Naty 04/06/2021
Easy
Jaqueline e seu namoradinho do ensino médio agora estão na faculdade e, adivinhe só? Eles terminaram! Depois de 3 anos namorando, ela não sabe mais como ser solteira. De qualquer forma, sua amiga Erin está lá para ajudá-la, exceto na noite que ela realmente precisava de ajuda. Depois de uma festa na fraternidade do ex, Jaqueline é agarrada por um dos "amigos" dele. Mesmo que nunca tenha apresentado perigo, Buck está prestes a lhe violentar. Entretanto, um desconhecido, por sorte ou obra do destino, aparece e não só ajuda Jaqueline a chegar em casa com segurança, mas dá uma surra no assediador.
A partir desse dia, Jaqueline enfrenta traumas relacionados àquela noite e com a ajuda do desconhecido (Lucas) e suas amigas ela consegue recuperar a confiança que perdeu ao ser atacada e não conseguir revidar ou fugir.
Considerações:
Mais uma vez, a realidade dos fatos me assusta. E todos nós sabemos que existem várias formas de sentir medo, mas as mulheres, de alguma maneira, nascem sabendo todas elas.
Depois de ler Garota do Lago, me senti desprotegida. A gente nunca pensa que alguém próximo, que conhece nosso dia a dia e nossa história, é capaz de fazer uma coisa dessas. Agora, lendo Easy, sinto que essa realidade pode um dia me alcançar, e não quero fazer parte da estatística, quero saber me defender. Por isso, estou pensando seriamente em fazer aulas de defesa pessoal.
O que achei do livro:
Queria começar dizendo que a escrita é muito boa, mas depois de um certo tempo ela se tornou cansativa. Parecia que a autora estava enrolando (o famoso enchendo linguiça hehe). Terminei com muito tédio.
Contudo, tenho que parabenizar a Tammara Webber, esse foi um dos meus primeiros livros lidos que tratou uma situação traumática como ela deveria ser tratada. Depois do assédio, Jaqueline foi afetada em várias esferas. Ela não simplesmente se curou de forma mágica. Doeu e o processo de cura foi lento, e no final do livro ainda não tinha terminado completamente, o que deixou uma lacuna que foi preenchida com a mãe oferecendo uma ida ao terapeuta para conversar sobre os fatos. Só por isso eu já gostei mais. Entretanto, a forma como ela se comporta com Lucas me parece íntima demais ? deixando entrar no seu quarto, conversando e beijando ele. Mas isso pode ter a ver com o dia em que tudo aconteceu. Como Lucas foi quem a salvou, talvez ela tenha enxergado nele um porto seguro, alguém que poderia confiar. E, de qualquer forma, a entrega de Jaqueline foi aos poucos, não de uma vez só. Como se estivesse oferecendo cada fragmento que se desprendeu naquela noite para que Lucas a ajudasse a colar de volta. Um processo dolorido e demorado.
Lucas é a definição de respeito e superação em um homem. Ele respeita o tempo dela, ele espera por ela. Isso é algo que todo mundo deveria ter em um relacionamento. Lucas também superou muitas coisas do seu passado, mesmo que não completamente. Sua personalidade é muito boa e bem construída, seus valores e princípios também. Acho que toda garota deveria se dar o prazer de ter um cara como ele pelo menos uma vez na vida (ou para sempre, como eu fiz
O Benji me lembra muito o Damian de meninas malvadas. Eu imaginava ele assim. Adorei o personagem, mas acho que poderia ter desenvolvido mais. Tudo bem, os dois eram colegas e nós, geralmente, não desenvolvemos relacionamentos profundos com muitos colegas (talvez nenhum), mas sinto que ele se daria tão bem com a Erin. Queria mais deles. Queria mais dele!
No final, só queria dizer que se você tem uma história parecida com a de Jaqueline ou Mindi, não guarde isso para si mesmo. Se você não se sente seguro em compartilhar os fatos com alguém conhecido, procure ajuda profissional. Eu sei que a vergonha e o medo de não te darem crédito é grande, mas uma história não tem apenas um desfecho único. Você pode ser mal interpretado. Você também pode ser acolhido. Se você confia nas pessoas próximas a você, ótimo! Fale com elas, abra seu coração. Se não confia, procure um terapeuta, psicólogo, psicanalista. Eles vão te ouvir e te ajudar a superar isso. Fique bem! Você não está sozinho