Craotchky 27/02/2016RICHARD KING, STEPHEN BACHMANEm memória de Richard Bachman.
"Ironicamente, o homem que vivia com as horas contadas não tinha relógio."
Stephen King escrevendo Sci-fi, distopia! Isso mesmo, não estou contando chistes. Não faria isso com você, claro. Ou talvez seja realmente mentira; talvez seja o já falecido Richard Bachman (que Deus o tenha) quem escreveu o livro, sem qualquer ajuda de Steve. Seja lá como for e sem mais delongas, vamos falar sério; ao menos um pouco mais sério; não quero falar muito sério nessa resenha.
O concorrente é uma leitura das mais diferentes do Mestre. Assim como outros livros lançados pelo seu pseudônimo, este também não apresenta nada sobrenatural. Os livros de Bachman (que esteja em paz seja lá onde estiver) se diferem substancialmente dos livros lançados com o carimbo de qualidade proporcionado pelo seguinte nome impresso na capa: Stephen King.
The running man, com adaptação cinematográfica de 1987 estrelada por Arnaldão, vulgo The Terminator, se passa num futuro que para nós, hoje, está próximo: 2025. O livro traz uma pitada de distopia. Um canal gratuito na TV controlando as pessoas, programas de extrema violência, o poder financeiro nas mãos de uma ínfima minoria, carros voadores, pílulas de nutrição, ar com altíssimas taxas de poluição que resulta em problemas de saúde para a população e outras coisas mais.
Você pode agora mesmo estar pensando: que interessante deve ser ver/ler Steve explorar um mundo futurístico e distópico. Não se empolgue. O garotão mais famoso do pacato Maine não tem como foco o mundo criado, mas sim as situações enfrentadas pelo protagonista. Ben Richards tem uma filhinha doente e precisa de dinheiro, tão escasso, quase raro para os cidadãos comuns, para tentar salvá-la de uma morte certa. Assim ele se inscreve em um dos programas violentos, arriscando a vida em busca da bolada oferecida.
Neste programa, O foragido, ninguém jamais, até então, saiu com vida.
Uma história de leitura muito veloz (a diagramação apresenta letras maiores que o normal). Se há algum livro do Rei que posso atribuir o gênero Ação, sem titubear, é esse. Aqui Bachman (que a paz esteja com você) não descreve muito nenhum personagem. Não se apega tampouco na descrição de cenários. Sua atenção é total no seu protagonista e nas ações. Ao longo do livro temos uma contagem regressiva que contribui para você ficar ansioso com o final.
O livro todo é constituído de capítulos curtíssimos. São 100 capítulos para 300 páginas. A narração é muito diferente tanto dos outros livros de King quanto dos próprios livros de Bachman; lembra um pouco Dan Brown. À medida que o final se aproxima a história ganha ainda mais em emoção. Para terminar, temos ainda uma ótima reviravolta na trama, até surpreendente.
Falei tanto de Richard Bachman (RIP) pois acredito que na mente de Steve esse pseudônimo viveu realmente. Teve vida, teve família, teve amigos, teve ideias, teve imaginação e ainda escreveu livros. King deixa transparecer um pouco disso nas últimas 8 páginas; no epílogo intitulado: A importância de ser Richard Bachman. Um epílogo esclarecedor.
"Bachman não foi criado como um pseudônimo de curto prazo; era para existir até o fim."
Richard, por favor, perdoe-me pelas brincadeiras. Mas admito que me diverti.