Fernanda Reis 28/03/2013
“Neste enorme e emocionante romance, a lenda do rei Artur é contada pela primeira vez através das vidas, das visões e da percepção das mulheres que nela tiveram um papel central. Igraine, Viviane, Guinevere, Morgana. Elas revelam, com as suas vidas e sentimentos,a lenda de Artur, como se fosse nova de, ao mesmo tempo, levam o leitor a integrar-se na história, de maneira natural e profunda. Assim, esta obra proporciona uma narrativa soberba de uma lenda, e a recriação dessa lenda, bem como a brilhante contribuição para a literatura do ciclo arturiano”.
As Brumas de Avalon é uma saga de quatro livros que conta desde a ascensão à queda do famosíssimo rei Arthur. E o mais inovador, conta sobre o ponto de vista das mulheres da sua vida.
Essa saga é a escolhida para a minha resenha de hoje por ter sido a primeira que eu li, ainda no começo da adolescência.
Poderia falar de toda a saga em uma única resenha, mas decidi que ela merece mais atenção, e por isso falaremos de um livro por vez. Talvez não toda semana, mas ainda assim eu falarei sobre todos eles.
É que escolher o livro que vou resenhar é como música, filme ou quase tudo na minha vida: vai do meu humor. Rsrs.
Hoje acordei bem rei Arthur! Rsrs.
O primeiro livro é o que eu li mais rápido, porque estava tão intrigada com os acontecimentos que não conseguia largar, mesmo nos momentos em que mais me irritava com ele.
Vou explicar para vocês o motivo da minha irritação: a história se passa em um momento de transição na Inglaterra, quando a religião pagã da deusa estava sendo esmagada pelo Cristianismo.
Nesse primeiro livro a religião pagã ainda é a dominante e não corre perigo, digamos assim, mas Viviane, senhora de Avalon, já sabe o que será do futuro e começa a mexer as cartas do baralho para evitar isso.
Ela age como a dona do mundo, manipulando as pessoas para cá e para lá, tudo para o bem da sua religião. Aí a pessoa aqui se irritou muito, mas consegui entender as atitudes dela.
E no fim, sem tudo isso nada seria como acabou sendo, e como tinha que ser para começo de conversa.
Nesse primeiro livro somos apresentados à Igraine, que por um acaso é a mãe do nosso querido Arthur.
Igraine é nascida em Avalon e foi criada dentro da fé pagã, mas ainda muito nova é dada (sim, exatamente dada) ao Duque da Cornualha para casamento.
Desse casamento infeliz de que me lembro claramente as cenas em que a pobre Igraine fica olhando o mar rebelde pela janela em uma introspecção angustiante, nasce Morgana, que será a narradora de maior parte da história.
Morgana é idêntica a sua tia Viviane (fisicamente) e uma típica filha de Avalon, por isso é levada por sua tia para ser educada lá, onde aprenderá tudo que é necessário.
Quando Morgana ainda é pequena, Viviane brinca de jogadora com a vida de Igraine e a obriga a se envolver com Uther, o Grande Rei da Bretanha.
Ter uma discípula da fé pagã com o Grande Rei era uma oportunidade e tanto, né?
Para a sorte de Igraine, ela se apaixona verdadeiramente e intensamente por seu novo rei, e do fruto dessa união nasce Arthur, a criança que já veio predestinada a salvar a Bretanha dos saxões, segundo as previsões de Merlin e Viviane.
Morgana é criada em Avalon e Arthur por seus pais, e eles não sabem nem como é o rosto um do outro. Eles só se encontraram muito tempo depois durante um ritual da fé pagã que mudará a vida dos dois e tudo, para sempre.
Depois desse ritual Morgana está “iniciada” e pronta, e logo se apaixona por Lancelot (quem não? Rsrs).
Aí a história do livro começa a engrenar de vez e vamos ficando a par da vida de Arthur e de todos os acontecimentos que o levaram a ser essa lenda.
Claro que é um livro de ficção e muita coisa não é como foi contada, mas é interessante ver o ponto de vista das mulheres da vida de Arthur, que sinceramente é tratado como um homem que é manipulado por elas quase o tempo todo, e como o jogo religioso sempre existiu, independente de qual religião era essa.
Eu me irritei bastante com Viviane. Odeio gente manipuladora.
Mas ela estava defendendo a fé dela, então dá para entendermos, mesmo que sem aceitar.
Esse é o primeiro livro de uma saga que mudará sua visão da vida do rei Arthur.
Talvez seja um livro mais fascinante de ser lido na adolescência do que na vida adulta, mas ainda assim vale muito a pena conferir. Eu simplesmente o adoro!
Resenha originalmente publicada em: sonhosecontosdamaribell.wordpress.com