Makan 26/08/2015
Manifesto... Nem tanto.
Manisfesto do Nada na Terra do Nunca prometia, em razão de Lobão, ser uma grande crítica ao status quo em que se encontra a política, economia e, por que não, toda a sociedade brasileira atual, a qual seria apresentada num patamar geral pela explanação sobre os pontos nefastos e indicar um possível caminho para a redenção de nossa Pátria. Em algumas páginas parecia que o músico atingiria este objetivo, ao abordar temas como: o arquétipo do brasileiro como “Povo do Carnaval” e sobre a dificuldade de se posicionar, atualmente, como direita ou esquerda, em razão da não polarização das ideologias como em tempos passados.
No entanto, o autor se foca em digressões sobre suas próprias experiências, conduzindo suas palavras no rumo de uma entrevista de talk show, onde apenas conta suas histórias, sem muitas vezes, essas se encaixarem na trilha formada pelo capítulo anterior. Peca, ainda, por se entregar a ressentimentos relativos a gêneros musicais, diversos do rock, aos quais ele considera superestimados e por sua condição de alijado, seja por vontade própria ou não, do circuíto das grandes gravadoras e outras instituições de peso do meio musical.
Claro, o livro trás assuntos interessantes do “mundo da música”, como a cultura do Jabá, a razão para que o rock nacional ser mais “suave” que o estrangeiro, o poder dos produtores musicais para ditar o estilo de nosso “roquenrou” e o desprestígio das atrações nacionais frente as internacionais em grandes festivais, fato ilustrado com uma situação ocorrida com o próprio Lobão na 1ª edição do Lollapalooza.
Lobão é conhecido por ter ideias fortes e peculiares, por isso a promessa de um Manifesto, levava a acreditar que as páginas desta obra conteriam uma ponderação sobre os rumos desta nação, afinal, nos últimos tempos, ele mostrou-se um crítico na área política, contudo sua opção por polvilhar o livro com histórias de sua trajetória, quem sabe para contabilizar páginas, transformou-o praticamente em biografia, em razão desse viés, o ponto alto, capítulos sobre mundo da música, foi pouco desenvolvido, se levarmos em conta a expertise do autor. Para surpresa, o uso de palavras pouco correntes na escrita (nesses dias de expressões coloquias e palavras mutiladas), permite que a leitura agregue ao leitor um vocabulário amplo a ser empregado em uma futura redação, será que era uma meta da obra?