O Último dia de um condenado

O Último dia de um condenado Victor Hugo




Resenhas - O Último Dia de um Condenado


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ViviGreg. 21/12/2023

Livro melancólico e reflexivo, em que o personagem principal tem diversos pensamentos a respeito da vida e da morte em si. No decorrer da história, vamos nos apegando ao protagonista e começamos a compartilhar dos mesmos sentimentos e pensamentos que ele tem, deixando o desfecho, já sabido, pior ainda. Entretanto, é um livro muito bom, questionador e induz diversas reflexões durante a leitura, principalmente a respeito do valor de uma vida.
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Debs 15/12/2023

CHATO! Livro muito chato de ler. Não fala o motivo da prisão, o que não faz entender o pq de uma pena tão pesada. Pra quem gosta de histórias verídicas deve ser uma boa leitura.
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Fabio 07/12/2023

"O último suspiro da esperança"
"O último dia de um condenado" foi escrito de 1829 pelo romancista, poeta e dramaturgo francês, Victor Hugo, e retrata a atuação política e social do autor, em defesa da abolição de pena de morte em um período turbulento da França pós-napoleônica, quando a dinastia Bourbon, retoma o poder, e impõe várias execuções aos traidores e criminosos de alto grau.

A história se passa na França do século XIX, onde as exibições públicas de pena de morte eram frequentes, e o autor nos conta em primeira pessoa, em forma de diário, os sentimentos, tormentos e lembranças de um condenado no último dia antes de sua execução. Não sabemos o nome do detento, ou o crime pelo qual foi condenado, artifício do autor para deliberadamente nos deixar a certa distância do protagonista, e que, depois de forma primorosa, vai encurtando a longitude, progressivamente até nos fazer íntimos das angustiantes passagens e descrições do encarcerado.

Victor Hugo, nos entrega um texto extremamente humanista e de forte apelo emocional, mas sem "melancolismos", onde a pauta não está no sofrimento, mas na redenção de um condenado durante o período de cárcere em que simplesmente aguarda o momento em que será entregue a guilhotina na presença de seus conterrâneos, então nos obriga a percorrer todos os sinuosos e claustrofóbicos corredores da famigerada prisão francesa de Bicêtre, até o infortúnio derradeiro encontro no palanque, com a máquina de ablação.

"O último dia de um condenado" nos leva a uma profunda reflexão sobre a existência e as consequências dos nossos a atos, e o autor através do protagonista-narrador invade a mente do leitor de forma fascinante, e evoca de modo quase sobrenatural a consciência e nos faz vislumbrar de maneira bem singela o verdadeiro significado da vida e também a reconhecer o valor incomensurável do ser humano, quando nos remete ao nosso estado primitivo da busca pela vida a qualquer custo, sobretudo ao valor que imputamos a cada instante de nossa existência.

O brilhante texto de Victor Hugo apesar de ficcional, é um diminuto tratado humanista, repleto de alegorias, o qual argumenta de forma tácita a própria necessidade de debater sobre as penas que se vitimam, e de forma empírica expõe os conceitos sociais de uma época que a própria lei não estava alicerçada nos direitos e deveres do ser médio-comum, mas daqueles detinham o poder, apesar de não adotar abertamente o discurso mais utilizado da época que tratava da "luta de classes".

A Magnifica obra "O último dia de um condenado", é amplamente reconhecida como o preludio de "Os Miseráveis" e influenciou de forma direta autores e pensadores como: Charles Dickens, Albert Camus e Fiodór Dostoievski, inclusive foi chamado pelo último de "Obra Prima da Literatura".

Em suma "O último dia de um condenado", é um livro de cenas emocionalmente fortes, e impactantes, de linguagem atraente, repleta de lirismos, que destrincha o pensamento humano, no momento em que o se perde a última esperança, e os medos veem à tona e esmagam por todos os lados, mas que provocam o íntimo tão profundamente que, dão um último fôlego de coragem e hombridade, aqueles desesperados a viver até último suspiro de vida, antes da impiedosa lamina descer.
CPF1964 07/12/2023minha estante
?????. Excelente resenha. Vitinho ficou orgulhoso de você.


