Camis 06/09/2013Eletrizante, viciante e recomendadíssimo!O apocalipse começou. Diferente de tudo que imaginávamos, ele não envolve terremos, vulcões e tsunamis. Nada disso. O apocalipse começou no dia em que cientistas americanos decidiram iniciar uma pesquisa cientifica sobre o vírus da Raiva. O objetivo deles era apenas descobrir até onde poderiam ir as modificações no vírus, como poderiam conseguir a cura, mas um desastre aconteceu, e durante uma de suas mutações o vírus atingiu proporções inesperadas. No início, eram apenas alguns assassinatos brutais que surgiram na vizinhança, ou pessoas próximas que passaram a ficar doentes subitamente e que não podiam ser visitadas nos hospitais. Até que finalmente eles entenderem que os infectados eram assassinos inteligentes e sem nenhuma memória ou sentimento humano, e o único jeito de proteger a população era isolando-os no subsolo.
Quando as pessoas da cidade de Los Angeles foram obrigadas a se refugiarem em abrigos públicos ou nos porões de suas casas, o governo tinha deixado a promessa de que tudo seria controlado em alguns dias, no máximo semanas, e que a comunicação entre eles seria feita através do rádio. Sherry e sua família de sete pessoas foram alguns dos muitos acreditaram no governo e se esconderam do vírus, mas já se passaram 3 anos e os militares há muito haviam deixado de transmitirem informações pelo rádio, deixando-os em um isolamento total.
Três anos foi o tempo que Sherry conviveu em um espaço minúsculo junto com sua mãe, pai, irmã (Mia), irmão (Bobby), vovó e vovô. Eles tomavam banho de 3 em 3 dias e por tempo controlado para economizar a água, fracionavam a comida, pedalavam uma bicicleta para gerar energia, e não tinham a menor privacidade. A coisa piorou quando vovô morreu, e eles foram obrigados a acomodar seu corpo no freezer, ao lado de suas comidas congeladas, já que não podiam realizar um enterro decente. A comida estocada devia durar mais alguns meses, mas após todo esse tempo no abrigo ela finalmente tinha chegado ao fim, e a única solução encontrada pra que eles não morressem de fome era que Sherry e seu pai saíssem em busca de alimento.
O ambiente que a garota de apenas 15 anos encontrou não se parecia nenhum pouco com a antiga Los Angeles que tinha em sua memória. Agora, o local que antes era uma paisagem de concreto e automóveis, estava desabitada, destruída, empoeirada e silenciosa. Sherry e o pai dirigiram até o primeiro supermercado que encontraram, sempre atentos ao que quer que o governo havia dito que era perigoso, mas, enquanto vagueavam pela sessão de enlatados, eles foram atacados. Ambos correram, ambos atiraram, mas de nada adiantou. Quando ela imaginou que estava preste a morrer um garoto desconhecido a salvou, seu nome era Joshua.
Seu pai havia sido capturado pelos Chorões, como são chamados aqueles que se transformaram, e Sherry está decidida a procurar por ele. Mas antes ela precisará voltar para sua família e levá-los para um lugar seguro, onde Joshua mora com outros refugiados. Enquanto a garota busca pelo pai e protege sua família, um romance começa a surgir entre ela e Joshua, o garoto que está arriscando a vida para ajudá-la. Mas enquanto pra Sherry, Joshua significa força, pra ele ela é sua fraqueza. Na outra vida, a vida que tinham antes da epidemia, ele podia até se dar ao direito de ser vulnerável, mas nesta vida a garota será seu ponto fraco.
Desde de o momento em que li as primeiras palavras de A Outra Vida já sabia que ia me apaixonar, e não deu outra. Ainda estou em estado de êxtase com a narrativa e enredo criados pela Susanne Winnacker. Sabem aquele tipo de leitura eletrizante que te pega de jeito e não deixa você largar o livro em nenhum minuto? É desse jeito que me senti enquanto lia A Outra Vida. Não há no que falar quando se diz pontos negativos, porque é simplesmente impossível encontrar algum. Talvez eu pudesse mencionar alguns deslizes da tradução/revisão que deixaram passar pequenos erros de português, mas nem mesmo isso me fez ficar insatisfeita com a estória.
Susanne criou um verdadeiro espetáculo para o seu leitor. A cada página que lemos vamos nos envolvendo um pouco mais com enredo e chegamos até a roer as unhas de ansiedade. Um livro totalmente original, que tratou sobre o apocalipse e sobre zumbis de uma maneira inovadora e totalmente possível. Se você nunca leu algo sobre o vírus da Raiva, procure saber sobre o assunto, mas, em resumo, é uma doença que é mais comum em cachorros, mas que também pode ser transmitida aos humanos através da saliva do animal, e que deixa o infectado extremamente agressivo ao ponto de babar. Agora, se já em seu estado atual a Raiva é tão perigosa, imagine se algum teste do governo desse errado e, ao invés de enfraquecer o vírus, eles o fortalecessem? A criatividade e a maneira rigorosa com que a autora desenvolveu sua teoria é até mesmo espantosa, não sendo possível identificar nenhum ponto falho.
O livro é narrado sobre a perspectiva de Sherry, e o detalhe que mais gostei, além da belíssima diagramação feita pela Novo Conceito, foi na verdade as lembranças da garota que Susanne sempre coloca como início de cada capítulo. Antes de cada novo capítulo, em uma única página, a autora descreve alguma lembrança de Sherry antes de se abrigar no porão de sua casa. As memórias variam, mas sempre mostram a total inocência da garota, que nem imaginava que em breve estaria sendo isolada do mundo.
Este livro é um lançamento de agosto da Novo Conceito, e se você ainda não tem ele na sua estante está na hora de comprar. Uma estória inovadora, bem desenvolvida, cheia de ação e suspense, e dotada de um bom romance. A leitura de A Outra Vida é uma aventura maravilhosa e eletrizante que qualquer leitor irá adorar!
"Três anos, um mês, uma semana e seis deis se passaram desde a última vez que vi a luz do dia. Um quinto de minha vida. (Página 7)"
"(...) Nosso beijo teve gosto de sangue e lágrima. De chuva e poeira. De dor e de alívio. Mas, acima de tudo, significava uma promessa. Um voto de que nunca deixaríamos que nada nos acontecesse. (Página 236)"
site:
http://nolimitedaleitura.blogspot.com.br/2013/09/a-outra-vida.html