ritita 27/07/2018Auto ajuda ou regime totalitário?Sim, minha predileção literária vai para livros que a despeito da história que conta, descortinam a cultura de lugares e suas gentes, principalmente os desconhecidos por mim; tratando-se de locais de/e em guerra, leio-os com o coração apertado, mas com a isenção que a distância cultural me permite, por isto esperava mais deste livro.
A autora faz parte de um grupo internacional de ajuda à mulheres empreendedoras em situação de risco, e a costureira Kamila é uma delas. Mas... Aí é que está o busílis!
Como assim, no início do regime talibã, onde todos os direitos das mulheres foram retirados (ir e vir, trabalhar, estudar, falar com homens que não fossem da família, etc.), a tal costureira conseguiu comprar, vender, locomover-se até outras cidades? Que regime era aquele, que só a ela era dadas estas facilidades? Conseguiu a invisibilidade?
Como assim os talibãs de Khair Khana aceitavam seu trabalho e ainda faziam "vista grossa" à entrada e saída de dezenas de moças desacompanhadas a sua casa?
Como assim não havia entrada de dinheiro, não plantavam nada, mas ninguém na família de 15 pessoas, passou fome?
Bombas diárias, soldados com fuzis, tanques de guerra e casas destroçadas não assustavam às costureiras? Que isto, minha filha!
Juro que torci por algum tipo de repreensão à Kamila e suas ajudantes. Afinal, eu estava em Cabul!
Impossível que tudo que li sobre o assunto tenha me passado tamanho equívoco. Ou seja, a autora descortinou todos os horrores do regime talibã, mas só "mandou a real" sobre empreendedorismo.
Ah! Faça-me o favor de não desperdiçar uma história tão rica com detalhes sobre produção de roupas!