Roberta 07/12/2023minha estante
Já quero! ??????


Fabio 07/12/2023minha estante
Obrigado, Cassius meu amigo!
Lisonjeado com as palavras!?


Fabio 07/12/2023minha estante
Roberta, vai amar esse livro e as reflexões que ele nos remete


Vanessa.Castilhos 07/12/2023minha estante
Mais uma resenha incrível de maravilhosa, amigo Fabio!! Parabéns!! Já quero muito ler esse tbm! ?


Carolina165 07/12/2023minha estante
Resenha mto bem escrita Fábio! ???????


Fabio 07/12/2023minha estante
Obrigado , Van minha querida belíssimas palavras!!!?
Separa um tempo, o ano que vem pra ler esse, Van, porque você vai amar, eu tenho certeza!!!


Fabio 07/12/2023minha estante
Carolzinha, minha querida, eu agradeço pelo carinho e presença de sempre!?
Amigas como vocês são uma raridade!
Feliz em ter conhecido vocês... de coração!??????


Carolina165 07/12/2023minha estante
Fábio, meu amigo querido, mto obrigada pelo carinho e amizade maravilhosa! ???


Fabio 07/12/2023minha estante
É reciproco, querida!?


Vanessa.Castilhos 07/12/2023minha estante
Fabio, amigo querido!! ?


Mel 07/12/2023minha estante
Que resenha maravilhosa, Fabio!! Suas palavras ao descrever sua visão sobre o livro, são magníficas! PARABÉNS, meu querido, você usa as palavras com maestria.
Já quero ler esse também! ?
???


Fabio 07/12/2023minha estante
Mel minha querida, muito obrigado!???
Me deixou sem palavras por aqui e extremamente lisonjeado!
Obrigado pelo carinho !?
Põe na lista que não vai se arrepender!!!!


Fabio 07/12/2023minha estante
Digo o mesmo, Van!?


Núbia Cortinhas 08/12/2023minha estante
A sua resenha é uma obra de arte!! Uauuu!! ???????????????


Ivone. 08/12/2023minha estante
Resenha maravilhosa, Fabio!
Elas sempre me despertam curiosidade sobre o livro ?


Fabio 08/12/2023minha estante
Núbia, é sempre um prazer enorme ter você por aqui lendo minhas resenhas. Fico extremamente lisonjeado, com suas belíssimas e carinhosas palavras!
Muito obrigado!??


Fabio 08/12/2023minha estante
Ivone, querida, muito obrigado pelo carinho e presença de sempre!?
Fico feliz que os textos deixem, você curiosa a ler essas obras, pois meu único intuito é mostrar aos meus amigos, o quão importante é dar uma chance aos livros, mesmo aqueles que pareçam difíceis ou que tem um critica negativa, mas nesse caso, não tem nem contestação, pois os próprios gênios da literatura exaltaram esse livro ?


AndrAa58 08/12/2023minha estante
Que resenha maravilhosa ????? vou ter que ler ?


Mariana 08/12/2023minha estante
Que graciosidade nas suas palavras Fábio! Li vagarosamente para absorver cada frase, você transpos as emoções e palavras de uma forma incrível!! Parabéns ???????


Fabio 08/12/2023minha estante
Andréa, muito obrigado!
Fico feliz que tenha gostado desse textao kkkk
Agradeço demais!!!?


Fabio 08/12/2023minha estante
Mari, minha querida!??
Você não sabe o quão feliz eu fico em ler essas palavras!
Agradeço demais pela amizade e por estar sempre presente????
Você me deixou aqui sem palavras, de verdade... Agradeço por tamanho carinho!!!


Cris 08/12/2023minha estante
Tenho esse livro é após ler sua resenha, já quero ler! ?


Fabio 08/12/2023minha estante
Muito obrigado, Cris!
Fico imensamente feliz em te incentivar a ler!?


