O Poder da Espada

O Poder da Espada Joe Abercrombie




Resenhas - O Poder da Espada


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Laís Helena 20/04/2015

Resenha do blog "Sonhos, Imaginação & Fantasia"
Logen se separou de seus companheiros de lutas após uma briga com os shankas, criaturas que habitam as florestas do norte, e agora segue rumo ao sul para se encontrar com Bayaz, o Primeiro dos Magos. Sand dan Glokta é um ex-soldado que passou meses sob tortura em uma guerra e agora, aleijado e incapacitado, trabalha como Inquisidor na Casa das Perguntas e investiga a guilda dos mercadores de tecidos em busca das confissões daqueles que não pagaram os impostos para a Coroa. Jezal dan Luthar é um nobre bem nascido que treina para o campeonato de esgrima, almejando agradar ao pai e conquistar renome.

Enquanto cada um segue suas jornadas individuais, a União é ameaçada de guerra ao norte e ao sul, e também parece existir uma ameaça interna, que permanece como um mistério durante a história toda. Aos poucos, a história dos três personagens vão se cruzando, e na metade do livro somos apresentados a uma nova personagem, Ferro Maljinn, que por insistência de seu acompanhante de viagem, Yulwei, segue para a União.

A história é contada alternando-se entre os pontos de vista desses quatro personagens, e vez ou outra o autor se utiliza de outros pontos de vista, como Collem West, um soldado e amigo de Jezal, e Cachorrão, da gangue de Logen no norte. A maior parte do livro gira em torno desses personagens, e não possui uma trama completa, servindo apenas para introduzir ao leitor os personagens e o mundo onde vivem e encaminhá-los para suas jornadas.

O estilo de escrita prende o leitor e tem um nível de detalhismo ideal: não deixa as cenas e descrições vagas ou superficiais, mas também não sobrecarrega o leitor com informações desnecessárias. Isso permite que o livro flua de modo agradável, prendendo o leitor pelas páginas e permitindo que ele se deixe imergir na história. As cenas de ação foram muito boas: o autor soube descrever os acontecimentos e ainda mostrar o desconforto dos personagens.

Os quatro personagens principais foram bem desenvolvidos: todos (talvez com exceção de Jezal) tiveram seu passado difícil, revelado aos poucos ao longo dos capítulos, e todas as suas vivências se refletem em suas personalidades, especialmente no caso de Glokta, que se tornou extremamente amargo depois de seu período de tortura, e Ferro, que foi uma escrava e agora apenas pensa em morte e vingança. Logen também tem seu passado sangrento e luta para mudar, e Jezal, apesar de sua vida fácil e de seu objetivo um tanto fútil tendo em vista tudo o mais que acontece, também foi bem desenvolvido. Nota-se que cada um deles cresceu um pouco ao final do livro. Porém, a história foca apenas nesses personagens, e outros, como Bayaz, Yulwei e o Arquileitor Sult, que também têm peso na trama, acabaram por ficar um pouco de lado.

O mundo criado pelo autor inicialmente pareceu um pouco confuso, uma vez que não há um mapa, mas aos poucos ele vai dando maiores detalhes sobre a dinâmica entre os principais reinos e impérios e sobre sua história, permitindo que o leitor possa se situar. A magia existe, é claro, mas é pouco detalhada ao longo do livro e apresentada aos poucos. Como o único personagem da história que realmente usa a magia é Bayaz e ele pouco fala sobre essa arte, não temos detalhes, mas ficou claro que alguns tópicos relacionados à magia serão de importância nos próximos volumes.

O final traz o clímax e mostra que o livro todo foi apenas uma introdução, servindo para dar algumas informações e colocar os personagens em suas jornadas, mostrando que é a partir do segundo volume que a história realmente começa. Em resumo, O Poder da Espada foi uma boa leitura, com uma narrativa interessante e bons personagens, mas não me surpreendeu, como eu imaginava que aconteceria por ter ouvido falar tão bem da trilogia.

site: http://contosdemisterioeterror.blogspot.com.br/2015/03/resenha37.html
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Vagner46 14/04/2015

Desbravando O Poder da Espada
Joe Abercrombie era um autor desconhecido para mim, até que tive a oportunidade de conhecê-lo ao moderar uma leitura conjunta no grupo Livros de Fantasia e Aventura (recomendo o grupo, pois sempre é cheio de discussões úteis e informações muito bem dadas, sem aquele monte de propagandas e conversa fiada da maioria dos grupos nas redes sociais) no Facebook.

Quanto ao livro, conforme os capítulos vão passando, somos apresentados ao três personagens principais: Logen, Jezal e Glokta. Falarei um pouco de cada um deles.

Logen é um grande guerreiro do Norte que quase morre após entrar em confronto com um grupo de shankas (criaturas parecidas com orcs) num desfiladeiro. Ao escapar da morte, Logen se dispersa do seu antigo grupo de amigos guerreiros e, a partir daí, vaga solitário até encontrar-se com um aprendiz de feiticeiro que o leva diretamente até Bayaz, o Primeiro dos Magos, segundo ele próprio. Muita atenção com esses dois personagens, pois eles nos trarão muitas surpresas no decorrer da narrativa, principalmente o guerreiro Logen, que certamente prenderá toda a sua atenção próximo ao final do livro.

Já o espadachim Jezal dan Luthar é um pé-no-saco de todo mundo e, na minha opinião, mereceria uma surra para aprender a dar valor às coisas simples da vida. Mimado e arrogante, Jezal está prestes a participar de um campeonato de esgrima e precisa vencer para provar o seu valor para os habitantes da capital.

No entanto, o cartão de visitas de Joe Abercrombie se encontra no personagem Glokta, um antigo herói de guerra que, após quase ser morto em uma delas, vira inquisidor do reino a pedido de Sua Majestade. E é aí que ele descobre que tem vocação para esse trabalho, pois seu sarcasmo e inteligência (que lembram muito o personagem Tyrion das Crônicas de Gelo e Fogo) são postos à prova a todo momento.

Gostei bastante das cenas de interrogatório envolvendo Glokta e suas vítimas (geralmente comerciantes corruptos e nobres tentando se aproveitar dos outros). O humor e a irreverência dos seus práticos (ajudantes) Frost e Severard deixa o clima sempre engraçado (ou perturbador) e torna a descrição dos momentos muito mais impactante e realista, pois uma cena de tortura não é composta somente pela dor em si, mas por várias conversas e fatos que acabam acarretando em uma agressão.

Os diálogos são o ponto forte do livro, assim como as descrições dos cenários, que são um show à parte. Masmorras, castelos, becos escuros e palcos de esgrima são bem destrinchados pelo autor e nos passam a impressão de que ele está atento a tudo e todos.

