Você é minha mãe?

Você é minha mãe? Alison Bechdel




Resenhas - Você é minha mãe?


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Ivan de Melo 03/09/2020

Alison Bechdel, sua mãe e o divã do terapeuta: a complexa continuação de "Fun Home"
O quadrinho “Fun Home” (2006) foi sem dúvidas uma das minhas leituras mais empolgantes na temática LGBTQIA+. Nele a cartunista estadunidense Alison Bechdel nos apresenta uma narrativa biográfica sobre a iniciação da sexualidade lésbica ao mesmo tempo em que conta a trajetória da homossexualidade de seu pai. Com um pungente trabalho de memória e referências que perpassam a literatura, o conjunto é uma obra divertida e comovente que aborda também a complexidade das relações familiares.

Se em “Fun Home” o ponto de partida é a relação paternal, em “Você é Minha Mãe?” a autora se dispõe a analisar sua relação com sua mãe, a mulher – ela confessa - que parou de lhe beijar antes de dormir aos sete anos de idade, uma das muitas marcas carregadas pela Bechdel filha. E quando falo em analisar, trata-se de uma análise de fato. O elemento da psicanálise permeia as conversas entre a mãe e filha e entre a filha e seus terapeutas, mesclando teorias de Freud e Donald Winnicott além das biografias das escritoras Virginia Woolf e Alice Miller na busca por respostas ou novas perspectivas sobre sua relação maternal quase como um estudo de caso. Ao mesmo tempo, Bechdel expõe o processo da escrita da obra sopesando os seus possíveis reflexos, e revolve seu trabalho anterior e suas relações amorosas (como pode) em diálogos francos com sua mãe. Diálogos estes que não pretendem forjar imagens ideais sobre a figura materna ao expor as subjetividades da mesma e a busca por uma espécie de trégua familiar. Sua mãe era uma atriz que durante muito tempo balanceou a carreira, a maternidade e um casamento insustentável, como vimos também no quadrinho anterior.

Esse mote e a abordagem de Bechdel para nos contar sobre sua relação com a própria mãe faz dessa uma obra muito mais densa e eu diria que às vezes até um pouco hermética para aqueles que não estão acostumados com os jargões da psicanálise, a quantidade de referências e a possibilidade de que você talvez pare no caminho para fazer uma rápida pesquisa em segundo plano pode deixar a leitura um tanto quanto processual. Mesmo lançado seis anos após “Fun Home”, este trabalho é uma continuação direta e subentende-se que o leitor conheça previamente aqueles personagens, o que pode desnortear um pouco os leitores que decidirem conhecer a obra da autora por aqui. Uma boa sugestão talvez seja uma leitura sequencial dos dois títulos, o que evidenciará um amadurecimento de Bechdel no tratamento dos temas inerentes ao seu próprio passado. Se você for interessado por temas da psicanálise, o segundo então é uma ótima referência.
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Heloiche 05/01/2021

Psicanalise em foco
Em tempos de pouca concentracao, recorri a minha estante de HQs. Aleatoriamente, comecei por este da Alison Bechdel.Que leitura exigente foi esta! Desceve o processo pelo qual passou a autora durante os oito anos que demorou para escrever um livro sobre o pai. Seria muito bom ,se por perto eu tivesse, um psicanalista para me ajudar a entender. Essencialmente, a busca pela historia do pai, a necessidade da aprovacao da mãe, claro uma participante ativa nessa historia, pela aprovação do que ela dizia, levou a um conhecimento de uma relação triste com a mãe. Dificil acompanhar todo o processo psicanalitico pelo qual ela passou, descrito em detalhes. Nada trivial para leitores leigos como eu, em referências sobre psicanálise.
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Maia 06/12/2020

Já havia lido o Fun Home e comparativamente gostei mais do primeiro. Nesse livro Alison faz uma análise da relação com a mãe com pano de fundo em teorias psicológicas. Para mim foi cansativo as várias citações de autores em psicologia e psiquiatria. Gostei particularmente das citações a respeito de Virginia Woolf.
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luana 10/05/2023

Você é minha mãe.
Acho que todo mundo ao fazer essa leitura sente que a sua relação com a sua mãe remete de alguma forma a relação da autora com a própria mãe.

