminhos ; a forma das letras aparece ai bem diferente do desenho observado em outros documentos da mesma data; a língua abunda em palavras e figuras de estilo estranhas ao uso unânime” . (p.111)

Bloch salienta que a ideia do historiador de trabalhar com probabilidades de um fato ocorrer é algo que pertence ao futuro , e se fizermos isso com o passado, vai se tornar um jogo metafisico . “Qual a probabilidade de Napoleão nascer? De Adolf Hitler, soldado de 1914, escapar as balas francesas. Não é proibido diverte-se com tais perguntas (p.117) , se Hitler tivesse sido morto pelos franceses , existiria o nazismo, se Napoleão tivesse invadido á Rússia no verão a teria destruído, bem essas perguntas não saberemos responder.
Enfatiza que na História, uma mesma palavra, pode ter mais de um significado como o termo “feudalismo” , que pode ser tratar de um sistema econômico e social como um período histórico, critica a questão da preocupação excessiva em datações, devemos sim se preocupar sim com datas, entretanto devemos se preocupar mais com questões culturais, como as pessoas viviam, pensam e se relacionavam. Enfatiza que uma civilização sempre vai herdar traços culturais e econômicos de outras, como ocorreu, com a civilização romana que herdou da grega. No quarto e último capitulo, sem titulo ele vai criticar o positivo, que tinha o intuito de eliminar a ideia da causa, da ciência histórica, sendo que todas as ciências tem esse aspecto . “Querendo ou não, todo físico , todo biólogo pensa através de “por que” e “porque”. Os historiadores não podem escapar a essa lei comum do espirito” (p.156) Ele explica que toda ciência, tem que analisar as causas que o deram origem ao evento, um médico por exemplo tem que analisar, as causas que deram origem a terminada doença, o mesmo tem que fazer o historiador, ele tem que buscar as causas de por que os eventos históricos ocorreram, por exemplo os motivos que deram origem a segunda guerra mundial, ele também traz a tona a questão que deve existir a interdisciplinaridade entre outras disciplinas, como a psicologia, a filosofia, a sociologia, a economia, entre outras áreas para se ter um melhor entendimento dos fatos históricos .


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Iris130 20/03/2021

Queria me sentar aqui e dizer que entendi tudo sobre oq li aqui mas não foi isso que aconteceu e ta tudo bem. Meu objetivo é daqui a uns anos quando terminar a faculdade ler ele novamente e rir alto dessa resenha pq vou ter entendido tudo q li
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Rocier 17/01/2023

História: ciência dos homens no tempo
Autor e obras indicados por um professor na faculdade. Livro curto, mas demorei um pouco devido a outros motivo. Leitura fluída, é bem explicativo quanto ao que propõe. As notas de rodapé auxiliam muito na leitura, principalmente por pelo contexto que foi escrito e a história de sua publicação.
Expõe pontos interessantes sobre qual deve ser e qual é o papel do homem na história, e qual o papel da história na sociedade. A filosofia que pode ser entendida quando ele fala sobre unir o mundo dos mortos com o dos vivos, visto que a história é a ciência dos homens no tempo, levantando a questão do tempo como destaque para a compreensão da história, esta, que por sua vez, por estar no tempo, nunca é completa, estando como ele explica “em obras”.
Gostei muito do livro, vale a pena a leitura.
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thexanny 18/09/2022

Ler esse livro agora, não foi uma boa ideia...
Esse livro desafiou meu entendimento sobre a história. Por ser um livro relativamente curto, achei que a leitura seria fluida, eu estava enganada. Eu procurava um livro que me apresentasse os pontos básicos da história sem se aprofundar muito. Eu não queria me aprofundar nos estudos de história e nessas partes técnicas, eu apenas queria um pequeno vislumbre do que era história e sua importância. Não acho que a leitura desse livro foi perdida para mim, mas sei que ela poderia ter sido muito mais aproveitada se eu tivesse uma base ou um grande interesse por historiografia. Aprofundei-me em aspectos da historia que eu nem sabia que existiam.