Em dado momento, Glokta, Jezal e Logen acabam se juntando em uma perigosa aventura, aonde só o futuro nos contará o que Bayaz pretende fazer com os nossos três protagonistas. Nada temos a fazer até lá, a não ser esperar pelo lançamento do segundo livro, que está primeiro para o primeiro semestre de 2014.

Pontos fortes: personagens e cenários bem desenvolvidos.
Pontos fracos: muita coisa ficou em aberto para o segundo livro.

site: http://desbravandolivros.blogspot.com.br/2014/03/resenha-o-poder-da-espada-joe.html
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Ari Phanie 05/04/2015

Um bom começo!
Sou muito fã de fantasia, e esse livro definitivamente é uma boa opção para quem gosta do gênero. Me ganhou nos primeiros capítulos, e um dos pontos mais fortes da história é a construção dos personagens. O meu preferido é Logen. É muito fácil simpatizar com ele. Glokta é incrivelmente bem desenvolvido. Mas tenho uma relação de amor e ódio com o Jezal. Ele é sempre antipático, no entanto a ingenuidade dele pode até conquistar o leitor. Mas uma das coisas que mais senti falta na obra foi uma personagem feminina forte. Não falo de força masculinizada no estilo da Ferro. Mas de personalidade. Uma personagem inteligente, questionadora, que não se impõe limites. Se Ardee era a personagem pra representar essa ideia, o escritor falhou miseravelmente aí. Mas, foi só o primeiro livro, então ainda há chances de Ferro ou mesmo Ardee se tornarem uma versão de Daenerys. Sonho meu? Provavelmente. Tbm devo pontuar que, apesar desse ser um livro indicado pelo Martin, é preciso ir sem mta sede ao pote, para não se decepcionar e deixar de curtir uma boa história. Expectativa moderada é a palavra-chave.
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Jhionan 19/02/2015

Absolutamente um dos meus favoritos
Gostei muito da abordagem humana do livro, é um livro épico, complicado de descrever, mas para jogadores de rpg se resumiria em uma campanha épica, com guerreiros, magos, arqueiros e outros seres.. Mas com personagens reais que tem sentimentos, emoções, capazes de sentir dor, raiva, amor. Personagens humanos que tem medo de enfrentar batalhas, pois uma luta por mais besta que seja pode acarretar a morte. Personagens muito bem desenvolvidos, que você vai conhecendo o background aos poucos e vai se apaixonando por eles. Personagens que evoluem como humanos, como pessoas, como personagens, diferente por exemplo de um senhor dos anéis onde a comitiva é "fodastica" sai batendo em todo mundo sem levar 1 arranhão.
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shaulablack 20/01/2015

Ruim no começo, melhorou muito depois
Confesso que no começo não gostei muito. Não entendi direito o que estava acontecendo, o fato de não ter um mapa me atrapalhou muito (procurei um na internet depois e dei uma lida sobre os continentes desse mundo e tudo ficou extremamente claro. Façam isso até antes de ler o livro), e a Ferro me incomodava bastante. Mas os capítulos do Glokta eram meus favoritos desde o começo.

Depois me apaixonei pela história. O segundo livro é meu favorito. O terceiro quase me matou e eu inicialmente não gostei, mas depois vim a gostar. Agora estou lendo os outros do Abercrombie, completamente apaixonada por esse autor e pelo mundo que ele criou, desejando que os outros livros fossem maiores.
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Marllon 08/01/2015

O livro de fantasia que eu gostaria de escrever
É impressionante, totalmente imersivo. Abercrombie tem um talento singular. Poucos conseguem narrar cenas de ação tão bem quanto ele. O texto é incrivelmente bem dosado, sem excessos de descrição, sem períodos longos demais. As personagens são únicas, interessantíssimas, muito bem construídas. Embora difícil de ver isto em fantasia, Abercrombie trabalha muito bem a parte psicológica delas, são muito humanas. Talvez a formação em Psicologia do autor tenha contribuído para alcançar essa verossimilhança. O mundo em que se passa a história é muito bem construído também, com elementos de Idade Média e Idade Moderna misturados. Cada capítulo se passa sob o foco narrativo de uma das cinco personagens principais (uma delas só aparece na segunda metade do livro) e todos são bem calculados, não são curtos demais, mas também não são longos ao ponto de deixar o leitor cansado. Enfim, não tenho qualquer coisa ruim para falar desse livro, talvez só da editora, que fez um péssimo trabalho de arte e de marketing em relação a ele. Uma pena, pois essa é uma obra com potencial enorme de mercado. Agora lançaram um novo projeto de arte (que também não é lá essas coisas) para as capas , mas acredito que já seja tarde demais. O livro merecia nada mais do que uma capa do Marc Simonetti, melhor ilustrador de fantasia da atualidade. Termino dizendo que esse é o livro que eu gostaria de escrever. Abercrombie, para mim, é sem dúvida, junto a George R. R. Martin, o melhor autor de fantasia medieval atualmente. E, para quem decidiu ler por causa do podcast do Matando Robôs Gigantes, adianto que Abercrombie nada tem a ver com Affonso Solano, como lá disseram. São níveis totalmente diferentes, o brasileiro ainda terá que trabalhar muito para chegar perto de um gigante da literatura mundial como o autor do livro aqui em questão.
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Rodolfo 19/12/2014

Capa e Espada
"O Poder da Espada" é um livro de fantasia divertido, focada muito nos personagens, mas com alguns problemas pontuais. A personalidade de cada herói enriquece o enredo e faz o leitor aguardar ansiosamente pela interação entre eles. Joe Abercrombie descreve bem as cenas de ação, com riqueza de detalhes nas lutas, nas correrias e na violência. Em certos momentos da história, os personagens tendem a estereótipos caricatos, mas nem por isso menos interessantes e profundos. Fiquei um pouco frustado com o final do primeiro livro: considero regular e consistente, porém com poucas respostas e alguns volumes pela frente... A trama ainda não está delineada, as motivações dos personagens são um pouco forçadas, mas mesmo assim uma aventura fácil e agradável de ler.
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Bruno 08/11/2014

Personagens maravilhosos
Quando li a amostra deste livro me empolguei muito com ele, mas depois de algumas páginas comecei e me cansar. Pensei até em larga-lo, mas ainda bem que não o fiz. Depois que realmente entrei na história me deparei com personagens muito profundos, com sentimentos, medos, idiossincrasias como há muito tempo não via. Vale muito a pena.
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neo 20/10/2014

Esse livro estava acumulando pó aqui em casa há quase um ano. Lembro de tê-lo comprado porque falavam muito bem dele e do escritor, o Abercrombie. Aliás, eu via "Abercrombie" sendo citado a torto e a direito como praticamente um gênero novo: uma fantasia mais realista, sombria e tão crua que fazia alguns leitores se sentirem até desconfortáveis. Quando o comecei a ler, porém, há alguns meses atrás, não passei da página 150 e o coloquei de lado por outro livro qualquer. Não foi exatamente porque o achei ruim (lembro-me de ter até mencionado para vocês aqui [do tumblr, já que o blog foi criado bem depois dessa época] que não o tinha achado ruim, mas que também não tinha me sentido muito disposta a continuar), então resolvi dar a Abercrombie uma nova chance de me mostrar essa fantasia sombria e, segundo muitos, maravilhosa.