Sou muito suspeita para falar porque eu gosto muito de quando o autor escreve sobre a sua própria vida e amo quadrinhos, mas também sinto que a Alison merece créditos pela sua maravilhosa forma de narrar a própria vida.

Eu não tenho muito a dizer sobre, geralmente sou melhor em expressar meus pensamentos, mas não teve como, esse livro tratou sobre um assunto muito pessoal e complicado até para falar alguma coisa necessariamente ruim sobre a narrativa.

O maior problema para mim foi que eu senti que esse livro era eterno, não que eu não estivesse gostando, mas se tornou levemente massante efetuar essa leitura, porém é uma boa leitura, então não era algo necessariamente ruim!
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Mama 20/01/2022

Livro pra quem gosta de psicologia
Gostei muito desse livro, pois, além de mostrar um relacionamento conturbado entre mãe e filha, traz muitas informações interessantes sobre Woolf e muitos teóricos da psicologia.
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Rafaela Moura 16/03/2020

Bom
Livro bom. Não gostei tanto quanto gostei de fun home, mas acho até injusto fazer esse tipo de comparação.
O livro é bonito, gostei muito dos desenhos e das cores. Os traços bem característicos da autora me agradam também.
Gostei da história de uma forma geral, dos recortes da relação com a mãe, as sessões de terapia e as relações amorosas. Mas achei que tinha citações demais, referências demais aos autores que permeiam a história. Achei que em alguns momentos quebrava, interrompia, a narrativa. Mas talvez seja porque eu não tenho tanta familiaridade com o Winnicot.
Resumindo, achei bom.
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Renata (@renatac.arruda) 27/07/2015

Fazendo as pazes com a mãe
Continuação do excelente "Fun Home", "Você é minha mãe?" é muito mais cerebral que o primeiro. Alison Bechdel, que ficou conhecida pelo Teste de Bechdel, parece mais querer fazer as pazes - de maneira metafórica - com a mãe, que contar propriamente uma história, e sua maneira de fazer isso é esmiuçando o relacionamento emocional entre ambas traçando paralelos com a psicanálise, mais especificamente as teorias de Winnicott, os escritos de Virginia Woolf e alguma coisa da seguda onda do feminismo.

É um livro denso, de estrutura complexa, sem o mesmo apelo emocional de "Fun Home", mas não menos cativante, que sem querer pode acabar instigando o leitor a refletir sobre seu relacionamento com a figura materna e buscar suas próprias respostas.

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Kiara | @livrosdakiara 18/06/2022

Prefiro fun home
Em algumas partes, parecia que eu estava lendo um texto científico da faculdade ??? mta coisa elaborada e reflexiva, fun home tem um pouco disso também mas achei bem melhor. As vezes eu li e fiquei sem entender mesmo e tudo bem. Mta viagem p minha cabeça. Mas eh um bom trabalho, fico impressionada em como ela se expõe nesses livros.
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Pfmirand 11/02/2023

Reconhecer-se
Depois de me afundar em fun home, alison volta ainda mais certeira em "Você é minha mãe?". é difícil conseguir conter a vontade de devorar a leitura, é detalhado de um jeito que te envolve a cada cena. uma invasão de terapia. mas também é possível de se reconhecer em cenas e relacionamento das personagens. sinto que fui fisgada por sentimentos profundos.
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Juni 28/11/2022

