elo 16/06/2023
?Kafir, esse mundo é um globo de neve muito doido.?
Que leitura maravilhosa! Eu estive conectada com a história, com os personagens e suas dores em todos os momentos do livro. No início, já me deparei com os desafios da vida de uma criança prodígio e o fardo de ter a necessidade de um futuro promissor. Esse foi um ponto que eu nunca havia parado para pensar e me deixou muito reflexiva a respeito do conhecimento. Muitas vezes, a ignorância é o que nos liberta da dor e nos impede de sofrer por antecedência, já o conhecimento em excesso, por outro lado, pode se tornar um peso para quem o tem.
Um aspecto do livro que me impressionou foi a maneira perfeita com a qual John Green conecta a história. Tudo parece ligado numa teia perfeitamente tecida, como se ele tivesse pensado em todos os detalhes do livro. Os personagens são incrivelmente bem desenvolvidos e possuem questões internas, pensamentos paradoxais, culpa, anseios e medos. Lindsey e sua verdade, Hassan e sua vontade de fazer, Colin, suas incertezas sobre o futuro e o grande buraco dentro dele causado pela perda de Katherine XIX e pelo desejo de ser importante e reconhecido. Além disso, os personagens apresentam um crescimento pessoal absurdo, em que cada um deles encontra respostas para os seus questionamentos. É como acompanhar a evolução dessas pessoas, a visão de mundo sendo aperfeiçoada com o desenrolar da história. Também gostei muito das informações extras, as notas de rodapé (toque único do livro) e os fatos reais que enriquecem significativamente a narrativa. O apêndice então, o que falar? Não há maneira mais didática de explicar a matemática do Teorema Fundamental da Previsibilidade de Katherines do que como Daniel Biss o faz! Eu amo matemática!
Lindsey foi da fraudulenta para a verdadeira, Hassan foi do preguiçoso com quem gargalhei diversas vezes para o prestativo com quem continuei rindo e Colin foi do incompleto para o autossuficiente! Aquele que entende que o futuro, como ainda não é lembrança, não precisa fazer nenhum fugging sentido. Me senti vivendo no meio desse trio na Mansão Cor-de-rosa!
O autor soube usar cada detalhe a seu favor, soube criar consciência em seus personagens, além da atmosfera incrível de Gutshot! O BISAVÔ DA LINDSEY QUE ESTAVA ENTERRADO COM SEU NOME ANAGRAMATIZADO! Maravilhoso! Uma das obras mais bem escritas que já li. A história é construída de uma maneira extremamente inteligente. Meu primeiro de muitos livros que lerei do autor. Para mim, John Green é o gênio aqui!
?Mesmo sendo uma história boba, o ato de contá-la gera uma mudança pequenininha na outra pessoa, da mesma forma que viver a história causou uma mudança em mim. Infinitesimal. Essa mudança infinitesimal se propaga em ondas ? sempre pequenas, mas duradouras. Eu serei esquecido, mas as histórias ficarão. Então, nós todos somos importantes ? talvez menos do que muito, mas sempre mais do que nada.?