Mariana 08/12/2023minha estante
Eu sou grata de igual modo por sua amizade e por todo carinho sempre! E sempre estarei por aqui, porque é sem dúvidas um prazer!???????


Fabio 08/12/2023minha estante
Faço das suas, as minhas palavras!?


Valesca.Castelani 09/12/2023minha estante
resenha topp


Fabio 09/12/2023minha estante
Muito obrigado, Valesca!?
Tô de olho nas suas resenhas hein!?


Valesca.Castelani 09/12/2023minha estante
que legal


alice 12/12/2023minha estante
Resenha incrível, Fabio! Deu vontade de ler o livro ??


Fabio 12/12/2023minha estante
Muito obrigado, Alice!?
Fico feliz que tenha gostado da resenha, e ainda mais que, tenha te animado a ler essa obra prima!?




JulioCReis 10/11/2023

Lamentos...
Leitura super rápida porém muito triste. Eu sou uma pessoa totalmente contra a pena de morte, e esse livro me fez refletir mais sobre o assunto.
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isadora.borsato 06/11/2023

[...] Mas concedam-me a vida!
Era considerado um homem até a sentença, mas passou a ser apenas um condenado depois do veredito, revelando a objetificação do indivíduo e o despojamento do seu direito de ser tratado como ser humano.
Qual fora o crime? Não importa, o peso da vida vale mais que a gravidade do delito.
O último dia de um condenado retrata o sofrimento de um homem que se vê forçado a caminhar para o outro lado e a insensibilidade de toda uma sociedade.
Embriagados com os poderes de um Deus, com a lei na mãos, os Juízes decidem quem vive ou não, e os carrascos, cujo ofício é a morte, cumprem a ordem diligentemente.
É uma obra angustiante que nos faz refletir sobre a importância da vida e os limites da pena, independente do viés político do leitor.
A escrita em primeira pessoa, de dentro da cela, aguardando seu último suspiro, nos coloca no lugar do condenado, sofrendo suas dores e medos, apegando-se nas mesmas esperanças, aguardando um milagre, uma salvação qualquer.
É um lembrete que, devemos abordar a vida com respeito e ponderação, sem distinção.

"Parece haver um barulho de sino agitando as cavidades de meu cérebro; e à minha volta só percebo essa vida plana e tranquila que abandonei, e na qual os outros homens ainda seguem, de longe e através das fissuras de um abismo." (pag.123).
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Claudia 03/11/2023

O ÚLTIMO DIA DE UM CONDENADO
Uma viagem à França do século XIX, ao mundo do século XIX. Duro e cruel, como o mundo ainda é, mas de forma mais literal.

Último dia de um condenado foi uma forma de Vitor Hugo protestar contra a pena de morte e o sistema prisional.
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Lista de Livros 30/10/2023

Lista de Livros: O Último Dia de Um Condenado, de Victor Hugo
“Condenado à morte!

Afinal, por que não? “Os homens”, lembro de ter lido não sei em qual livro, mas que só havia isso de bom, “os homens são todos condenados à morte com protelações indefinidas.” O que haveria, assim, de tão diferente em minha situação?

Desde a hora em que minha sentença foi pronunciada, quantos dos que se preparavam para uma longa vida morreram! Quantos dos que esperavam, jovens, livres e saudáveis, ir ver cair minha cabeça em tal dia na Place de Grève, anteciparam-se a mim! Quantos, daqui até lá, que andam e respiram ao ar livre, que entram e saem à vontade, talvez me precedam também!

Além disso, o que me oferece a vida para que eu lamente tanto ser privado dela? Na verdade, o dia sombrio e o pão negro do cárcere, a porção de sopa magra na tigela dos condenados às galés, ser tratado com aspereza, eu que sou refinado pela educação, ser brutalizado por carcereiros e guardas, não ver um ser humano que me julgue digno de ouvir ou de emitir-lhe uma palavra, estremecer o tempo todo por aquilo que fiz e por aquilo que me farão: eis aí quase os únicos bens que o carrasco pode me tirar.