Você é minha mãe?
O livro de Alison Bechdel, traz a relac?a?o da pro?pria autora com sua ma?e, fazendo uma combinac?a?o com a obra de Donald Winnicott* (1896-1971), sua vida amorosa e refere?ncias litera?rias.
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*Winiccott foi um pediatra e psicanalista ingle?s que estudou a relac?a?o ma?e-bebe?. Na teoria winnicottiana vemos o desenvolvimento e amadurecimento humano atrave?s de uma o?tica que considera o ambiente, assim como as relac?o?es familiares, de extrema importa?ncia. ???????????????????????????????
E? curioso ver como uma pessoa, considerada leiga, no estudo das obras desse autor, consegue trac?ar paralelos ta?o interessantes interligados a uma fundamentac?a?o teo?rica. E tambe?m como coloca sua relac?a?o com suas terapeutas e a forma de abordar os temas estudados na terapia.
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Entretanto, para quem na?o e? da a?rea, a leitura acaba se tornando densa - ao meu ver, pois e? recheada de refere?ncias a?s teorias psicolo?gicas e psicanali?ticas. Para ale?m dessa questa?o, traz algumas passagens escritas por Virginia Woolf em seus dia?rios e cita a autora ao longo do quadrinho. Faz um paralelo tambe?m com uma ilustrac?a?o do Dr. Seuss. ????????????????????????????????
O relato autobiogra?fico carrega emoc?o?es fortes, fantasmas do passado e as formas que a autora buscou para entender seus sentimentos frente a?s situac?o?es que lhe ocorreram na infa?ncia, adolesce?ncia e na vida adulta.
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Leitura va?lida para todo mundo, principalmente estudantes e profissionais de psicologia que se interessam pela psicana?lise.
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Giovanna.Louise96 30/11/2022

É isso, não tem jeito. A Alison tem um jeito de me pegar as vísceras, mexer tudo, colocar de volta no lugar só na última página.
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Mariele 16/02/2021

Redundante
Li esse livro como continuação de Fun House, que realmente tinha uma historia mais interessante. Porém o livro em questao foca na mãe da autora e a história e totalmente sem graça e sem pontos fortes ou climax. Muito grande para não ter assunto. Mais parada que minha vida
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Gabriel 11/04/2014