Dessa vez não precisei nem chegar à página 100 para perceber que meu santo provavelmente não bate com o do Abercrombie.

Livro, me peguei dizendo para o dito cujo. Livro, você vai me fazer parecer a leitora chata mais uma vez. Você é supostamente um novo clássico da literatura fantástica, o debut de uma nova voz do gênero. Por que você não é bom? Tinha esperança de que as coisas iriam melhorar, então continuei, mas lá pela página 250 eu já estava prestes a arrancar meus olhos. Por sua culpa, livro, pensei, vou acabar sendo a do contra de novo. De novo!

Dito e feito. Aqui estou eu, sendo a do contra de novo. A essa altura do campeonato eu nem me sinto mais culpada em não gostar de algo tão bem falado, mas não gostar tantas vezes de livros considerados tão bons vai acabar me rendendo fama de megera. Well.

¯_()_/¯

Enfim, tive tantos problemas com esse livro que nem sei por onde começar, tantos que acho que essa vai ser uma das resenhas mais longas que já fiz, então vamos por partes.

Primeiro, a escrita. Nas descrições e nas cenas de ação (Abercrombie é tão bem falado para cenas de ação que se elas não fossem boas eu perderia minha fé no GoodReads) ela era até mesmo ótima, e é exatamente por isso que não dei apenas uma estrela para esse livro. A segunda está aí apenas por esses poucos momentos em que pude ler sem revirar os olhos. Mas os diálogos... Gente, os diálogos foram horríveis. Eu nunca vou entender porque usar tantas exclamações o tempo todo (na verdade eu entendo. Acho que já comentei isso em uma resenha de O Espadachim de Carvão, mas exclamações em excesso, itálicos em demasia e caps lock a todo momento são atalhos, sinais de que o autor não quis gastar tempo ou esforço caracterizando o personagem e/ou descrevendo a cena, então né, lazy writing oops), porque o Abercrombie não passa uma fala sem usar pelo menos três. Passei o livro todo imaginando personagens se esgoelando uns pros outros em situações em que isso não fazia o menor sentido. E isso irrita demais! Olha só! Como parece que estou desesperada te gritando! Quando na verdade não há motivo algum para isso! Uma exclamação de vez em quando é suficiente! Alguém por favor diga isso ao Abercrombie!

Segundo, esse livro não tem propósito nenhum. Nenhum mesmo.

Acho que já mencionei aqui no tumblr [no blog não falei nada], mas logo quando comecei a procurar dicas de escrita, isso há uns dois anos atrás, uma que eu vi sendo repetida a todo momento foi a que dizia que o plot de um livro é feito, entre outras coisas, pelos objetivos dos personagens principais, e que fazer personagens que são apenas guiados pelo plot de um lado para o outro é receita para o fracasso. O Poder da Espada, no entanto, é uma obra cheia desses personagens passivos (e faz sucesso, né), e por isso mesmo tem um dos plots mais vagos e soltos que eu já vi na vida. Os personagens não querem nada e quando querem não é mais do que por dois capítulos, que é basicamente o tempo que eles levam para alcançar esse objetivo. Vejamos: Jezal quer, supostamente, vencer o campeonato lá, certo? Mas ele não quer de verdade. Quem quer é o pai dele, quem exige é a sociedade em que ele vive, e não ele. E quando ele passa a querer (graças a um plot device pra lá de ridículo, vale frisar), é por apenas um ou dois capítulos e acabou. O Glokta só faz alguma coisa porque seus superiores o mandam (salvo uma única ocasião, que é logo deixada de lado depois), ele literalmente não quer nada e só responde as ordens de Glokta, faça isso, Glokta, faça aquilo lá, etc, etc, etc. O Logen então é ainda pior; ele escapa dos shankas e encontra o Primeiro dos Magos, que estava procurando por ele, e depois passa a segui-lo por aí sem sequer perguntar o porquê do Primeiro dos Magos querer levar ele para sei lá onde. Joe Abercrombie, isso é conveniente demais, pelo amor de Deus.

Esse livro só serviu para colocar os personagens no lugar certo para o volume dois, onde a história aparentemente começa de verdade, e é por isso que O Poder da Espada não passa de um grande prólogo. Um grande, tedioso e irritante prólogo. Teria sido muito mais fácil resumir o pseudo-enredo todo em dois parágrafos e lançar o volume 2 como 1. Garanto que teria me poupado muita coisa.

Terceiro, o livro tem uma plotline de romance que é basicamente um YA desses que todo mundo odeia, só que para garotos.

Conheçamos nosso casal: Jezal, um nobre arrogante, mimado e um babaca de marca maior que se acha a última bolacha do pacote, popular com as garotas, mas que é um espadachim habilidoso e por isso todo mundo meio que tolera ele, já que se espera que ele vença o tal campeonato e consiga uma grande promoção depois. Isso é literalmente tudo que se pode dizer sobre ele (cadê os personagens complexos do Abercrombie, hm?). Deixa eu YAzificar (?) ele para você: Jezal, um garoto rico arrogante, mimado e um babaca de marca maior que se acha a última bolacha do pacote, popular com as garotas, mas que é um ótimo jogador de futebol/baseball/whatever e por isso todo mundo meio que tolera ele, já que se espera que ele ganhe o campeonato de futebol/baseball/whatever e ganhe uma bolsa para alguma faculdade famosa por aí.

O que o Jezal é em ambos universos? O garanhão popular com uma personalidade horrível que dorme com muitas garotas e acha que amor é uma besteira, certo?

Agora a outra metade: Ardee, uma plebeia do norte distante, que ao contrário de todas as damas da capital, fala o que pensa e é inteligente. Além disso, obviamente não é um palito como as já citadas damas da capital, mas tem um corpo lindo e é, no geral, estonteante. YAzificando: Ardee, uma garota do interior, que ao contrário das meninas populares não é "fútil" e nem burra. Além disso, obviamente não é uma loira oxigenada e nem passa dez horas por dia em uma academia e nem se esforça o máximo para pegar aquele bronzeado, mas tem um corpo lindo e é, no geral, estonteante.