Ah! Mas não importa, é horrível!”
*
Mais do blog Lista de Livros em:

site: https://listadelivros-doney.blogspot.com/2023/07/o-ultimo-dia-de-um-condenado-de-victor.html
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Sofia.Cunha 24/10/2023

Acredito que um livro seja muito bom quando me faz claramente questionar minhas próprias opiniões. Não é spoiler, pois está na resenha do próprio livro (que eu nunca leio antes pra não criar expectativas): a gente nunca descobre a história e nem o crime do condenado. Eu nunca fui a favor da pena de morte, mas, ainda assim, passei o livro inteiro questionando qual crime foi cometido? talvez pra saber se eu sentiria mais ou menos pena, talvez só por curiosidade. O que importa é que em um livro tão pequeno e de linguagem tao simples eu encontrei 96 páginas de questionamentos sobre o mundo e sobre mim. Como é mágico o mundo da leitura.
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Tiago 18/10/2023

Victor Hugo e a pena de morte
Excelente leitura. Victor Hugo captura o psicológico de um prisioneiro condenado à morte. Não sabemos seu nome nem sabemos seu crime. Sabemos apenas o que aconteceu desde a hora que a sentença foi proferida até a hora em que o condenado está de frente para o carrasco. O texto não mostra arrependimento pelo crime propriamente dito. O condenado faz reflexões sobre a família, principalmente sua filha pequena. Ele considera que ela também foi de certo modo condenada ao ter de passar o resto da sua vida sem uma figura paterna.

Os aspectos psicológicos do livro são muito interessantes e serviram de inspiração para Dostoiévski em ?O Idiota? quando o Príncipe Michkin faz uma reflexão sobre a guilhotina e a pena de morte. Victor Hugo analisa as últimas 6 semanas do prisioneiro enquanto Dostoiévski analisa os últimos 6 décimos de segundo antes da lâmina chegar ao pescoço. Vale a leitura.
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Alane.Sthefany 13/10/2023

O Último Dia de Um Condenado - Victor Hugo
No livro "O Último Dia de Um Condenado", Victor Hugo trás uma temática moral e ética sobre a pena de morte, fazendo o leitor refletir sobre essa questão, pois temos acesso direto ao diário de um personagem (de nome desconhecido) que foi sentenciado a morte.

O livro não nos apresenta muitas informações sobre o crime cometido, mas revela-nos no decorrer das páginas que o personagem matou uma pessoa, e foi por causa desse crime (assassinato) que ele está sendo condenado, devido a ausência das circunstâncias e do que motivou e incitou o personagem a cometer esse assassinato, torna-se difícil e desafiador para o leitor fazer um julgamento sobre o caso.

Durante a leitura, acompanhamos os seus últimos dias, seus últimos pensamentos e reflexões, e também o seu desespero ao saber a data exata que terá a sua sentença de morte realizada, que segundo o personagem, isso é ainda pior que a própria morte, saber que dia ela será sem poder fazer nada a respeito e muito menos algo que possa mudar o que sucederá.

A todo o instante, o personagem argumenta em sua defesa, tentando nos convencer de que ele merece ser castigado, mas não receber uma sentença tão pesada como essa. E que esse diário, com as últimas palavras de um condenado a morte tenha o poder de ao menos fazer as pessoas repensarem antes de criarem e apoiarem leis tão duras e semelhantes como essa, tornando a mão de quem julga um pouco mais leve.


"Este diário dos meus sofrimentos, hora por hora, minuto por minuto, suplício por suplício, se tiver forças de o levar até ao momento, em que me for fisicamente impossível continuar, esta história, necessariamente incompleta, mas tão completa possível, das minhas sensações não terá consigo um grande e profundo ensinamento? Não haverá neste libelo do pensamento agonizante, nesta progressão sempre crescente de dores, nesta espécie de autopsia intelectual dum condenado, mais alguma coisa que uma lição para aqueles, que condenam? Talvez esta leitura lhes torne a mão menos leve, quando se tratar outra vez de mandar deitar uma cabeça, que pensa, uma cabeça de homem, naquilo que eles chamam a balança da justiça?"