Intimismo, sensibilidade e sacrifícios
Impossível falar de um livro sem mencionar o outro, apesar de que até o ano de 2012 Você é Minha Mãe? não havia sido publicado. Mas, agora que o foi, ao se reler Fun Home, de 2006, que já era um livro denso e poderoso independentemente, após a leitura da segunda graphic novel de Alison Bechdel esta acaba por enriquecer a análise do primeiro livro, assim como o inverso certamente ocorrerá para quem se arriscar a ler o album de 2012 antes do de 2006, pois, ao contrário do que a sobrecapa de Você é Minha Mãe? afirma, este não se trata exatamente de uma continuação do outro, sendo ambos, antes de tudo, obras de arte sobrepostas, intercaladas e interconectadas. Dizer que um é a continuação do outro é como dizer que a mãe é a continuação do pai, e isso não faz sentido nenhum, ao menos teoricamente, pois, a despeito de tudo, a mãe continua a vida, enquanto o pai induziu sua própria morte. Mas adianto-me.
Fun Home traça uma biografia do pai da autora conjuntamente com a autobiografia da própria, seguindo a tendência contemporânea no universo dos quadrinhos das histórias autobiográficas. Mas, pode-se dizer que ela não traça exatamente uma história, e sim, uma auto análise, reflexão e uma percepção particular e íntima de sua família, em especial a respeito do pai, sob a luz dos livros que este lia avidamente, e que, para quem ler perceberá, influenciou bastante na história dele e em suas atitudes. Isso me fez pensar num diálogo que tive uma vez com uma amiga, em que esta assumia que as atitudes que ela tomava e por consequência uma boa parte de sua história havia sido influenciada por experiências literárias. Tiro por mim, também, que passei a apreciar e analisar mais as relações humanas, tanto as próprias quanto as alheias, numa espécie de exercício em busca de arquétipos e tipos sociais, motivado pela rica experiência observativa do livro de Marcel Proust, que se tornou o meu favorito, Em Busca do Tempo Perdido, além dos estudos fisiológicos russos do século XIX (não, nada a ver com a fisiologia do corpo humano), que se aventuravam em descrever estes tipos, uma espécie de crônica social romanceada.
Já Você é Minha Mãe? é um livro mais maduro e surpreendente em sua abrangência temática. A literatura aqui é substituída pela psicanálise, exceto por referências a Virgínia Woolf. Aqui, o livro trata de Winicott, Woolf e Jocelyn, sua psicóloga. Todos esses exerceram uma influencia maternal em seu desenvolvimento mental, além de sua mãe genética.
As relações humanas acabam por ser o tema principal de ambos os livros, para o bem e para o mal, e isto foi o que me atraiu na análise das obras. Tolstói escreveu em sua famosa e supracitada frase de abertura de Anna Kariênina: "Todas as famílias felizes se parecem entre si. As infelizes são infelizes cada uma a sua própria maneira." Apesar de ter medo de chover no molhado com uma citação tão clichê, é exatamente isso que me veio à mente quando fiz a releitura de Fun Home, em que justamente na página de abertura há um desenho do livro de Tolstói, sendo que este não é mais mencionado ao longo do álbum de Alison. Fiquei besta com a incrível sutileza (ela comenta que seu objetivo é sempre informar algum detalhe sutil em cada um de seus desenhos, e ela consegue fazer isso magistralmente). Pois de fato a história da família Bechdel é infeliz, mas de uma maneira um tanto peculiar. A tristeza aqui não se traduz em sofrimentos físicos nem em algum tipo de violência doméstica, não ocorrem tragédias gregas ou romanas. A tristeza se revela por conta de que a autora se recusa a mascarar o que quer que seja, sendo obsessivamente sincera, além de filosofar em retrospecto a respeito de cada ato realizado por si e seus pais, a respeito de seus seres interiores, suas psíques, suas opiniões e atitudes. O que dá o tom triste (acho que melancólico é a palavra correta, pois a melancolia é sóbria e contida, como afirma Ariano Suassuna em A Pedra do Reino, palavras estas que poderiam ser usadas para definir o tom destes livros) é o ressentimento que ela desenvolveu contra os pais pela falta de afeto e contato físico. Como Bechdel interpreta a obra Winicott em Você é Minha Mãe?, refletindo que "o sujeito tem que destruir o objeto, mas o objeto tem que sobreviver à destruição", pois, "se o objeto não sobreviver, ele vai permanecer interno, uma projeção do Self do sujeito. Se o objeto sobrevive à destruição, o sujeito o observa como algo a parte". Da mesma maneira como Virgínia Woolf se livrou do fantasma psicológico de sua mãe sobre si ao concretizar Passeio ao Farol, Bechdel dá a impressão de querer se livrar do fantasma psicológico de seus pais, tornando-os meros objetos que ela poderá analisar de modo racional e menos emocional, impossibilitando-os de assim exercerem sentimentos de culpa nela.
Enquanto em Fun Home ela justapõe suas observações com obras literárias, em Você é Minha Mãe? ela o faz com as teorias do psicólogo e pediatra Donald Winicott (este livro me motivou a comprar um outro chamado Vivendo Num País de Falsos-Selves, do psicólogo pernambucano Júlio de Mello Filho, sobre as aplicações das teorias de Winicott em nossas rotinas cotidianas, o qual pretendo ler em breve), além de algumas poucas menções a Freud e Lacan. Seu estilo, apesar de autobiográfico, não se resume a contar uma história, como já disse. É como se ela escrevesse uma dissertação com suas reflexões, e para ilustrá-las, utiliza-se de momentos soltos de sua vida e da vida de seus pais, encadeando e correlacionando numa cronológica descontínua, o que se revela genial. Apesar do livro não possuir uma "trama", num sentido amplo, é justamente esse encadeamento e correlação que a delineiam. Os capítulos foram escritos com esmero, lógica e coerência invejáveis, sempre com um final surpreendente arrebatador e dramaticamente eficientes (por exemplo, ela liga o fato de que seu pai ficou preso na terra aos 3 anos, e conecta com a reflexão sobre o pai morto, preso na terra para sempre).
Ambos os livros são obras densas, que fogem do melodrama em busca da mais sincera realidade. Tem charme e tem poesia, de seu modo mas tem. Recomendo fortemente.


Mais resenhas:
http://oquadropintadodecinzas.blogspot.com.br/2014/04/resenha-fun-home-e-voce-e-minha-mae-de.html

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