Jossi 29/12/2013
Romance inter-racial, o que na época era raro...
Acho que "Iracema" é um bom livro, mas é claro, é preciso lê-lo por vontade própria, não por imposição. Como muitos aqui disseram, impor um determinado livro aos alunos, nas escolas, é torná-lo odioso. Infelizmente para muitos.
No meu caso, a sorte é que eu sempre fui uma 'rata-de-bibliotecas', que lia com prazer até os textos dos meus livros de escola (ciências, português, inglês, estudos sociais) - e quando a professora chegava na lição quatro, eu já tinha lido o livro inteiro, rs. Só não chegava ao absurdo de ficar "lendo" os livros de matemática, aí já era pedir demais, :D
Assim, quando a professora impôs a leitura de "A Mão e a Luva", na sexta série do ensino fundamental (ou ginasial), eu corri à biblioteca e li, sem franzir o nariz ou resmungar. E não é gostei desse e depois passei para José de Alencar? Até hoje, José de Alecar com seu indianismo é um dos meus autores clássicos brasileiros favoritos.
Para os leitores que reclamam da "enjoativa história de amor", vamos lembrar que, daqui a algumas décadas, muitos livros hoje considerados os 'best' das livrarias e bancas - Cinquenta Tons de Cinza, Trilogias de Nora Roberts, os melosos romances de Nicholas Sparks e Diana Palmer, o famigerado "Crepúsculo" e seus afins... serão considerados "porres românticos", água-com-açúcar de dar náuseas.
Li "Iracema" aos 13 anos e, pasmem, gostei muito. Consegui entender grande parte da linguagem e fiquei fã de nomes com origem indígena! 'Moacir', um nome bastante comum por aqui, passou a ter para mim um simbolismo enternecedor... Fiquei morrendo de pena da pobre moça e a história me fez pensar em outros clássicos (incluindo do cinema), como "Pocahontas" (filmado há pouco e que tem história bem similar), 'Duelo ao Sol' (um faroeste clássico, em que há uma história de amor e drama envolvendo uma filha de mexicanos pobres (quase "indígena" na época)e três americanos, todos loucamente apaixonados por ela... e outras histórias, de amores inter-raciais.
O que "dificulta" a leitura modernamente, é o excesso de metáforas e figuras de linguagem. Frases longas, excesso de adjetivos e muitos blablablas que, na época de Alencar eram não só importantes, mas indispensáveis ao bom escritor...
Mas a história em si é bela, comovente e dramática. A linguagem poética é exagerada, mas se levarmos em conta a época em que foi escrita, podemos relevar.
site: iracema, virgem, josé de alencar, romantismo, índios