O que Ardee é em ambos universos? A famosa Garota Que Não é Como Todas As Outras e Que Por Isso Vale a Pena, oras. Para aqueles que não leem YA, isso é basicamente toda protagonista do gênero. Tada.

E o que acontece quando você junta o Garoto Garanhão Rico com a Garota Que Não É Como Todas As Outras?

Ele muda!

De uma hora para outra, todas aquelas garotas com quem ele fazia a farra antes não têm mais graça. Agora elas são pálidas se em comparação com a Garota Que Não é Como Todas as Outras, fúteis e sem sal, sem brilho. O amor passa a existir! ((. .)) O Garoto Garanhão Rico se apaixona tanto por ela que até mesmo ouvir outros caras falarem coisas indecentes sobre ela, como ele fez sua vida toda sobre outras garotas, o irrita a ponto de fazê-lo explodir de raiva! Ele se torna basicamente um cachorro babão atrás dela, porque é isso que o amor faz!

Romântico, não é?

Ora, faça-me o favor. (;¬_¬)

Enfim, terceiro, O Poder da Espada é cheio de clichés. Sim, clichés. Por favor espere um minuto antes de me jogar pedra, certo? Certo.

Antigamente, clichés no gênero de fantasia eram bem simples: O mestre, geralmente um mago, sábio e velho. O guerreiro nobre e honrado. A donzela em perigo. Os elfos como seres superiores. Todos os nobres sendo cavaleiros incríveis e bons, ajudando assim os pobres. O escolhido, geralmente um garoto pobre e/ou de fazenda. A profecia. O Lorde das Trevas/Escuridão. Blá blá blá.

Mas, surpresa, isso mudou. E acho que podemos culpar o Martin por essa mudança; ele tem algum crédito, ao menos.

Agora os clichés são outros: a nobreza toda não presta. O mundo é ruim, muito ruim, e usar pseudo-violência o tempo todo é o jeito mais fail eficiente de mostrar isso. A guria agora pode até ser uma donzela, mas tem pseudo-personalidade (lê-se: não é completamente dócil). Quando não é uma donzela, ela é completamente experiente e controla o herói facilmente, transformando-o no famoso cachorro babão. Quase nunca há mestre mais; os personagens já são todos bem crescidinhos e são guerreiros/mercenários formidáveis com um passado negro e sombrio. Bonus point se eles já tiverem matado muita gente. Bonus point em dobro se agora eles se arrependem por isso. Os pobres, quando não mercenários/ladrões, são gente decente e honesta castigada pelos maus tratos da nobreza. Agora todo mundo tem falhas (yay!), mas infelizmente muitos autores frequentemente se esquecem de que falha =/= personagem complexo.

Tada.

O Poder da Espada tem muitos desses clichés, mas o que mais me irritou foi o da nobreza toda não prestar. Principalmente se tratando das mulheres. Aqui, mais uma vez, Abercrombie deu uma de escritor de YA para garotas, só que como é fantasia a gente diz que é para garotos, certo? Todas as damas apresentadas no livro (não foram muitas, mas né) são colocadas pra baixo por usarem roubas bonitas e maquiagem, e todas são consideradas cabeças ocas que não pensam e só se viram com a ajuda de a) um homem b) uma governanta (que obviamente pensa, já que não é rica e nem uma dama). YAzificando: todas as garotas do colégio são patricinhas que só querem saber das fofocas e de roubas de marca, e que vivem se arrumando ao máximo para ir para as aulas. Porque é um crime se maquiar. E gostar de fofoca. Ou de roupa de marca. Sentença de morte se você ousar acompanhar revistas para garotas, porque estas são obviamente fúteis e você consequentemente se torna fútil. Boa mesmo é a Garota Que Não É Como Todas As Outras, que não usa maquiagem e gosta de roupas largas (ela não seria que nem essas garotas que mostram o corpo por aí!), joga video game e lê HQs ou mangás. Lembre-se: ser feminina é um crime e a punição é ser chutada para sempre para o canto das Garotas Fúteis. Cuidado!

Homens também não escapam. Todos da nobreza são egoístas que só pensam em si mesmo (e em dinheiro) e que não fariam nada pelo reino nem em mil anos. O único a ocupar um cargo de importância que é bom e honesto, surpresa!, é de nascimento plebeu! Ha!

_

(Uma petição para o Abercrombie escrever """"YA para garotas"""", que tal? Ele com certeza tem talento.)

Quarto, não há personagens femininas dignas (na verdade não há personagens dignos, mas duas mulheres apenas, então prossigamos). A Ardee só serve para (tentar) desenvolver o Jezal. A Ferro quer vingança e está com raiva. E só.

Quinto, que diabos foi aquilo no fim do livro? Era literalmente três parágrafos para um personagem e puf!, mudança de POV, mais três parágrafos para outro personagem e puf!, mudança de POV, e assim por diante. Irritante demais e sem propósito demais. E o clímax do livro foi uma piada, até porque o livro não tinha plot pra ter clímax. Triste.

Concluindo, O Poder da Espada foi um livro arrastado, sem personagens bons, com uma escrita razoável se você ignorar os diálogos, cheio de clichés e com um dos romances mais mimizentos que já li (e eu pensando que isso era exclusividade de YAs). Nada acontece nunca, o plot é inexistente, o clímax é inexistente, a mudança de POVs em vários momentos quebra o ritmo, e enfim, a coisa não presta, na minha opinião. Se quer ler uma ~fantasia realista~, recomendo qualquer outro livro, menos esse.

E depois dessa Bíblia percebi que duas estrelas é demais para O Poder da Espada. 1.5 então. E que venham as pedras (ou não).

site: http://lynxvlaurent.blogspot.com.br/
Rodolfo 19/12/2014minha estante
Concordo com muita coisa que vc falou. Não desgostei do livro mas o objetivo principal da trama fica pouco claro nesse primeiro volume.


Dezzinha 06/01/2015minha estante
Pensei que só eu pensava assim. Desisti do livro porque ele é muito lento e incerto. Fla-se de lugares que fazem parte do "país" ou "continente" (nem isso ele explica direito) mas não se sabe o que encaixa onde. Sem falar que essa da mulher que não se encaixa nos padrões é tão velha quanto a noviça rebelde.
Pra mim, um livro tem que convencer o leitor de que aquilo é possível de acontecer, que o personagem é "real". Esse autor não consegue nos envolver.
Não perco mais meu tempo com Abercrombie.


Joaquim 21/01/2015minha estante
Na moral, achei sua resenha cheia de criticas sem fundamento. Primeiro o lance do itálico e exclamação, primeiramente acho coisas bem pequenas para reclamar. Mas vamos falar a respeito delas, sobre a exclamação eu não percebi este numero enorme que você disse, pode ser que esteja certa, pode ser que exista no livro este exagero mas sinceramente eu tava tão dentro desta obra de arte que nem notei. Sobre o itálico, ele foi essencial para a obra, principalmente para o querido personagem Inquisitor Glokta, o autor mostra muitos os pensamentos dele de forma direta, acho um dos melhores pontos do livro, o cara é um torturador sádico e sarcástico mas a maioria dos leitores entende e ama o personagem. E simplesmente é hilário você ver a resposta mental e real do personagem perante a uma situação.

