Nica 02/01/2014Intenso e apaixonanteComo começar a resenha de um livro tão intenso e que mexeu demais com minhas emoções? Parece que nada que eu venha a escrever aqui irá fazer jus a esse maravilhoso livro, No Limite da Atração. Ao mesmo tempo, uma leitura angustiante, dolorosa, mas cheia de sentimento, cheia de vida! Um livro que fala sobre o encontro do verdadeiro significado do amor e de como aprender a superar as experiências traumáticas de nossas vidas, como aprender a extrair o "lado bom" de cada uma delas.
Katie McGary foi simplesmente brilhante ao criar personagens tão palpáveis, tão reais e tão próximas de nós. Foi impossível não me sentir Echo ou Noah em alguns momentos. Impossível não me emocionar ao relembrar minhas próprias dificuldades, meus próprios traumas. Sei muito bem o que é ter de se tornar adulto da noite para o dia, sem preparo psicológico algum. Ter de enfrentar um mundo novo, uma vida nova, bem diferente daquela a qual estava acostumada. Ainda mais quando pela falta daquela que era o pilar de toda uma família, o elo, a estrutura, o coração...
No Limite da Atração nos traz a história de duas personagens: Echo e Noah - também são os narradores do livro. Ambos sofreram com perdas que deixaram marcas indeléveis. A maneira como a autora conseguiu nos transmitir a dor da perda, a confusão de sentimentos e pensamentos causada, a mudança brusca de vida, a busca pelo isolamento seja nas drogas ou dentro de si mesmo, foi incrível. Podemos ver dentro das mentes de Echo e Noah. Podemos ler suas dúvidas, seus medos, suas aflições. As emoções são muito tangíveis. Katie consegue nos conectar com tamanha profundidade às personagens e suas histórias que é impossível não se envolver.
Echo é uma jovem de 17 anos que carrega o peso do mundo sobre os ombros. Ao mesmo tempo que se sente culpada pela morte do irmão no Afeganistão, ela culpa os pais por todas as coisas ruins que aconteceram - ainda que não consiga se lembrar de como as mesmas ocorreram e nem porque ela apagou certo acontecimento de sua memória. Para recuperar algum lampejo que seja sobre o dia em que se machucou e ganhou as cicatrizes, o Estado a obriga a frequentar uma terapeuta / psicóloga. Fato que não agrada muito a seu pai (mais por medo do que por preocupação).
Se antes ela fazia parte do grupo de populares da escola, após esse estranho e misterioso acidente, que lhe causou as marcas e a fez reclusa por algum tempo, agora Echo era tida como a esquisita, a suicida. Seus colegas de escola achavam que ela havia tentado se matar após a perda do irmão e a separação dos pais. Echo sabia, lá no fundo de seu consciente, que não tinha sido essa a causa daquelas cicatrizes. Mas como explicar algo que nem ela mesma entendia? Nem ela mesma lembrava?
Noah, ao que tudo indica no começo do livro, é um rebelde sem causa, de temperamento forte e claramente revoltado com o sistema.Ele é famoso na escola por usar as garotas e descartar, assim como faz com as drogas. Noah perdeu os pais em um terrível incêndio domiciliar, sendo obrigado a se separar de seus dois irmãos mais novos por conta do Estado e sua Assistência Social. Por conta de um problema com a primeira família que o recebeu, ele foi proibido de ver os irmãos, o que o deixou ainda mais indignado com o sistema.
Assim como Echo, é obrigado a visitar uma terapeuta, a mesma da menina na escola, e é assim que eles acabam se encontrando. Por ideia da Doutora Collins, Echo seria tutora de Noah, o ajudando a melhorar suas notas afim de mostrar para o sistema que estava se redimindo, que estava tentando ser uma pessoa melhor, com um futuro pela frente. E, em contrapartida, a menina poderia ganhar uma bolsa-auxílio para consertar o carro que Aires, seu irmão, deixou. Um cenário nada romântico, não é mesmo? risos Até porque Echo sabia da reputação de Noah e este sabia que, uma menina tão inteligente e bonita, nunca cairia em sua lábia.
Mas, como já dizia Renato Russo, quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração, não é mesmo? E o que parecia impossível, foi se transformando lentamente. Aos poucos, Noah e Echo foram se apaixonando e se mudando. Como assim??? Echo foi muito mais do que uma tutora para Noah, e Noah foi muito mais do que a chance de recuperar o carro do irmão para Echo. Eles se transformaram em válvulas de escape, em rochas firmes um para o outro. Dia após dia, eles foram se conhecendo e se ajudando a superar os traumas do passado, se ajudando a esquecer o que acontecera e focar no presente e no futuro, em quem eles poderiam ser e o que poderiam fazer.
Foi maravilhoso poder vê-los se apaixonar, vê-los aprender a confiar novamente nas pessoas e em si mesmos.Ao mesmo tempo que foi doloroso ver Echo se lembrando do que acontecera com ela e se sentir traída e abandonada. Um dos momentos que mais chorei, que mais me emocionei. Passei por isso em minha vida quando minha mãe faleceu. Eu fazia tudo por meus irmãos e pelo meu pai, mas ninguém queria saber se eu estava sofrendo. E eu tinha que estar sempre firme e forte, não podia reclamar. Dava uma sensação horrível de que ninguém me amava, que ninguém se preocupava. Mas com a ajuda da pessoa certa, consegui superar a perda e sou hoje muito grata e feliz...
No Limite da Atração não é apenas sobre o amor "proibido", ele também lida com questões complexas, como a saúde mental, a morte, e os desafios de ser um filho adotivo. Uma bela mistura de romance, mas que também aborda algumas das principais questões da vida real. Um livro que fala sobre confiança, superação e perdão.
Ps.: Se você é manteiga como eu, prepare logo uma caixinha de lenços pra acompanhar a leitura!!! É de emocionar qualquer um!!!!! =)
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