gabs.0 25/03/2024
"Perco a identidade do mundo em mim e existo sem garantias."
Clarice é desassossego.
Ler água-viva me custou um pouco, o peso de tudo me doía. A suavidade que o livro passa e a sensação de incômodo era algo gritante, talvez por não ter capítulos e isso me deixava menos apegada.
Água-viva e a escrita de Clarice se pegam muito no Eu, quem sou eu? De onde vim? Como sou? Nasci. Morri. Para mim é fácil enxergar o mais profundo pico do ser humano inanimado, triste, depressivo. Clarice traz consigo uma pureza e uma destruição mortal na alma. Talvez, tentar descrever o que esse livro passa seja burrice. Ler ele é algo que você deve fazer se tiver forças para se questionar, se não tiver, talvez seja melhor deixá-lo. Há quem o diga, que tamanha fluidez não exista, mas Clarice escreve e é fluída, ela é única e ela não é rasa. Ela escreve e ela traz o mais profundo sentimento humano de forma que poucos seriam capazes de descrever.
"[...] Há uma coisa dentro de mim que dói. Ah como dói e como grita pedindo socorro. [...] O que me salva é o grito."