"O que é a dor física em face da dor moral! Horror e piedade é o que causam leis assim feitas. Dia virá em que talvez que estas memórias, últimas confidentes dum miserável, para isso tenham contribuído.

A não ser que, depois da minha morte, o vento leve estes bocados de papel, sujos de lama ou que vão apodrecer à chuva, colados como estrelas, nalgum vidro quebrado do carcereiro."

"Que o que aqui escrevo, possa um dia ser útil a outros, que isso faça deter o juiz prestes a julgar e que salve desgraçados, inocentes ou culpados, da agonia a que eu estou condenado! Porquê? Para quê? Que importa? Quando a minha cabeça tiver sido cortada, que me importa a mim, que cortem outras?

O Sol, a primavera, os campos cheios de flores, as aves, que despertam de manhã, as nuvens, as árvores, a natureza, a liberdade, a vida, tudo isso já não é para mim!

Ah! A mim é que era preciso salvar! ? É então verdade que isso não pode ser, que é preciso morrer amanhã, talvez hoje, sem remédio?"


O personagem tenta apelar que ele é uma pessoa comum como qualquer outra, que possui uma família que depende dele e que o ama, e por causa disso sofrerá às consequências dessa sentença atribuída somente a ele, mas que afetará inocentes além dele e de que nada têm culpa.


"Deixo mãe, mulher e uma filha. ? Ai! Uma filhinha de três anos, bela, rosada e delicada, com uns grandes olhos pretos e longos cabelos castanhos.

Quando a vi pela última vez, tinha ela dois anos e um mês.

Assim, depois da minha morte, essas três mulheres ficarão sem amparo: uma sem o filho, outra sem marido e a terceira sem pai. Três órfãs de diferente espécie, três viúvas em consequência da lei.

Concordo que eu devo ser castigado, mas o que fizeram essas inocentes? Nada importa que elas fiquem desonradas e reduzidas à miséria! ? É a isto, que se chama justiça?

A sorte da minha pobre mãe não me inquieta, porque já está velha; tem sessenta e quatro anos e este golpe a matará.

Também me não inquieto com minha mulher; não goza saúde, o seu espírito é fraco e morrerá também. Salvo se enlouquecer. Dizem que a loucura faz viver; ainda assim o seu espírito não sofrerá e, embora viva, dormirá como se estivesse morta.

Mas minha filha, a minha pequenina Maria, que a esta hora talvez esteja rindo, brincando ou cantando, em nada pensando, essa é que me causa vivas inquietações."


Vale ressaltar que a todo instante o condenado atribui a responsabilidade da pena de morte apenas ao juiz que o sentenciou e julgou o seu caso, ou seja, a todos os homens que criaram as leis e decidiram que as pessoas que cometeram crimes dessa espécie, o melhor seria a pena máxima e que isso era para o bem maior, o bem da sociedade. No entanto, não mostra sinais de arrependimento ou de autorresponsabilidade sobre o crime cometido, não tendo a capacidade de compreender que ele foi o único responsável por estar naquela situação, mas a todo momento se faz de vítima e coloca os outros como os vilões e que a vida dele se encontra nas mãos desses homens.


"Não estava doente! Na verdade sinto-me novo, sadio e forte. O sangue corre livremente nas minhas veias; todos os meus membros obedecem a todos os meus caprichos; o corpo e o espírito, de constituição própria para uma longa vida, são robustos. Sim, tudo isto é verdade, e todavia padeço duma enfermidade mortal, duma enfermidade causada pela mão dos homens.

Eis o que vão fazer de teu pai, esses homens, que me não odeiam, que me lamentam e que me poderiam salvar. Vão-me matar! Compreendes isto, Maria? Matarem-me a sangue frio, com cerimonial, para o bem da sociedade."

