Tami 19/06/2014Pouco aprofundado e muito sexoNota: 2,5
Resenha publicada no blog Gaveta Abandonada.
Releituras de contos clássicos estão em alta no momento. São séries e vários livros com a temática. Gostei de Alice, Branca de Neve e Caçador, achei Once Upon a Time - série de TV - meio monótona apesar da história interessante, então quando a editora anunciou o lançamento da Saga Encantadas, fiquei bem curiosa para saber como seria este. Acabei encontrando um livro irregular, mas com uma releitura bem interessante.
"- Ela está velha demais para esse apelido - disse a rainha. Ela estava de pé olhando para o pátio abaixo. O sol da manhã descia sobre o solo, mas o ar ainda estava frio. Ela tremeu. - Precisa começar a se comportar como uma dama. Uma princesa." (pág. 7, primeiras linhas)
Lilith, a madastra, é uma mulher muito bonita e a nova rainha do reino. Ela nunca despertou o carinho do povo, que sempre sentiu saudades da antiga rainha que possuía um bom coração. Branca de Neve é como a mãe: adorada e respeitada por todos. Aqui Branca gosta de andar a cavalo, de sair com roupas masculinas e beber, que são algumas das coisas que incomodam a madrasta pois ela acredita que assim ela nunca irá se casar e sair de casa. Então, quando o Rei vai para a guerra, Lilith resolve se impor sobre a população através do medo e da constante vigilância a todos. E então se torna a madrasta que conhecemos dos clássicos, querendo inclusive o coração de Branca de Neve.
Gente, desculpa, mas que bagunça esse livro. Em alguns momentos é uma bagunça bem interessante e em outras, bem, é só bagunça. Branca de Neve é uma criatura muito chata, não é a toa que a madrasta queria o seu coração. Ela acabou ficando com a "doçura" do desenho, mas sem a ingenuidade do mesmo. Para mim, soou como uma pessoa até mesmo falsa e mimada em alguns momentos. Acho que gostei e entendi mais Lilith nesse livro... claro que ela é exagerada, mas não simpatizei com a princesa mesmo.
No geral não gostei muito da forma de escrita, apesar de se aproximar mais do estilo "conto de fadas". A autora não se aprofunda muito no história e seus acontecimentos, talvez por acreditar no conhecimento do leitor sobre os personagens. Contudo algumas cenas e ações mereciam explicações melhores, mesmo que os contos conhecidos sejam igualmente rasos (afinal, alguém realmente leva a sério o romance da Branca de Neve e do príncipe no desenho, considerando que ele é um ser com quem ela nunca sequer conversou na vida?).
Uma coisa que gostei foram as misturas entre os contos. Aqui a mãe de Lilith é uma velha que mora sozinha na floresta em uma casa de doces e adora comer crianças gordinhas. Lembraram de alguém? Também encontramos Aladim, em uma versão também diferente da que conhecemos na Disney. Confesso que o que muita gente considera como ponto fraco considerei como o grande "tchan" do livro: o final. Gostando ou não, politicamente correto ou não, é surpreendente!
A história possui cenas de sexo muito desnecessárias, ainda mais se considerarmos o tamanho do livro e sua temática. Algumas são descritas quase como um romance de banca, explicitando demais as situações e com um vocabulário típico. São cenas completamente dispensáveis e que nada acrescentam à história.
A editora fez um trabalho bem legal na edição, colocando os capítulos com uns desenhos rabuscados que são a cara daqueles livrões de contos infantis. A capa também ficou bonita porém impliquei com a carinha de morta da modelo, mas após ler acho que ela até que representa bem a Branca do livro. E para quem gosta de marcadores, vem um destacável do segundo livro na orelha da contra-capa.
"Ela não tinha o amor nem a fidelidade natural do povo, mas soube como obter seu medo e respeito." (pág. 32)
Em resumo, gostei muito da ideia da história mas não tanto do desenvolvimento, apesar de o mesmo não ser de todo ruim. Pretendo ler os próximos livros, pois as ideias da autora são interessantes e quero muito conhecer os arcos de ligação das outras histórias. Dizem que o segundo já é mais maduro, então talvez goste ainda mais do que deste.
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