spoiler visualizarMaicon.Belusso 02/03/2019
Apologia da História
Apologia da História
Marc Bloch
Maicon Belusso
Em Apologia da História, ou O Ofício do Historiador, Marc Bloch coloca a “história com problema”. Ao desenvolver uma narrativa expondo suas ideias acerca de um novo modo de se pensar em história, de problematizar a veracidade das fontes de pesquisa, que já não chegam a uma verdade absoluta dos fatos, mas há uma verossimilhança daquilo que ocorreu em um determinado evento passado. A principal influência neste novo olhar sobre história, provém do sociólogo Émile Durkheim. “Foi a partir da análise da obra do sociólogo e da revista Année Sociologique que Bloch reconheceu a importância da interdisciplinaridade e de revestir a prática da história de questões de fôlego mais amplo e afeitas a durações mais longas.” (BLOCH, 1997, p. 06)
O presente torna-se o eixo das perguntas, e dos problemas, e as respostas são respondidas através de uma olhar crítico sobre o passado. Diferentemente de como se pensava oficialmente em história, antes dos Analles. Sobretudo no século XIX, com a História Magistra Vitae, que visava o passado como um guia para o futuro, e através dos feitos dos “grandes homens”.
A história não seria mais entendida como uma "ciência do passado", uma vez que, segundo Bloch, ‘passado não é objeto de ciência’. (...) Nessa formulação pretensamente simples estava exposto o "método regressivo": temas do presente condicionam e delimitam o retorno, possível, ao passado. Nessa formulação pretensamente simples estava exposto o "método regressivo": temas do presente condicionam e delimitam o retorno, possível, ao passado.
Buscando repensar no uso da história, e novas formas abordagem na historiografia. Neste meio a interdisciplinaridade vem a tona, a história que era uma ciência do passado, passa a ser uma ciência dos homens no tempo. A ideia de uma filosofia da história, de uma história com um viés social e econômico ganha força. Marc Bloch visa uma compreensão mais aprofundada de história, seu método de historiográfico é o que comecemos hoje como “nova história”, inaugurado pela Escola dos Annales.
Marc Léopold Benjamin Bloch, nasceu no dia 6 de julho de 1886, na cidade de Lion, França. Foi um grande historiador medievalista. “Co-fundador, em 1929, da revista Annales (então intitulada Annales d'Histoire Économique et Sociale e atualmente Annales Êconomies, Sociétés, Civilisations)” (BLOCH, 1997, p. 12). A trajetória de Marc Bloch é fascinante, foi combatente na Segunda Guerra Mundial, após a derrota da França para à Alemanha Nazista, March Block entra para a Resistência, “em 1943 na rede Franc-Tireur de la Résistance em Lyon, tendo sido fuzilado pelos alemães em 16 de junho de 1944 nos arredores desta cidade. Foi uma das vítimas de Klaus Barbie” (BLOCH, 1997, p. 12).
Apologie de l'histoire ou Métier d'historien, foi publicado em 1949 por: Lucien Febvre, amigo e colega de Marc Bloch na revista Annales. A obra trata-se de um ensaio, sub-dividido em cinco capítulos, no qual Marc Bloch expõe seu pensamento em três eixos principais: a história, os homens e o tempo; a observação histórica; a crítica.
Desde seus primórdios a ideia de história sempre esteve entrelaçada com a ideia dos homens e o tempo, entretanto na Antiguidade a história estava muito voltada aos mitos, não se buscava as resposta através dos vestígios do passado, mas através das narrativas dos homens do passado. Tais narrativas sempre conciliavam o homem com o passado e não com seu presente vivido. As observações históricas transmitidas através de relatos, e testemunhos não provavam sua legitimidade, história e mito não se diferenciavam.
A história critica surge para se contrapor ao pensamento de verdade atrelado no testemunho, no relato. Não mais dignos de credito. A ideia de uma busca por uma verdade na história, começa a cair muito antes de Marc Bloch, com seu método crítico apresentado em: Apologie de l'histoire. Já no século XIX a história como era apresentada começa a ser criticada. Um grande crítico da história foi Friedrich Nietzsche, em seu ensaio intitulado: Segunda Consideração Intempestiva, Nietzsche elabora duras críticas a história. Propondo um olhar crítico, não mais voltado para o passado, que mumificava o homem. Assim como Marc Bloch, Nietzsche voltava seu olhar para a compreensão do presente. Provavelmente muito do pensamento de Nietzsche teria influenciado Marc Bloch, assim como seus contemporâneos.
A importância da obra de Marc Bloch é de peso, como parte da primeira geração da Escola dos Annales, March Bloch foi um pioneiro, que forjou a história que comecemos hoje.