"Quem te amará? Todas as crianças da tua idade terão pai, exceto tu. Como te desacostumarás tu, minha querida, da festa dos teus anos, dos presentes, dos doces e dos beijos? ? Como te desacostumarás tu, infeliz órfã, de beber e de comer?

Oh! Se ao menos os jurados a tivessem visto, a minha linda Mariazinha! Teriam compreendido que é preciso não matar o pai duma criança de três anos.

E quando ela for crescida, se lá chegar, no que se tornará? Seu pai será uma das recordações de Paris. Corará de mim e do meu nome; será desprezada, repelida por minha causa, por causa de mim, que a amo com toda a ternura do meu coração. Ó minha querida Maria bem amada! É bem verdade que terás vergonha e horror de mim?"


Mesmo com todos esses argumentos, o leitor se pergunta o porquê do personagem se lembrar e pensar na família apenas agora que foi sentenciado a morte, e por que não antes de cometer o crime? O impedindo assim de cometer tamanha barbárie em um momento de raiva ou seja lá o que o motivou a matar alguém, pois até mesmo essa pessoa em que ele ceifou a vida, tinha uma família e pessoas que dependiam dele e o amavam; e que naquele exato momento, seja qual fosse a decisão que o personagem tomasse e escolha que ele fizesse, traria consequências que não afetaria somente a ele, mas todos a sua volta.

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Opinião Pessoal

Pela minha resenha, fica até parecendo que compactuo com a pena de morte, no entanto, sou apenas um indivíduo que acredita que nossas escolhas têm consequências, seja elas pequenas ou grandes e que todos devem pagar pelo que fizeram. Entretanto, eu não sou a favor da pena de morte, até porque a justiça dos homens e o próprio sistema é falho e muitas vezes corrupto, incontáveis são os casos que inocentes morreram sentenciados a pena de morte, e somente após a morte deles, descobriu-se que não eram culpados, mas inocentes do que foram falsamente acusados.

Não defendo bandido, e o mínimo que eles deveriam fazer são trabalhos braçais e forçados, invés de ficar apenas gerando gasto e sendo sustentado pelos homens de bem, através de impostos.


Quotes Preferidos ?????

Uma revolução se acabava de operar em mim. Até à sentença de morte eu sentia-me respirar, palpitar, viver no mesmo meio, que os outros homens; agora distinguia claramente, como que uma espécie de separação entre o mundo e eu. Nada já me aparecia com o mesmo aspeto que antes. Essas largas janelas cheias de luz, esse belo Sol, esse céu puro, essa alegre flor, tudo se tornava branco e pálido, da cor duma mortalha.

Os homens são todos condenados à morte com prazos indefinidos. Então o que há de extraordinário na minha situação?

Desde a hora em que a minha sentença foi pronunciada, quantos morreram, que se estavam preparando para uma longa vida! Quantos se me avançaram, novos, livres e sãos, e que contavam ir ver em tal dia cair a minha cabeça na praça da Grève! Quantos daqui até lá, que andam e respiram ao ar livre, e se movem à sua vontade, levarão um avanço sobre mim!

E depois o que é que a vida para mim tem de saudosa? Na verdade o dia sombrio e o pão negro da prisão, a porção de caldo magro tirado da celha das galés, ser brutalizado pelos carcereiros e pelos guardas-forçados, não ver um ser humano, que me julgue digno duma palavra e a quem eu responda, tremer sem cessar, não só do que tiver feito, mas do que me farão; eis pouco mais ou menos os únicos bens, que o carrasco me pode tirar!

[...]

O que é a dor física em face da dor moral!

[...]

Deixo mãe, mulher e uma filha. (...)
Assim, depois da minha morte, essas três mulheres ficarão sem amparo: uma sem o filho, outra sem marido e a terceira sem pai. Três órfãs de diferente espécie, três viúvas em consequência da lei.

