Carla.Parreira 27/10/2023
RISSI, Carina. No Mundo da Luna. São Paulo: Vêrus, 2015.
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Resumo feito na primeira pessoa...
Meu nome é Luna, tenho 24 anos e sou jornalista, mas acho minha vida um fracasso por trabalhar em uma revista, não exercendo a profissão que gostaria. Sou a secretária de um sujeito mal-humorado e que nem acerta o meu nome, pois sempre me chama de Clara. Dante Montini é o redator-chefe da Fatos & Furos, uma revista focada em mulheres. Nem preciso dizer que odeio ele. Eu fico na minha mesa vendo os demais funcionários, bem como os colegas de jornalismo, trabalhando na área deles, felizes e satisfeitos. Além disso, descobri uma traição do meu namorado com a minha vizinha. E também posso falar do meu carro: é o meu xodó, mas sempre me deixa na mão e me faz gastar mais em seu conserto do que eu tenho disponível no banco. Para quem já viveu essa experiência de sair da faculdade sem emprego ou conseguir um que não tem nada a ver com a sua formação, vai se identificar comigo. Eu tenho as minhas expectativas, mas estou frustrada por não tê-las alcançado ainda. E tenho a sensação de que sou a única, pois todo mundo trabalha na área que se formou, ganha bem o suficiente para não se preocupar com as contas, menos eu. Todos realizaram seus sonhos, menos eu. Todos vivem a vida dos sonhos, menos eu. É claro que é um exagero meu pensar assim, mas é como eu penso. Tudo bem que eu moro em um apartamento bom, em um prédio excelente, tenho carro, estou empregada e talvez até consiga uma promoção e passe a escrever colunas como tanto desejo. Mas é como falei: quem já passou por isso entende a cegueira que a ansiedade de ser bem sucedida causa. O problema é que a história da minha vida se desenrola e eu continuo me achando uma fracassada, pois simplesmente não consigo parar de me queixar da situação. Sabrina é minha melhor amiga e colega de apartamento. Julia também divide o apartamento conosco. Meu irmão Raul é um poço de machismo, um hipócrita, sem nenhuma afinidade comigo. Enquanto irmão mais velho é extremamente chato. Quando preciso dele, ele não está, mas quando não preciso, ele se mete para me dar lição de moral de um jeito bem grosseiro. Sou de origem cigana. Minha mãe já faleceu e meu pai mora fora do país. Passei minha adolescência com a minha avó, a grande cigana da família. Com ela aprendi que a magia existe sim, só que ela está nos olhos de quem vê. As coisas começaram a mudar quando a responsável pela coluna de horóscopo acabou indo para a revista concorrente e, desta forma, o horóscopo caiu no meu colo. O único problema é que nunca acreditei em nada disso. Posso dizer que sou do tipo bem cética. Como essa era uma oportunidade única, eu resolvi recorrer às minhas origens ciganas comprando um baralho cigano para fazer o horóscopo. Consequência disso foi que duas coisas me surpreenderam: primeiro que as previsões pareciam bem reais a ponto de mudar a vida de meus leitores. Segundo que, no meio disso tudo, acabei me aproximando de Dante, e um sentimento arrebatador surgiu de repente. Dante era muito mais bonito do que eu havia me dado conta. Era como se existissem dois dele: um normal e irritante, e outro gostoso pra caramba. Focado em seu trabalho, ele tem um estilo nerd, que faz qualquer pessoa suspirar. Ele esteve por anos em um relacionamento com a modelo Alexia Aremberg por puro comodismo. Quando o namoro se rompeu e ele precisou de um lar temporário para se mudar, os encontros comigo se tornaram frequentes. A vida tem suas graças: um dia você é a recepcionista de uma revista, no outro está trabalhando na coluna de horóscopos, mesmo não sabendo nada sobre eles. Durante o dia você deseja que um meteoro caia na cabeça do seu no chefe, a noite você está bebendo com ele e visitando seu quarto. Algumas pessoas não pertencem a ninguém além de si mesmas. E a beleza da coisa está aí. Elas nunca pertencerão, mas podem - e vão - escolher alguém para dividir as aventuras. E foi exatamente isso o que fiz.