Amanda 20/04/2016
Resenha (acadêmica)
Um dos maiores responsáveis pela nova maneira de contemplar a ciência da historiografia, compreendendo que ela pode ir além de fatos datáveis e de decorações de nomes, para algo além que analisa a complexidade da relação humana com a sociedade e o tempo é Marc Bloch, esse historiador francês que nasceu em 6 de julho de 1886, na cidade de Lyon. Bloch teve sua obra Apologia da história ou ofício do historiador, publicada pela primeira vez em 1949 por seu amigo Lucien Febvre, cinco anos após ser morto por fuzilamento ao ser capturado pela Gestapo.
Sendo duramente crítico a cada parágrafo, Marc Bloch consegue já na introdução nos fazer entender, com a utilização de muitos exemplos e recursos linguísticos, a sua real intenção que vai diretamente contra ao pensamento metódico que era tendência em seu tempo quando aluno. O autor enfatiza também a dificuldade enfrentada pela História, ao querer ter seu papel de ciência aceito sem ser comparada á outras, que são passíveis de utilização de fórmulas para garantir sua legalidade.
A crítica feita por Bloch leva em consideração à tradição que a sociedade ocidental, composta por culturas helênicas, judaicas e cristãs formou ao longo dos tempos e assim enraizou um pensamento obsessivamente vicioso, onde não se levava em conta a cronologia histórica, mas sim que a ação se repetiria sem de fato haver uma evolução. Assim progressivamente esse pensamento foi evoluindo ao mesmo passo que a História foi sendo construída, e dessa forma a escola metódica ou positivista se consolida.
A fim de desmistificar a visão ilustrativa e bela da História, a escola metódica se justifica no fato que assim como as outras ciências a História só conseguiu ser levada á sério a partir da didática estabelecida pela mesma. É partindo desse pressuposto que o autor nos amplia a visão e diz que não importa o fato de a História encantar aos olhos humanos, por que ele existe para contar justamente nossas ações e por ser algo que é nosso automaticamente é atrativo aos ouvidos. Entretanto, devemos com base nos fatos e datações, que é essencial e que os positivistas ensinam estabelecer uma análise crítica progressiva, proposta trazida pelo autor, ao que nos é imposta, e assim a história terá sua profundidade merecida.
E algo curiosamente interessante é ressaltar que a análise histórica pode necessitar de outras ciências, muitas vezes exatas, para se tornar comprobatória, essa ideia muito bem colocada por Marc Bloch é uma quebra nos paradigmas existentes nesse período.
Mas nem por isso, Bloch deixa de ironizar a quem critica a dedicação dada á nossa ciência, chamando-os de eloquentes de espiritualidade.
Entender que ela pode ir além de um simples passatempo, ou apenas algo ilustrativo aos olhos do homem que é o protagonista dessa Ciência, faz parte do serviço do historiador garantir analises de fatos ocorridos no espaço e no tempo a partir de nossas ações na sociedade.
Para concluir assim como Bloch enfatiza eu compartilho da mesma opinião, nem sempre vamos conseguir solucionar todas as problematizações que acarreta a nossa ciência, mas como o mesmo diz: dão refresco a nossos estudos. (BLOCH, 2001, p. 49) E para chegar a um consenso, fica muito claro que é isso que diferencia a História de todas as outras ciências.