Não acho que esse é um livro recomendado para leigos, eu tive dificuldade em entender os exemplos que o autor dava e o que ele queria dizer. Acredito que um dos motivos que levou a isso, é por eu não estar acostumado com livros técnicos e nem a fazer leituras analíticas, pelo menos não com as técnicas e dicas do Mortimer Adler.

O livro é ótimo para quem quer ser historiador ou se interessa por esse oficio, é um livro que com certeza irei reler. Mas não era o livro com o conteúdo que eu procurava neste momento, obviamente isso é culpa minha. Não pesquisei o suficiente e acabei escolhendo um livro que não atendia minhas necessidades.
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Bruno Araújo 28/09/2020

Faz juz ao titulo de Revolução Francesa da Historiografia
Livro primordial, tanto pelo conteúdo como pelo contexto no qual foi escrito, Marc Bloch foi um homem ímpar. A contribuição dessa obra parq compreender a importância do estudo da história é única. Leitura obrigatória para graduandos.
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Vanessa.Coimbra 31/05/2020

Um bom início
Muito bom os pontos apresentados aqui é uma lástima que o autor não pode termina-lo, é livro que seguramente vou ter que reler futuramente, quando minha bagagem teórica for mas ampla.
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Jonathan Reis 27/04/2021

Marc Bloch foi um grande historiador. Em alguns momentos senti que me faltou repertório, entretanto, voltarei a lê-lo, um dia, mas como historiador.
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Luís Gustavo 10/05/2021

Vou reler ao longo dos anos
É um livro bastante denso de conteúdo (e sucinto). Traz diversas discussões que imagino que sejam constantes na graduação em História, como questões metodológicas e de onde ela se situa no meio das ciências. Vou precisar ler várias vezes ao longo dos anos para conseguir absorver melhor tudo.
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Yasmim 01/02/2020

(essa nota reflete a minha experiência pessoal com o livro e não o livro em si ok guarda as pedras)
Minha expectativa pra esse livro era gigantesca porque, enquanto estudante quase-formada em História, esse é um dos livros que os professores mais recomendam - se não me engano um deles até classificou como um dos que "vocês TEM QUE ler antes de se formar". Mas o que aconteceu foi que eu não entendi grande parte do livro, achei extremamente denso, com um trilhão de referências e nomes e datas e citações que nem em 3 reencarnações eu conseguiria entender todas. Além disso a linguagem do Bloch (aí já não sei qual a interferência da tradução nisso) é muito complexa e nada fluida, uma linha de pensamento muito intricada, além de às vezes ser abstrata demais. Enfim, fiquei bolada porque achei que encontraria um norte pro *ofício do historiador* mas encontrei frustração e um sentimento de exclusão por não ter entendido um livro que todo mundo fala tão bem. Mas vida que segue num é, quem sabe daqui 50 anos eu não releio com mais bagagem e aí consigo entender mais 10%

PS: obviamente eu não desconsidero as circunstâncias em que o livro foi escrito (algo que aliás é MUITO surpreendente) e nem ouso peitar o Bloch de nenhuma forma, se isso já não tava claro né mas vai que
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lariessa 09/06/2021

Mesmo achando ele bem repetitivo, considero ele um livro bem interessante, pois apresenta os fatos históricos e como um historiador encontra-os e analisa suas fontes.
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Liv 31/10/2021

O manual dos historiadores
Apologia da história não é um livro que eu indicaria para todos. Indico para todos os historiadores e aqueles minimamente interessados nesse ofício tão bonito. É um livro denso, rico em conteúdo e cansativo em algumas partes. É o tipo de livro que necessita de releituras de tempos em tempos!
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BeatrizFonseca1 09/04/2023

“Citações Representativas”