Agora sobre os cliches... serio, que livro ou filme ou hq que não existe cliche? Se isto for usado como critica apenas os livros primordiais seriam livros bons. Seu livro pode tá cheio de cliches mas o que vai fazer que ele seja bom ou ruim é a forma como você mostra estes cliches, como você escreve, a forma como você toca na emoção das pessoas com seus personagens. Estes cliches podem ser trocados de nome para classicos. E no caso deste livro muita gente gostou da forma como os "cliches" foram escritos. Hoje em dia é praticamente impossivel fazer uma boa obra de arte da literatura sem ter que colocar um "cliche".

Sobre a Ferro, a única coisa q falou dela foi que ela tem sede de vingança, como se fosse algo tosco, algo como cliche. Porra, quantas e quantas excelentes histórias existem personagens com sede de vingança? E meu deus, sem falar que ela está bem longe de todos os seus cliches, uma personagem extremamente original e ela é feita de uma forma bem realista.

Sobre as mocinhas, tu não gostou que as 2 mulheres principais são o tipo de mulher mais aventureira, esta é uma história cheia de aventuras, de lutas e etc, a única parte que tem politica no livro é a parte do Glokta, o resto é aventura, para esta história não caberia uma personagem principal mulher toda arrumadinha, fresca, toda donzela, não caberia. Personagem femininas cabem em histórias repletas de politica, como nos livros do George R. R. Martin. Mas deixa eu lhe falar uma coisa, no segundo volume de A Primeira Lei, no arco do Glokta tu vai encontrar uma personagem bem feminina. Mas continuando, nós leitores temos que nos colocar no lugar do autor, as vezes o autor até que quer colocar uma personagem que quebre os padrões, que não seja cliche, mas a história muitas vezes não aceita isto. Ae se o cara forçar fica uma bosta. Um exemplo disso é o livro O Trono do Sol, um livro que o autor coloca um monte de personagem que seriam "originais", mas eles não cabem na história, são personagens rasos, dois exemplos de personagens são um mendigo e um anão, ambos extremamente mal trabalhados. No caso do mendigo não se explica sua história, por que ele se veste como mendigo, ele para falar verdade tá mais para um mago do que para um mendigo. E sobre o anão, o fato dele ser anão não muda em quase nada na sua personalidade, pareceu uma tentativa falha de copiar o Tyrion de ASOIAF.

O que eu quero dizer é que tem histórias que simplesmente não cabem certos tipos de personagens, é muito melhor não ter eles do que simplesmente colocar personagens rasos na obra.

Agora tu falou e falou dos cliches mas nem sequer citou o fato de Glokta ser um dos personagens mais originais de todos os livros de fantasia, na minha opinião este livro nem precisa do Jezal, do Logen, da Ferro, ele consegue brilhar somente com o Glokta. Eu até tenho inveja deste autor por ter pensando na ideia de um torturador com o corpo todo destruído que gosta de fazer piadinhas sarcásticas para tornar sua vida mais prazerosa.

Logen também é um personagem bem diferente do que eu vejo por ai, quando eu vejo um barbaro penso em um cara orgulhoso que adora batalhas e sangue. O Logen é assim, quer dizer, era assim, quando mais jovem. Agora mostra um homem mais maduro que plantou muita violência na vida e agora quer seguir um rumo diferente, um barbaro que invés de procurar batalhas foge delas. Mostra a realidade de alguem que viveu cercado de sangue e mortos.

Jezal é meio cliche mesmo, confesso que ele poderia ter sido melhor desenvolvido, é um personagem que deixa a desejar em alguns momentos mas ele não tira o brilho da obra de forma alguma.

E quando tu falou que os personagens não tem uma determinação por si só, que não querem nada, que são guiados ou manipulados. O Bayaz não é ponto de vista, mas ainda assim é um dos personagens principais e tem uma grande determinação. Qualquer um que entenda alguma coisa de livros de histórias deveria saber que só por que o personagem não é ponto de vista não quer dizer que ele não seja um dos principais.

Por ultimo, vendo sua resenha percebo que este livro simplesmente não é do seu gosto, mas sinceramente as suas criticas não foram bem fundamentas. Principalmente sobre os cliches, vc fez questão de mostrar os personagens que são cliches mas esquece de citar os extremamente originais.


Jhionan 20/02/2015minha estante
Eu queria poder ler um livro seu e conhecer o que você idealiza como perfeição....


Janaina Beserra 05/03/2015minha estante
hummm agora que eu fiquei com mais vontade de ler! gosto quando há opiniões diferentes sobre os livros :D


Domino 26/03/2015minha estante
Nossa que resenha... adorei, eu tbm não gostei só fui ate o fim pq apesar de chato fiquei curiosa!


Thatha 16/06/2015minha estante
Pensei que eu tinha sido a única que não engoliu esse negócio do "última bolacha do pacote" do nada virar babão de "garota que não é como todas as outras" rsrs

Não é apenas neste livro, a verdade é que nunca vou achar interessante um personagem de características fortes que muda quase completamente de personalidade e ações para se tornar um babão que quer impressionar "a escolhida". Sem contar o fato de ele passar a ter que lidar com o ciúmes do irmão dela! Eu não gostaria de vê-lo sendo um canalha com ela, mas o comportamento do Jezal desde quando a Ardee apareceu está bem chatinho. É apenas minha opinião, mas da mesma forma que acho irritante uma personagem mulher vazia, uma cuja conversa parece se resumir em tiradas espertinhas ou irônicas para nós vermos que ela é 'inteligente e de personalidade' mas que está apaixonada por ele e só se fazendo de difícil é igualmente irritante, mesmo ela vivendo em um ambiente que meio que a obriga a ser assim. Não me incomodei tanto com as vestimentas diferentes, a verdade é que achei a personalidade dela um saco mesmo. Não queria que ela fosse uma das donzelas fúteis, mas assim ela está uma chatice.

Para mim, o que está segurando é o Glokta junto com os Práticos, principalmente o Frost, que aí sim achei diferente e original, até onde eu já li de livros de fantasia, pelo menos. Talvez ele seja apenas um personagem sem importância, mas acabo querendo saber mais sobre ele. Me animo quando chega a parte deles e estou achando legal as partes do Logen com o mago também, mas quando chega a parte do Jezal com a Ardee dá vontade de pular para a próxima. Ô romancezinho chato!


