Diego Rodrigues 18/05/2022
Um retrato nu e cru da recessão econômica da década de 30
Considerado um dos maiores escritores de língua inglesa do século XX, John Steinbeck nasceu em Salinas, no estado da Califórnia, no ano de 1902. Vencedor do Pulitzer (1940) e do Nobel de Literatura (1962), é autor clássicos como "A Leste do Éden", "Ratos e Homens" e "As Vinhas da Ira". Sua obra, marcada pelo realismo, costuma retratar miseráveis e trabalhadores de classe baixa, denunciando as injustiças sociais e escancarando a crueldade que assola o mundo. Muitos de seus livros ganharam adaptações cinematográficas, como é o caso de "As Vinhas da Ira" e "Ratos e Homens". E o autor também chegou a se aventurar em Hollywood, escrevendo roteiros para cinema.
Publicado originalmente em 1937 e ambientado no período de recessão econômica da década de 30, "Ratos e Homens" conta a história de George e Lennie, dois amigos marginalizados pelo sistema que trabalham nas fazendas da Califórnia a troco de comida e abrigo. George é uma velha raposa, magricela e esperto que só. Lennie é o completo oposto, um gigante preso a uma mente de criança. E o que une duas personalidades tão diferentes é justamente sua condição de oprimidos. Juntos, eles são mais fortes. George é a cabeça pensante que tenta manter o amigo longe de apuros. Lennie é uma máquina de trabalho braçal, não há em toda Califórnia trabalhador melhor que ele, mas sua sensibilidade pode acabar atraindo problemas. Pelo caminho, a dupla irá se deparar com miseráveis, vagabundos e valentões, personagens cativantes ou detestáveis que poderão se revelar uma mão amiga ou um obstáculo em sua trajetória.
Com uma narrativa nua e crua, mas não desprovida de sensibilidade, Steinbeck investiga a fundo a condição humana nessa obra magistral. Breve e de fácil leitura, o romance nos envolve logo nas primeiras páginas, tornando impossível deixá-lo a leitura sem saber os rumos de George e Lennie. A peculiar amizade entre os personagens é contrastada por um cenário hostil e um sistema opressor, no qual os desfavorecidos não têm vez. É uma história que ao mesmo tempo emociona e revolta, cativando o leitor para depois destroçá-lo. Sem dúvida uma experiência de leitura fascinante e altamente recomendada.
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