“(...) encorajar historiadores a colaborar com outras disciplinas como a psicologia e a sociologia na esperança de produzir o que chamava de “psicologia histórica ou produtiva” (p.14/SIEGEL/APOUND BURKER)
“ para citar um dos exemplos favoritos de Febvre um rio pode ser tratado por uma sociedade como uma barreira , mas por outra como um meio de transporte” (p.18)
suas salas de trabalho eram contiguas e as portas permaneciam abertas” ( FEVRE/APOUND PETER, 2013, p. 19)
Pretendia exercer uma liderança intectual nos campos da história social e econômica” (BURKER, p. 23)
“O primeiro número surgiu em 15 de Janeiro de 1929”(p.23)
“O mais admirável , talvez foi a capacidade de Bloch colocar no papel suas ponderadas reflexões sobre o objeto e o método , num momento de crescente isolamento e no qual suas preocupações com seus familiares , amigos e com o país atingissem uma intensidade dolorosa e trágica. (p.27)
. “O debate que existe sobre os limites da liberdade e do determinismo é um daqueles que deveram permanecer até quando a historiografia existir” (p.37)
“Após os primeiros dez minutos, eu estava conquistado, subjugado” (CHAHAUNU, 1987, p. 71/APOUND PETER, p.39).
o inicio dos anos 30 assistiu a uma explosão de interesses pelo tema veiculada sem duvida a hiperflação alemã e ao estouro das bolsas em 1929” (p.46)
“O Surgimento de uma terceira geração tornou-se cada vez mais obvio nos anos que se seguiam a 1968” (p.56)
“Dois dos mais destacados historiadores recrutados para a história das
mentalidades, no início dos anos 60, foram os medievalistas Jacques Le Goff e Georges
Duby. Le Goff, por exemplo, publicou um famoso artigo em 1960 sobre “O tempo dos
mercadores e o tempo da Igreja na Idade Média” (p.60)
“Da minha perspectiva, a mais importante contribuição dos Annales, incluindo-se as três gerações foi expandir o campo da história dos diversas áreas”(p.89)
“A historiografia jamais será a mesma” (p.89)