Edmundo 09/08/2016minha estante
Sempre que eu vejo alguém lendo livros sem vontade de ler, sai justamente esse tipo de resenha. A pessoa não gostou do livro e por isso vai colocando o que não gosta como defeito. Você deve ter uma ideia bem definida do que é uma trama boa, e como o livro não bateu com sua definição você não gostou. Acho isso completamente normal. Mas daí a dizer que o autor não sabe escrever, que a obra não vale nada porque não está do jeitinho que você gosta é simplesmente infantilidade.




Jung Angel 03/09/2014

E o que eu achei:
Que venha logo os segundo volume!! O poder da espada foi uma ótima leitura, gostei muito, e ao terminar fiquei a me perguntar porque demorei tanto para pegar ele e terminar logo de ler! Enfim uma leitura que me conquistou!!

Pra quem pensa que, O Poder da espada é apenas fantasia vai se surpreender com uma narrativa carregada de 'sangue', sim a história está repleta de mortes, torturas horrendas entre outras mais. E pra quem gosta de uma boa história de fantasia, com ação e até um bom suspense e uma boa pitada de mistério vai gostar muito da leitura de O Poder da Espada, e assim que o terminar vai ficar ansioso querendo a continuação como eu estou.

P.S: Se a resenha ainda não estiver online no blog, não se preocupem que logo será publicada. A resenha/opinião aqui no skoob é um resuminho da resenha completa que será ou já foi publicada no blog.

Acompanhe as resenhas/críticas completas no blog "Lendo com a Angel". Se puder siga e comente que ficarei muito feliz por sua companhia!

site: https://lendocomaangel.blogspot.com/
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Levi 24/08/2014

Muito legal...tem uma trama bem inteligente, alem de muita ação.
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Gabriel 05/08/2014

Qual dos três?
Realmente é muito difícil escolher um personagem principal pra essa trama. Por mais que um tenha uma característica que se aproxime muito de você, o outro que é totalmente o oposto te fascina mostrando as coisas incríveis que as diferenças podem fazer.
Um esgrimista jovem e mimado que vai aprendendo que nem tudo na vida vem fácil. Um assassino que não quer mais ser assassino, mas que com certeza não é algo que se consegue facilmente. E por fim um torturador, que mesmo estando frequentemente no controle da situação, nem sempre tem tudo tão facilmente por já ter sido por anos torturado.
Opondo-se a pouca magia explorada, uso o argumento que muitos usam e que de fato é a pura verdade: As cenas de lutas são excelentes. Só não perdem para os diálogos, que irão te colocar dentro da conversa que está lendo.
Mais um indispensável nas estantes de fantasia épica.
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Lina DC 16/07/2014

"O poder da espada" é o primeiro livro de uma trilogia incrível, onde Joe Abercrombie conseguiu criar um universo repleto de personagens irresistíveis.
O livro é narrado em terceira pessoa e os capítulos alternam entre os protagonistas, que se encontram em locais diferentes e situações diversas.
Começamos acompanhando Logen Nove Dedos, o líder de um grupo de caráter questionável que está no Norte, lutando contra um grupo de Shankas (que eles carinhosamente chamam de cabeça achatada). Logen é um homem que tem muitas perdas em sua vida. Sua família, amigos, bando. A vida inteira foi um guerreiro e tem tanto sangue nas mãos que até perdeu as contas. Agora ele se encontra extremamente ferido e sua jornada tem início.

"Apenas um instante atrás, não parecia possível que a situação piorasse, mas o destino dera um jeito de isso acontecer. Logen duvidava que Quai fosse de muita utilidade numa luta. Isso o deixava sozinho contra três ou mais, e tendo apenas uma faca. Se não fizesse nada, Malacus e ele seriam roubados e, mais do que provavelmente, mortos. É preciso ser realista com essas coisas". (p. 57)

Sand Dan Glokta é um homem de 35 anos castigado pela vida. Foi um soldado de grande destaque da União até ser capturado e torturado pelos inimigos. Voltou um homem quebrado não apenas emocionalmente, mas fisicamente também. Arrancaram-lhe os dentes, teve diversos ossos triturados e sua vida consiste em sentir dor o tempo inteiro. Não consegue fazer mais nada sozinho, e seu único prazer (se é que podemos classificar dessa maneira) é o seu trabalho como Inquisidor ao lado de seus dois práticos Frost e Severard.
Glokta começa a interrogar um acusado envolvido com A Guilda de Mercadores de Tecidos, um homem chamado Salem Rews. O que Glokta começa a perceber, é que ele é um mero peão em um jogo que envolve pessoas muito poderosas. Mas para quem já perdeu tudo o que importava, qual seria o problema em jogar um pouco e se divertir?
Em Adua, conhecemos o capitão Jezal dan Luthar, um jovem que é o estereotipo de filhinho de papai. Jezal está em busca de títulos, dinheiro e fama, mas sem esforço. Inicialmente demonstra ser uma pessoa fútil, sem aspirações ou objetivos. Mas ele é alvo do lorde Marechal Varuz para representar a União em um torneio, então ele precisa treinar, treinar e treinar para manter a sua reputação. De todos os personagens apresentados no primeiro livro, Jezal é aquele que passa a impressão de que será o mais enfadonho. Seus capítulos iniciais consistem em reclamações e reclamações, divagações sobre o nome de família e seu status social e da futilidade extrema que ele expressa. Bom, mas esse é apenas o começo....
Do outro lado, temos Bethod, o autoproclamado rei dos Nórdicos e seus filhos Scale (mais velho) e Calder (o mais novo) que exige que a União entregue Angland para o Norte ou então a guerra irá recomeçar. O interessante é que eles estão acompanhados de Caruib, uma feiticeira do extremo norte.
E é claro, temos os magos, representados nesse primeiro livro por Bayaz e seu aprendiz Malacus Quai.
Existem muitos outros personagens principais como Collem West, um soldado que tem seu cargo por mérito e não por causa do nome de família, Yoru Sulfur, o emissário da Grande Ordem dos Magos, Cachorrão, Tul Duru, Barca Negra, Sinistro, Três Árvores, Forley, Uthman-ul-Dosht (ou Uthman, o Implacável - que é o novo imperador de Dagoska), Ladilsa, o príncipe herdeiro, que tornam impossível a missão de escrever uma resenha curta e concisa rs.
Apesar de tantos personagens, existem mais dois que merecem destaque pela força e sutileza. Em um mundo repleto de violência e lutas, duas mulheres irão ganhar espaço na história, mas de maneiras completamente diferentes. Ardee, a irmã de West, que é uma brisa de ar puro em meio a uma sociedade artificial, e Ferro Maljinn, uma escrava fugida que quer vingança contra a nação de Gurkhul e não mede esforços para conseguir (ela luta muito!)
A construção de cada um dos personagens do livro é inacreditável. Eu sei que parece exagero, mas acreditem, não é! As respostas e pensamentos sarcásticos de Glokta, por exemplo, conseguem surpreender e ao mesmo tempo divertir o leitor, mesmo em uma cena com alto teor de tensão.
O primeiro livro é repleto de descrições sobre os locais e as pessoas, sobre o funcionamento político e social e também apresenta as histórias de todos esses personagens.
É uma história complexa, bem elaborada e viciante. A cada capítulo avançado, tudo o que queremos é descobrir o que mais vai acontecer. Temos conspirações, traições, lutas, magia, histórias centenárias, personagens ambíguos, drama. Um livro irresistível!
Para aqueles que estão curiosos em relação ao nome da trilogia (A Primeira Lei) posso adiantar que está relacionado com a história dos Magos!! E nem queiram saber sobre a Segunda Lei, porque essa realmente assustou!


