Igor Almeida 04/06/2020
Uma crítica à mentalidade islâmica
Este livro é um relato em primeira pessoa, cuja autora conta a história de vida dela com um único objetivo: mostrar o mundo islâmico sob o ponto de vista feminino. Ela não ataca a religião deliberadamente, mas faz críticas ao modo de pregação religiosa que cerceia a liberdade de seus adeptos. Por exemplo, "o livro sagrado é para ser obedecido, não interpretado, porque você não pode saber mais do que Deus". E assim, devido a esse dogmatismo, os escritos de um livro milenar são levados, ainda hoje, ao pé da letra. As mesmas práticas do séculos VII foram mantidas ao longo dos séculos com pouquíssimas alterações nos países fundamentalistas (decepar mãos, apedrejamento feminino, mutilação genital, etc). Essa é a grande crítica: não permitir nenhum pensamento independente que fuja dos ensinamentos ditos sagrados. Por outro lado, é fato que o islã ensina tolerância, justiça e caridade, mas apenas entre os islâmicos. Isso pode gerar guerra com o resto do mundo, mas é inegável que foi um fator que uniu povos outrora em constantes guerras tribais.
Além da minha descrição, nada melhor que as próprias palavras da autora em trechos de sua conclusão:
“A mensagem deste livro, se é que ele precisa de uma mensagem, é que nós, no Ocidente, fazemos mal em prolongar desnecessariamente a dor dessa transição, alçando culturas repletas de farisaísmo e ódio à mulher à estatura de respeitáveis estilo de vida alternativos. O tipo de pensamento que presenciei na Arábia Saudita e na Fraternidade Muçulmana, no Quênia e na Somália, é incompatível com os direitos humanos e os valores liberais. Preserva uma mentalidade feudal arrimada em conceitos tribais de honra e vergonha. Apoia-se no autoengano, em padrões dúplices. Depende dos avanços tecnológicos ocidentais ao mesmo tempo que finge ignorar sua origem no pensamento ocidental. Essa mentalidade torna a transição para a modernidade muito dolorosa para todos os praticantes do islamismo.
Acusam-me de haver interiorizado o sentimento de inferioridade racial, a ponto de atacar minha própria cultura, movida pelo ódio a mim mesma, pois quero ser branca. É um argumento enfadonho. Acaso a liberdade existe unicamente para os brancos? Acaso é amor-próprio aderir às tradições dos meus ancestrais e mutilar as minhas filhas? Aceitar ser humilhada e impotente? Observar passivamente os meus conterrâneos espancarem as mulheres e se massacrarem em disputas sem sentido?
A minha preocupação central e motivadora é com o fato de as mulheres serem oprimidas no islã. Quando se diz que os islâmicos são a compaixão, a tolerância e a liberdade, olho para a realidade, para as cultuas e o governos reais, e simplesmente vejo que não é assim. No Ocidente, as pessoas engolem tais mentiras porque aprenderam a não ser excessivamente críticas ao examinar as religiões ou culturas das minorias, por medo de ser acusadas de racismo. E ficam fascinadas porque não tenho medo de fazê-lo.
Nos últimos cinquenta anos, o mundo muçulmano foi catapultado à modernidade. Ainda hoje, quem atravessar a fronteira da Somália, há de achar que recuou milhares de anos. As pessoas se adaptam. Aquelas que nunca se sentaram em uma cadeira aprendem a dirigir um carro e a operar uma máquina complexa; adquirem essa capacidade. Do mesmo modo, os maometanos não precisam tardar seiscentos aos para modificar o seu modo de pensar a igualdade e os direito individuais.
Já me disseram que Submissão (um filme que a autora fez descrevendo a situação da mulher muçulmana) é um filme por demais agressivo. "Aparentemente, a sua crítica ao islã é muito dolorosa para que um muçulmano a suporte". Diga, não é muito mais doloroso ser uma mulher presa naquela gaiola?”