Concordo que eu devo ser castigado, mas o que fizeram essas inocentes? Nada importa que elas fiquem desonradas e reduzidas à miséria! ? É a isto, que se chama justiça?

[...]

Os mortos estão mortos (...); o sepulcro os guarda com segurança e o sepulcro é prisão de onde preso nenhum fugiu ainda.

[...]

Há um homem, que vai morrer, e é preciso que o vá consolar. É preciso que esteja junto dele, quando lhe atarem as mãos e cortarem os cabelos; que suba para a carreta com o seu crucifixo para lhe ocultar a vista do carrasco; que seja massacrado com ele até a praça da Grève; que atravesse com ele a horrível multidão sedenta de sangue; que o abrace junto do cadafalso e que aí permaneça até que a sua cabeça vá para um lado e o corpo para outro.

Que venha então palpitante, tremendo da cabeça aos pés; que me deixem nos seus braços, aos seus pés; e ele chorará, choraremos ambos; será eloquente e eu ficarei consolado, o meu coração abrir-se-á no seu, tomará a minha alma e eu tomarei o seu Deus.

Mas este bom velho o que é ele para mim? O que sou eu para ele? Um indivíduo da espécie desgraçada, uma sombra, como já viu tantas, uma unidade a juntar ao número das suas execuções.

[...]

Ninguém é mau só pelo prazer de o ser.

[...]

Quando penso na minha vida e no golpe, que daqui a pouco a deve terminar, estremeço como se esta ideia fosse nova. A minha bela infância! A minha mocidade, estofo doirado, ensanguentado numa das extremidades.

[...]

O que é então esta agonia de seis semanas e este estertor dum dia inteiro? O que são as angústias deste dia irreparável, que desliza tão lentamente e ao mesmo tempo tão depressa? O que é esta escala de torturas, que vai acabar ao cadafalso?

[...]

Mas se os mortos voltam, de que forma voltarão? O que conservarão do seu corpo incompleto e mutilado? O que escolherão? É a cabeça ou o tronco, que é o espetro?

O que é que a morte faz da nossa alma? O que lhe deixa? O que lhe dá ou lhe tira? Onde a põe?
CPF1964 13/10/2023minha estante
Parabéns pela resenha, Alane. Ficou Excelente.


Alane.Sthefany 13/10/2023minha estante
Muito obrigado! Fico feliz por você ter gostado, você também escreve ótimas resenhas ???


CPF1964 13/10/2023minha estante
Generosidade sua, Alane. Eu raramente faço resenhas. Não tenho capacidade como você e muitos outros por aqui.


Alane.Sthefany 13/10/2023minha estante
Acompanho os seus históricos de leitura, os livros que você lê em grupo e seus comentários sobre os livros que lê. Esse ano eu só fiz 9 resenhas, sendo que li mais de 100 livros, estava com preguiça de fazer, e só postava de vez em quando uns históricos de leitura com citações ou trechos que gostei. Capacidade você tem sim, até porque você comenta sobre o que gostou ou desgostou do enredo, e isso já é um parecer seu sobre o que você achou do livro, que se enquadra em uma resenha.


CPF1964 13/10/2023minha estante
De certo modo você tem razão, Alane. Li pouco este ano. Devo chegar em 60 talvez. Sempre vejo suas leituras. Você é uma leitora seletiva e voraz. 100 livros...???


Alane.Sthefany 13/10/2023minha estante
O importante é a qualidade dos livros e o quanto está aprendendo com eles. Para brasileiros que mais de 70% da população não lê ao menos 5 livros por ano, você está excelente e acima da média.

E parabéns pelo bom gosto literário ???

Gosto de ler às vezes livros que não exigem muito meu cérebro e a minha capacidade de pensar, mas quando entro de ressaca literária, sempre volto para os clássicos ?


Roberto.Vasconcelos 13/10/2023minha estante
Fiquei afim de ler , vou add a minha lista


Alane.Sthefany 14/10/2023minha estante
Roberto, espero que goste, a leitura é bem rápida, tem edições que só são 140 pág. Quero muito saber sua opinião sobre o livro ??