Texto Crítico
A Obra “A Escola dos Annales” (1929-1989) foi escrita pelo historiador inglês Peter Burker, ele nasceu em 1937 em Stanmore, suas principais obras são A Escrita da História, A Revolução Historiográfica Francesa, O que é História Cultural? e História de Teoria Social, é casado com a historiadora brasileira Maria Lucia Garcia, estudou Doutorado na universidade de Oxford.
Ele inicia o livro criticando os historiadores, sobre o fato que eles gostavam de pesquisar e escrever apenas sobre os grandes homens e acontecimentos, como guerras , enfatiza que eles são obcecados em escrever sobre a origem dos eventos, ou o “ídolo cronológico”. Os Historiadores da escola das Annales queriam quebrar paradigmas e inovar a História, Simiand por exemplo tinha a intenção de “(...) encorajar historiadores a colaborar com outras disciplinas como a psicologia e a sociologia na esperança de produzir o que chamava de “psicologia histórica ou produtiva” (p.14/SIEGEL/APOUND BURKER) Esses historiadores queriam que a História fosse mais interdisplinar .
Em 1929 na França Lucien Frebvre e o medievalista March Bloch, embora possuíssem personalidades distintas, foram muito amigos e criaram juntos a revista dos Anneles, Febvre via o conflito de classes, de forma diferenciada da de Marx, que analisava apenas a questão econômica e a estruturação de classes e ele via o aspecto econômico, os sentimentos e ideologias dos indivíduos , ele era um apaixonado por geografia e por esse motivo, publicou um estudo intitulado “La terre etI Evolution humanie” e queria que a História se comunicasse mais com essa área. Discordou de Ratazel, ao afirmar que o determinismo geográfico, não influencia completamente nas atitudes e personalidade dos seres humanos, “ para citar um dos exemplos favoritos de Febvre um rio pode ser tratado por uma sociedade como uma barreira , mas por outra como um meio de transporte” (p.18) ou seja que os elementos da natureza, podem atrapalhar ou auxiliar o ser humano depende de onde ele mora e como ele analisa o elemento. Já Bloch sofreu influencia do sociólogo Emily Durkhein, ele se especializou em História medieval, analisava a História como problema, ou seja uma ciência que deve ser discutida, questionada e problematizada. Bloch frisava que o Historiador deve entender de leis, de paleografia, e que a disciplina deveria dialogar mais com outras ciências, ele e Febvre se conheceram na universidade de Estrasburgo, começaram a conviver diariamente e foi assim que surgiu a escola dos Annales, eles eram tão amigos, que “ suas salas de trabalho eram contiguas e as portas permaneciam abertas” ( FEBVRE/APOUND PETER, 2013, p. 19) Bloch publicou o ensaio “ Les Rois Thausmaturgs” que frisava que os camponês do século XVIII possuíam a crença de que se beijasse as mãos dos rei, seriam curados de suas enfermidades, e isso de certa forma já era uma história voltada para as minorias sociais, foi um livro que teve extrema importância porque ele escolheu uma grande linha cronológica para escrever, o que foi chamado depois de “História de longa duração” e usou da psicologia para tentar explicar porque as pessoas acreditavam que as mãos do rei tinha um poder de cura, mesmo depois de ter beijado e não ter sido curado, esse livro foi um pioneiro no que viria a ser no futuro chamada de “Escola das Mentalidades”
Eles criaram A Revista das “Annales” pois “pretendia exercer uma liderança intectual nos campos da história social e econômica” (BURKER, p. 23) “O primeiro número surgiu em 15 de Janeiro de 1929”(p.23) na França. Bloch publicou a obra “La Societe Feodalé” sobre o sistema medieval, na qual se preocupou em analisar o sistema como um todo, analisou os aspectos sociais, culturais e econômicos , salientou que o Japão no Oriente , teve um sistema feudal semelhante ao europeu em alguns elementos e distintos em outros , como o fato que no europeu o camponês poderia desafiar o seu senhor.
Entre 1930 e 1940 Febrve redigiu uma série de textos, apoiando uma nova história, e criticando historiadores conservadores e neopositivistas, entretanto em 1937, uma série de historiadores jovens começaram a adotar seus ideias e defender o que ficou conhecido como “espirito dos Annales” , salientando que a História proposta por Bloch e Febvre era a melhor alternativa de modo de se fazer historiográfica no momento, a História estava se desenvolvendo muito bem, enquanto ciência, seus métodos estavam reformados , suas teorias sendo mais discutidas e ampliando os temas analisados pela historiografia, entretanto a segunda guerra mundial, veio para enfraquecer esse movimento intelectual. March Bloch, embora já estivesse com 53 anos, resolveu se alistar para defender seu país na guerra e foi fuzilado em 1944, pelos nazistas sem ter concluído seu livro mais importante “ Apologia da História ou oficio do Historiador” , o “ admirável , talvez foi a capacidade de Bloch colocar no papel suas ponderadas reflexões sobre o objeto e o método , num momento de crescente isolamento e no qual suas preocupações com seus familiares , amigos e com o país atingissem uma intensidade dolorosa e trágica. (p.27)