"- Enquanto isso a União é sitiada por inimigos, perigos externos e internos. Gurkhul tem um imperador novo e vigoroso, que está preparando o país para outra guerra. Os nórdicos também estão fortemente armados, à espreita nas fronteiras de Angland. No Conselho Aberto, os nobres clamam por direitos antigos, ao passo que nas aldeias, os camponeses clamam por novos - disse, para então dar um suspiro profundo e concluir: - Sim, a velha ordem está desmoronando e ninguém mais tem força ou estômago para sustentá-la". (p. 79)
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João Vitor Gallo 04/06/2014

Nunca julgue um livro pela sua capa
O primeiro volume da trilogia “A Primeira Lei” realmente me surpreendeu positivamente, primeiro por me fazer acreditar naquela velha frase “Não julgue um livro pela sua capa”, se eu não tivesse ouvido boas coisas a respeito dele eu não o teria comprado, a capa é muito fraca, especialmente pelo conteúdo que encerra. O nome aqui no Brasil também é meio clichê (Originalmente se chama The blade itself), mas o conteúdo é o que conta e nisso ele se sai muito bem.

São histórias paralelas na perspectiva principalmente dos 3 personagens que podemos considerar os principais dessa história (Jezal, Glokta e Logen), mas que eventualmente aparece um ou outro capítulo na visão de um outro personagem secundário. Essas histórias e os personagens acabam por se juntar no final, o porquê disso obviamente não irei contar para não tirar a graça da história, mas tudo tem envolvimento com Bayaz, o primeiro dos magos, que foge muito daquele estereótipo do mago sábio e tranquilo, o que realmente coloca ele como uma das figuras mais misteriosas do livro e um dos melhores personagens, na minha humilde opinião.

Bem, aqui cabe uma pequena descrição desses 3 personagens, que são um tanto quanto “cinzas”, não sendo aqueles heróis nobres, nem vilões malignos, aproximando-se mais dessa tendência que tem sido apresentado nas obras de fantasia moderna, com um tom mais sombrio e ao mesmo tempo personagens mais reais, acho que assim tem-se uma melhor ideia do que a história pode oferecer. Bem, vamos a eles então:

Jezal dan Luthar- Jovem esgrimista de sangue nobre, hedonista, egoísta, narcisista, arrogante, esnobe e capitão do “Próprio do rei”. Tem uma vida fácil e busca uma vida mais fácil ainda se vencer o torneio de esgrima do reino, que lhe garantiria um título confortável, embora faça isso mais pela aprovação do pai e para dar um pouco de inveja aos seus irmãos.

Sand dan Glokta- Inquisidor amargo, um torturador que conhece bem os caminhos da dor, já que passou 2 anos preso sendo torturado após ser capturado em uma guerra. De volta ao seu lar ele ainda continua sofrendo pelas sequelas desses anos de tortura, fazendo que sua vida seja uma agonia sem fim, até mesmo nos menores atos como subir escadas. Na juventude ele era um dos melhores esgrimistas do reino e tinha um futuro promissor, mas essa vida foi roubada dele e agora junto com os práticos Frost e Severard obtém as respostas e confissões que deseja de seus prisioneiros.

Logen Nove Dedos, conhecido como Nove Sangrento- Um “bárbaro” do Norte, marcado por uma vida de lutas e batalhas sangrentas, estampadas no seu corpo pelas inúmeras cicatrizes que cobrem seu corpo. Com sua família morta, presumindo que seus amigos também estariam “de volta à lama” e com inúmeros inimigos no Norte ele decide abandonar essa vida de matanças. Possuí a rara habilidade de se comunicar os espíritos e é por eles que fica sabendo que um misterioso e famoso mago está a sua procura, e acaba se juntando com o tal mago, Bayaz, achando que seria interessante encontrar com tal homem, e que isso lhe daria pelo menos algum objetivo, já que tudo o que ele conhecia estava destruído.

O livro em si é muito bem escrito, realmente faz com que você queira descobrir o que vai acontecer na próxima página, ponto positivo para essa imersão que é muito importante nos livros, sobretudo dos de fantasia. Os personagens e suas motivações são bem construídos, você os acaba conhecendo em poucas linhas e vai entendendo-os melhor a cada capítulo, o que torna mais fácil a empatia pelos personagens. O clima de aventura e mistério (principalmente em relação ao Mestre Artífice) é bem passado nas linhas que compõem essa história, assim como os cenários criados. Outro ponto posito são as cenas de luta, bem feitas e trabalhadas na medida certa, com a brutalidade que as lutas devem ter e que se espera dos personagens, nesse ponto o autor realmente se sobressai.

Apenas como um aviso e acho que se faz relevante nessa análise é um fato que tem se tornado bem comum em livros de fantasia no Brasil, o nome de George R.R. Martin que tentam de alguma forma ligar a obra. Não gosto da maneira como os editores dos livros atuais fazem ao tentar associar qualquer livro de fantasia com o George R.R. Martin, seja colocando opiniões dele sobre o livro, sobre que determinado livro geralmente é muito bem visto pelos fãs das Crônicas de gelo e fogo, ou qualquer outra forma de associação, claro que entendo o marketing por trás disso, mas isso pode prejudicar a obra por fazer dela algo que ela de fato não é, mudando a percepção do conteúdo e criando uma expectativa que pode cegar para uma boa história que é contada de forma bem diferente, mas igualmente divertida. Não leiam com esses olhos e certamente vão gostar desse livro.


site: https://focoderesistencia.wordpress.com/2015/06/03/resenha-o-poder-da-espada-joe-abercrombie/
Rafahh 31/07/2014minha estante
Realmente, usar o nome de Martin para vender livros de gênero igual ou parecido influencia na compra, mas é horrível você pegar algo para ler criando a expectativa de que seja tão bom quanto, e acabar não sendo. Ainda não li o livro, e mesmo que ele seja bom, não dá para comparar um com o outro devido à complexidade das obras de Martin.


