Isis Costa 15/12/2023Um dos melhores da sérieAs narrativas de Julia Quinn sempre adicionam alegria e diversão na minha alma; portanto, desde o começo, tinha certeza de que adoraria a leitura de "O Conde Enfeitiçado". No entanto, não esperava me apaixonar pela obra de maneira tão intensa! Assim que mergulhei na leitura, especialmente ao conhecer o protagonista, percebi que meu coração estaria cativado até o fim do livro. Apreciei a condução dos acontecimentos, os personagens principais, a influência do tempo na trama e a habilidade da autora em criar uma narrativa rica em aceitação, perdão e, acima de tudo, infindáveis formas de amor. O cerne da obra gira em torno dos novos começos que apenas o amor é capaz de gerar, conferindo ao romance uma reflexão profunda, uma autenticidade envolvente e uma fonte de inspiração duradoura.
Durante muito tempo, a vida de Michael foi caracterizada por sua leveza, despreocupação e falta de ambições sociais ou econômicas. Ele sempre foi um espírito livre, alegre e sedutor de maneira indiscreta. Entretanto, em um único dia, tudo muda drasticamente. Ao se deparar com Francesa, Michael se vê confrontado com sua perdição: aquele que sempre teve todas as mulheres que desejou se vê perdidamente apaixonado pela única jovem que está fora de seu alcance. Francesa é prometida a seu primo John, a quem Michael considera e ama como um irmão. Movido pela paixão, ele guarda seus sentimentos por anos, mantendo-se apenas como um bom amigo para Francesa, torcendo pelo bem-estar dela e de seu primo. Entretanto, ao longo dos anos, Michael e Francesa seguem por caminhos inesperados, enfrentando um destino incerto, repleto de espinhos, mas possivelmente carregado de amor e felicidade.
Apesar da previsibilidade da trama, minha atração por mocinhos que se entregam ao amor e sofrem em nome da pessoa amada é irresistível. Logo, foi impossível não me encantar por Michael. Ele ama a mulher prometida a seu primo, ciente de que jamais poderá tê-la. É perturbador testemunhar sua jornada entre o medo, a solidão e o amor por Francesa. A narrativa ganha ainda mais profundidade quando Michael encontra a felicidade, vislumbrando um futuro renovado e promissor. Além disso, o personagem passa por uma transformação que particularmente aprecio. Inicialmente, ele adota uma postura leviana e galante, mas percebemos que é tudo uma fachada. Por anos, Michael não precisou assumir responsabilidades, mas quando o destino o chama, ele revela sua verdadeira essência, demonstrando seu valor.
Francesa destaca-se por ser mais centrada em comparação com suas irmãs, embora compartilhe a mesma inteligência e ironia. Ela aprecia boas conversas, passeios, bailes e valoriza sua independência. A paixão que desenvolve por John é completa, e ela expressa gratidão pelo amor que floresce em seu coração. De maneira semelhante, Francesa agradece pela amizade constante de Michael e pela presença constante em sua vida. Eles são seus melhores amigos, seu suporte, e representam uma nova forma de família para ela. Outro ponto positivo do romance reside na ênfase dada ao verdadeiro valor de ser e ter uma família. Nesse aspecto, a autora explora mais profundamente a figura materna dos Bridgertons, entrelaçando passado e presente, mãe e filha.
Tenho visto muitas críticas à Francesca, rotulando-a como chata, e confesso que não consigo compreender completamente os motivos por trás disso. Para mim, o sofrimento que ela enfrentou justifica completamente seu afastamento das pessoas que ama e sua hesitação em se entregar novamente a um sentimento tão avassalador quanto o anterior, especialmente considerando a culpa que carrega pela proximidade de Michael com seu primeiro marido (culpa que ele próprio compartilha). A construção de toda essa narrativa me pareceu extraordinariamente envolvente e impecável, e eu sempre a recomendarei quando me perguntarem sobre livros que abordam a temática de recomeços. Sem dúvida, considero esta obra uma das melhores dentro desse contexto!