Enquanto Febvre não foi para o conflito armado, porque já estava muito velho para isso, ficou editando e escrevendo a Revista, primeiramente com o nome de ambos, depois apenas com seu e escrevendo livros e artigos.
Em 1947, ele criou e se tornou diretor da Seção da Ecole Pratique das Haustes Etudes , no mesmo ano , cuidou de Braudel com se fosse seu filho e os dois começaram a desenvolver o que viria a ser no futuro a escola das mentalidades, Braudel tinha apenas 27 anos quando a escola dos Annales foi fundada, por isso recebeu muito da sua influência, ele escreveu um artigo importante sobre a presença dos espanhóis no norte da África no século XVI. Pesquisou os documentos em cidades como Florença, Veneza e Genova, entretanto parou de pesquisar porque foi contratado para lecionar na Universidade de São Paulo, no Brasil, de 1935 a 1937, período que considerou como mais feliz da sua vida.
Quando retornou conheceu Febrve, começou a escrever o livro “O Mediterrâneo”, que é dividido em três partes, a primeira onde explica a relação do homem com o ambiente, a segunda as questões econômicas, e sociais e politicas e como isso interfere nas relações humanas. Braudel foi muito criticado por ser muito determinista e analisar que o ser humano está “preso” por seu ambiente físico e suas estruturas mentais. “O debate que existe sobre os limites da liberdade e do determinismo é um daqueles que deveram permanecer até quando a historiografia existir” (p.37) entretanto ele foi eficaz a escrever uma historiografia de um período cronológico de longa duração , com uma relação forte entre economia, sociedade, politica e cultura. Braudel exerceu uma forte influencia no meio acadêmico e foi um dos mais importantes historiadores franceses, que influenciou outros jovens profissionais da área, Chaunuru por exemplo ao assistir uma palestra dele sobre a América Latina salientou que “Após os primeiros dez minutos, eu estava conquistado, subjugado” (CHAHAUNU, 1987, p. 71/APOUND PETER).
Negava que apenas o sistema capitalista influencia nas origens dos fatos, como o marxismo de Marx analisa, e que outros fatores influenciam como o cultural e o social, foi ele um dos primeiros a usar gráficos e tabelas para realizar seus estudos, dando inicio a uma História quantitativa. Os pesquisadores começaram cada vez mais a usar tabelas e gráficos, para analisar questões populacionais ou econômicas, “ o inicio dos anos 30 assistiu a uma explosão de interesses pelo tema veiculada sem duvida a hiperflação alemã e ao estouro das bolsas em 1929” (p.46) esses fatores fizeram com que a história quantitativa fosse usada com mais frequência e tivesse maior importância no meio historiográfico. .
Foi nesse período que se começou a dar maior importância a Historia Regional e serial, Georges Dubby foi um dos primeiros que escreveu uma monografia, voltada para esse assunto, “O Surgimento de uma terceira geração tornou-se cada vez mais obvio nos anos que se seguiam a 1968” (p.56) deste a primeira geração até a terceira ocorreram mudanças significativas na forma de se escrever a historiografia , porque os tempos mudaram, as pessoas mudaram , as mulheres começaram a escrever história nesse período e Michèle Perrot, que pesquisou e ortografou sobre a história do trabalho , em uma perspectiva feminina , foi uma das que mais se destacou nesse período. Philippe Ariès foi um historiador que rejeitou a história quantitativa, escreveu muito a respeito da infância e da morte, o seu livro “A História da Morte no Ocidente” foi um dos mais importantes na história das mentalidades, que analisa o comportamento humano diante do momento mais triste e complexo da vida humana.
“Dois dos mais destacados historiadores recrutados para a história das mentalidades, no início dos anos 60, foram os medievalistas Jacques Le Goff e Georges Duby. Le Goff, por exemplo, publicou um famoso artigo em 1960 sobre “O tempo dos mercadores e o tempo da Igreja na Idade Média” (p.60)
A história politica, que era negligenciada e pouco usada pela dos Annales voltou a ser escrita. Le Golf observou que a história politica, é mais uma espia dorsal que sustenta a História, por isso deve ser estudada. “Da minha perspectiva, a mais importante contribuição dos Annales, incluindo-se as três gerações foi expandir o campo da história dos diversas áreas”(p.89) “ a historiografia jamais será mesma”(p.89) porque antes desse movimento a História era fechada em si mesma, não permitia ou não conseguia ter um dialogo com outras áreas, por essas e outras mudanças já salientadas ao decorrer do texto .
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Camila1856 31/07/2018

Indispensável
Indispensável para o historiador, em qualquer tempo. É impressionante a capacidade de Bloch de escrever um livro tão rico nas condições em que escreveu, não deixando nada a desejar. Eu já tinha lido no início da graduação e agora, alguns anos depois, reli, e minha admiração por ele só cresceu. Recomendo a todos aqueles que amam a história e seu ofício e prezam pela sua importância nesses tempos tão difíceis. Que Marc Bloch seja um exemplo de força e de profissional para todos nós.
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