João Vitor Gallo 04/08/2014minha estante
É de praxe no mercado pra atrair, principalmente aqueles que não estão acostumados a ler esse tipo de estilo, colocando um autor famoso ou que esteja fazendo sucesso atualmente. Isso pode ser um tiro no pé da própria editora, fomentando uma imagem desnecessária e podendo estragar a história com essa expectativa, onde se não houvesse o mesmo poderia ser melhor aproveitado. Em resumo, cria-se uma imagem de um livro na cabeça do leitor que pode decepcioná-lo, e se este mesmo leitor lesse o livro sem essa imagem poderia gostar dele. O ruim é que agora todo livro de fantasia tem o nome do Martin em algum canto para atrair essa galera.

PS: Pode ler que o livro é bom mesmo.




João Lucas 03/06/2014

Explorando os problemas internos e externos do ser humano, e adicionando uma boa pitada de diversão, é uma ótima pedida!
Foi um puta sacrifício terminar esse livro e começar essa resenha, mas finalmente consegui! Essa dificuldade toda, não tem nada a ver com o livro, De forma alguma teria algo a ver com essa obra!
Ok. Vou explicar...
O autor usa um estilo de narrativa capitular popularizado pelo George R.R. Martin, em Guerra dos Tronos (aliás, há um pequeno depoimento do autor, no verso do livro), que é uma narração em terceira pessoa, alternando os personagens de capitulo para capitulo, e só mostrando o que estava ao alcance dos olhos dessas pessoas. Inicialmente, apenas três personagens possuíam ponto de vista: Logen Nove Dedos, Jezal Dan Luthar e San Dan Glokta. Ao decorrer do livro, personagens secundários, como Collem West, Ferro Maljinn e Cachorrão, também são adicionados a essa lista. Fazer isso é uma excelente maneira, encontrada por Abercrombie, de não deixar o leitor panguando, mas também não entregando o mundo de bandeja para ele.
Depois da segunda parte, quando os personagens principais se encontram no mesmo local, Joe começa a fazer essas mudanças de ponto de vista dentro do próprio capitulo, alternando os personagens e criando uma leitura contundente, e por conseguinte, mais longa. Porém, mesmo com o aumento de certos capítulos, eles ainda possuem um tamanho bem reduzido se comparados á outros livros de fantasia, o que torna a leitura mais fácil para pessoas que não possuem o hábito de ler freneticamente.
O ritmo de descrição que ele impõe ao leitor, principalmente nas cenas de luta, é constante e nada maçante. E o fato de ele colocar diálogos estrategicamente, para quebrar o ritmo da descrição, também é um dos fatores que torna ela mais agradável. Mas apesar de os diálogos possuírem uma importante função para o ritmo, em sua função narrativa eles oscilam entre o genial e o ridículo. O autor que escreve Aqui, cada homem cultua a si próprio., não me parece ser o mesmo que escreve:
- Quem vai cuidar da história quando eu partir?
- Quem se importa? Desde que não seja eu..
Entretanto o ponto realmente forte são os personagens. Bastante complexos e tridimensionais, eles me fascinaram, e roubaram o livro pra eles.
Jezal Dan Luthar apesar de ser arrogante e pretensioso, características que não devem ser confundidas com bidimensionalidade, ele possui algo muito bom dentro dele que vai ser despertado por um personagem secundário. Mas é um rapaz cheio de ilusões, que nasceu em uma família muito rica, e sonha em ascender socialmente. Uma boa representação de um jovem alienado pela sociedade em que vive.
Logen Nove Dedos, é um personagem muito forte fisicamente, mas que possui problemas de dupla personalidade e vive uma luta interna dentro de si, além de uma série de traumas. É estranho ver que um selvagem do norte, é um dos personagens que possui mais honra no livro. É um homem que está sempre em evolução ou, pelo menos, está lutando para isso.
San Dan Glokta, o melhor personagem do livro na minha opinião, é um cara amargurado, sofrido. Sua condição física reflete o seu psicológico estraçalhado. Toda concepção do personagem, os efeitos do que a tortura causou nele e na sua vida e a forma como ele pensa, nas pessoas e no mundo, depois do que ele sofreu tudo isso contribui para que simpatizemos com o personagem. É uma pessoa que entende perfeitamente a podridão do universo em que está inserido, e que está sempre questionando não só a condição do mundo, mas a sua própria também.
Outros personagens coadjuvantes também merecem uma breve citação, como Ferro, que possui um nome bastante apropriado para sua personalidade, Bayaz, um ótimo clichê de RPG e que funciona muito bem, Cachorrão e os homens nominados, personagens que tem uma personalidade e um físico que os distinguem (CHUPA ANÕES DO HOBBIT!!!), Collem West, um rapaz pobre que alcançou um alto grau no exercito e que tem que lutar contra o preconceito social diariamente, Ardee West, um ótimo personagem feminino.
E falando sobre os personagens, acredito que vocês já subentenderam o subtítulo da resenha. Joe Abercrombie realiza uma obra que vai além da diversão. Ele utiliza todo seu background em psicologia para criar personagens ultra complexos, e os-utiliza para fazer criticas a sociedade atual. A analise do autor, sobre o homem (seja ele como individuo ou ele em sociedade), é profunda indo de psicologia á sociologia, e por vezes, passando pela filosofia. Ás vezes, eu até consigo enxergar referências a teoria Id, Ego e o Superego, do Freud. Seus personagens como eu disse são tridimensionais. Não são bonzinhos ou malvados, são simplesmente seres humanos, primatas bípedes dotados de inteligência maior que os outros animais.
Não posso analisar muito a história já que se trata de uma trilogia, e ele deixa muitos pontos em aberto. Mas devo dizer que, até o final desse primeiro livro, ela está muito boa, e que provavelmente te transformará em um escravo da saga.
Enfim, é um livro muito bem escrito, divertido e leve. Mas que também é um aprofundamento muito interessante nas questões humanas e sociais. Filosofia, psicologia, sociologia, diversão... Foda!
Merece muito ser lido!

site: http://faceinbookforever.blogspot.com.br/2014/01/resenha-o-poder-da-espada.html
GuiMoreno 27/09/2014minha estante
Achei engraçado que lendo as resenhas do pessoal aqui do fórum e o pessoal está reclamando do Jezal Dan Luthar. Na minha opinião, ele foi um personagem tão interessante quanto os outros, e que teve a maior evolução dentro desse primeiro volume.
Bom isso é só minha opinião.
Adorei sua resenha e concordo com você quando diz que Jezal Dan Luthar não pode ser confundido com um personagem bidimensional.
Abraço




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