Matheus.Correa 13/01/2022
Meu livro de Cabeceira
"– Com a gente, num é assim. A gente tem futuro. A gente tem alguém com quem conversá, alguém que se importa co’a gente. A gente num precisa ficá sentado em bar nenhum gastando o nosso dinhero só porque num tem otro lugá pra ir. Se um desses sujeito vai pra cadeia, pode apodrecê lá que ninguém tá nem aí. Mas co’a gente é diferente. Lennie interrompeu: – Mas isso num vai acontecê co’a gente! E por quê? Porque… porque eu tenho ocê pra cuidá de mim, e ocê tem eu pra cuidá d’ocê, e é por isso – riu de tanta alegria. – Agora pode continuá, George." - Que livro espetacular, maravilhoso, formidável, esplêndido. Faltam adjetivos pra enaltecer. George e Lennie, que dupla incrível. Uma aula de como bons diálogos podem fazer todo o trabalho de background de um personagem, como causar uma empatia automática e uma profundidade sutil. Os ratos são citados logo no começo. O jovem Lennie sempre matou os pequenos, não fazia por mal, Eram pequenos e ele muito grande. Fazia um singelo carinho na cabeça e quando percebia. Booom! Já não tinha mais ratos vivos. George era o pensador, mas não era inteligente demais - "– Ele num é tonto – George disse. – Ele é burro feito uma porta, mas num é loco. E eu também num sô tão isperto assim, se não num ia tá aqui carregando cevada pra ganhá cinquenta pau e a comida. Se eu fosse isperto, nem que fosse só um poco mais isperto, ia tê minha terra, e ia cuidá da minha própria plantação, em veiz de trabaiá tanto e não ficá com nada que sai da terra. – George ficou em silêncio. Queria falar"- a simplicidade no aspecto e no tato. Nossos dois protagonistas vão para uma fazenda (Não me lembro ao certo) trabalhar assiduamente, e logo de cara um sujeito deplorável, filho do patrão, já começa a observar Lennie. A ratoeira da vida real dos homens que as vezes são tratados como ratos. A animalização dos homens, a barreira que a sociedade impõe na falta de empatia, cooperação e gentileza. A inocência de Lennie nos faz desejar desde o começo que ele e George fiquem bem em todo esse caminho íngreme. Então, se quer ler um clássico sem defeitos, com uma narrativa plena, simples em um ponto poética, com descrições necessárias e nada extensivas. Ratos e homens é para você. Um livro de reflexões. Sobre o que somos e o que podemos nos tornar. - Um dos melhores livros da minha vida, se tornou o meu livro de cabeceira.