LeitorAnonimo 01/10/2017
A ilha misteriosa
A ilha misteriosa conta a história de cinco "naufrágos do ar" que, em plena Guerra de Secessão, resolvem roubar um balão e fugir. Acontece que as coisas não saem como o planejado e eles acabam indo parar em uma ilha deserta. Isolados e sem muitos recursos, os colonos, como se autodenominam, tem que sobreviver usando aquilo que tem a seu dispor, além dos recursos que a ilha os oferece, e ainda recebem a ajuda de uma força invisível, que eles não fazem ideia de quem, ou o quê, seja.
Diferente de muitas outras histórias com essa mesma sinopse, o acontecimento quase não representa nenhum perigo aos colonos. Juntando seus conhecimentos, eles conseguem formar, de fato, uma colônia, construindo casas, celeiros e fazendo plantações. Uma das coisas interessantes do livro é ver como eles vão reconstruindo os passos da civilização humana, desde o descobrimento do fogo até a invenção de ferrovias. Mas, pelo menos para mim, foi maçante ter que ler sobre infinitas transformações e reações químicas, e sobre outras infinitas aulas de botânica e geografia (o meu grande problema com Jules Verne é o excesso de descrição). Eu entendo que isso até dá um certo charme à narrativa, mas foi demais. Isso afeta a narrativa ao ponto de que alguns personagens são pouco desenvolvidos, como Nab ou Gedeon. Mas um grande ponto positivo é que os personagens que Jules Verne consegue desenvolver bem são fantásticos, Harbert, Cirus Smith e Pencroff, o último para mim o melhor do livro e, quem sabe, um dos melhores de Mr. Verne, sempre com seu bom humor e suas tiradas geniais, sendo o grande alívio cômico da narrativa mas mesmo assim sendo interessante e importantíssimo para a história. Outra coisa muito interessante na narrativa é ver as influências da "mão invisível" que ajuda os colonos. Essas influências vêm na hora certa, criando um suspense e te deixando ansioso para descobri-lo.
Um ponto ruim que eu achei no livro foi a promessa da aparição do Capitão Nemo. Sinceramente, no começo eu só me animei para ler porque já tinha lido Vinte mil Léguas submarinas, também de Jules Verne, onde o Capitão Nemo é um dos protagonistas, e havia me interessado por sua história, não contada no VMLS. Sua aparição nesse livro é bem curta, se eu não me engano 50 páginas mais ou menos, e a parte que conta sua história só tem umas 2 páginas, o que me decepcionou, não só por ser curta, mas também por que eu esperava uma sensação de "agora todas as peças se encaixaram"; eu esperava ler o final e me lembrar de algumas pistas que o VMLS havia dado, mas a sensação não foi essa.
No geral, é um livro bom, que te faz se apegar aos personagens, tem erros e acertos. Não foi o melhor do autor, mas foi uma experiência ótima, e, ao terminar o livro, olha só, fiquei com saudades de todos os personagens, até os menos desenvolvidos que eu falei.