Canoff 14/10/2023minha estante
Não conhecia esse livro. Muito interessante! Obrigado pela recomendação indireta, Alane! ?


Alane.Sthefany 14/10/2023minha estante
Canoff

A premissa me chamou bastante atenção, eu queria conhecer também a escrita do autor, e por ser um livro pequeno, quis ler esse livro antes do calhamaço "Os Miseráveis". Gostei bastante da escrita do Victor Hugo. Minha meta do ano que vem, é ler "Os Miseráveis". Muitos falam bem desse livro. ?


Canoff 14/10/2023minha estante
Alane,


Eu também quero ler Os Miseráveis. Estou tomando coragem para lê-lo. Espero conseguir um dia, hahaha!


CPF1964 14/10/2023minha estante
Os Miseráveis.... O melhor livro já escrito......


Fabio 16/10/2023minha estante
Alane, que resenha maravilhosa!?
Parabéns pela escrita!???


CPF1964 16/10/2023minha estante
Muito Obrigado, Alane. Embora a vida seja um eterno aprendizado nos últimos tempos tenho lido apenas como entretenimento. Concordo com você. Os clássicos são um porto seguro.


Alane.Sthefany 16/10/2023minha estante
Obrigado, Fábio !!! ?


Fred 29/03/2024minha estante
Mas olha ... ?????? Que reserva


Alane.Sthefany 02/04/2024minha estante
Obrigado Fred ?




Leandro 09/10/2023

Leitura reflexiva
Livro narrado em primeira pessoa que nos mostra os últimos passos de um homen condenado a morte. Suas angustias, seus medos expressados antes de seu último suspiro. Ótima leitura!
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Isabelle 04/10/2023

Que livro incrível
Mas confesso que o que me tirou fôlego foi o prefácio de 1829, sensacional a história por trás do livro.
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Helena976 30/09/2023

O sangue do outro e o meu.
"Era sempre festa na minha imaginação. Eu podia pensar no que desejasse, eu era livre.
Agora estou encarcerado. Meu corpo está acorrentado numa masmorra, meu espírito está preso numa ideia. Uma ideia horrível, sanguinolenta, implacável! Tenho apenas uma convicção, uma certeza: condenado à morte!".

"Entre o então e o presente há um rio de sangue; o sangue do outro e o meu."
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Laysa1997 29/09/2023

Um livro manifesto
Lendo O Ultimo Dia de um Condenado, eu me lembrei, diversas vezes, do livro Dos Delitos e das Penas, do Cesare Beccaria - são leituras muito proveitosas de serem feitas seguidas ou, até, paralelamente. Assim como Victor Hugo, Beccaria também se posicionava contra as penas de morte e entendia que elas cumpriam muito mais uma função de espetáculo e vingança do que efetivamente diminuir a criminalidade. A diferença marcante das obras - ponto no qual elas se complementam - é que Beccaria deu um tom mais argumentativo e não ficcional, enquanto Victor Hugo trouxe uma espécie de humanização do condenado ao escrever uma "ficção" com narrador em primeira pessoa. É um livro bastante impressionante e angustiante: "Entendo. É um espetáculo que uma única olhada abarca por inteiro: num piscar de olhos tudo está visto...Nada distrai a atenção. Há apenas um homem, e sobre esse único homem tanta miséria quanto todos os forçados ao mesmo tempo."
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Lígia 27/09/2023

Mas afinal o que esse cara fez?
O livro inteiro o protagonista se lamenta pela vida perdida e pela miséria em que se encontra agora que é um condenado. Mas durante toda a leitura só consigo me perguntar ?O que ele fez para ser condenado à morte??. Victor Hugo sempre trabalha muito bem no âmbito das emoções e do sofrimento e é um de meus escritores favoritos, mas esse livro me deixou impaciente e um pouco indignada ao final, pois fiquei com perguntas que não foram respondidas.
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