Gustavo Simas 04/07/2013O lirismo em prosaComo um marco, o símbolo, o ícone do romantismo, José de Alencar, considerado por muitos críticos literários como o maior escritor do romantismo brasileiro (inclusive por Machado de Assis), este nosso grande autor não desaponta.
Iracema, "a virgem dos lábios de mel" ou ainda "a lenda do Ceará", nos trás um incrível lirismo em prosa; você lê o livro, no entanto parece que está lendo um grande poema. E, apesar de não possuir a estrutura em estrofes característica da poesia, Iracema é sim um grande poema; com um vocabulário excelente e detalhamento de ambiente incrível, Iracema insere o leitor no espaço da narrativa.
Contudo, esta composição inovadora pode, às vezes, apresentar-se como um defeito, isto porque pode confundir e até desviar-se muito da realidade que se retrata, é claro que as características inerentes do Romantismo estão muito e muito (e muito) presentes, idealização, nacionalismo, etc...
E (pelo menos na minha edição) o prefácio do editor, juntamente com um prefácio de Machado de Assis, juntamente com outro prefácio de José de Alencar, tratam a obra como O Apogeu Onírico Paradisíaco e Perfeito de um livro romântico, exaltando demais (e demais mesmo) a obra.
Enfim... Iracema é um clássico e merece respeito.
Prós: detalhamento; divisão rápida de capítulos (fazendo a leitura fluir); excelente vocabulário; excelente pesquisa sobre cultura indígena por parte do autor.
Meio Termo: lirismo (algumas partes isso cai bem, em outras só complica e torna a leitura mais difícil).
Contras: superficialidade nos personagens; decorrência rápida de tempo; expressões indígenas em demasia (Iracema bateu o recorde, foi o livro que mais vi notas de rodapé, sendo a média de 3 para cada página).