Aione 05/05/2015Carina Rissi ficou conhecida com seu chick-lit "Perdida", e estourou ao publicar "Procura-se um marido" pela editora Verus, que veio a relançar seu primeiro livro e, posteriormente, trouxe a nós sua continuação, "Encontrada". "No mundo da Luna" era bastante aguardado por aqueles que se divertiram com as outras obras da autora, e me incluo nessa categoria.
Dessa vez, conhecemos a história da jornalista Luna Braga, recém formada que, embora trabalhe em uma revista conceituada, ainda não conquistou seu devido espaço. Sua primeira oportunidade surge ao assumir a coluna de horóscopos, sem saber o quanto isso poderia afetar sua vida.
“Tá legal, não havia mal nenhum em usar a pazinha, havia? Quer dizer, ele não deveria ficar lambendo coisas assim em público. Algumas pessoas podiam ficar imaginando outras utilidades para aquela língua. Especialmente as que envolviam pontinhas de orelha…
– Humm… que delícia! Quer uma lambida? – ele ofereceu e, por um instante, achei que ele estava se oferecendo para lamber a minha orelha.
E, é embaraçoso, eu sei, mas quase aceitei.”
página 113
Toda a fluidez e o envolvimento permitidos pela deliciosa escrita de Carina são observáveis desde o início. Foi muito fácil imergir na história e querer continuar a lê-la, supondo todas as confusões nas quais Luna poderia se envolver. Também, foi impossível não rir de vários de seus pensamentos e situações que acaba por viver.
Embora a história tenha sido previsível em muitos aspectos, a autora reservou algumas “cartas na manga” que, quando reveladas, causaram uma agradável sensação de surpresa. De qualquer forma, o livro em si não tem como objetivo ser revelador ou surpreendente, mas cumpre muito bem o papel de ser um excelente divertimento e entretenimento. Também, durante o desenvolvimento me perguntei qual seria, afinal, a mensagem passada pela história, e muito me agradou observar a conclusão da protagonista.
“O beijo foi suave, calmo, como as águas sobre as quais flutuávamos. Um roçar de lábios e línguas, quente, vivo, maravilhoso. (…) O calor irradiava dele e seguia direto para o centro do meu peito e, naquele momento, permiti que as barreiras que me faziam recuar fossem demolidas.”
página 362
Minha única ressalva, talvez, fique para a própria Luna. A personagem é um tanto quanto temperamental, imatura e, como observado por um dos principais personagens, muitas vezes incoerente. Dessa maneira, foi mais difícil para mim ser conquistada por ela, uma vez que discordei de várias de suas atitudes. Além disso, seu temperamento aliado ao de seu par romântico foi capaz de gerar inúmeras discussões e desentendimentos que, em alguns casos, me pareceram um pouco dispensáveis, como se prolongassem o meio do enredo desnecessariamente. Ainda assim, compreendo que a frequência dessas situações contribuem para intensificar tanto a compreensão da dinâmica do relacionamento entre eles quanto os momentos felizes e românticos que compartilham, capazes de causar suspiros nos leitores mais apaixonados. Nessas horas, é muito fácil se sentir encantada por mais esse mocinho criado por Carina Rissi.
De modo geral, "No mundo da Luna", mesmo que não tenha superado minha admiração pelos livros anteriores da autora, configurou novamente como uma gostosa e divertida leitura, que corrobora o destaque de Carina dentre o cenário nacional de chick-lits.
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