spoiler visualizarGuilherme 06/03/2024
Resenha: O Fim da Infância de Arthur C. Clarke.
O Fim da Infância é um livro de aproximadamente 300 páginas, publicado originalmente em 1953. O livro surgiu de um conto chamado "Anjo da Guarda", que foi posteriormente reescrito. Ele apresenta três partes, nomeadas de “A Terra dos Senhores Supremos”, “A Era de Ouro” e “A Última Geração”.
Personagens
Na primeira parte temos Rikki Stormgren, Pieter Van Ryberg e Wainwright e claro Karellen (o único personagem que se mantem durante todo o livro).
Na segunda e terceira parte o livro foca em George Gregson e Jean Morrel (e posteriormente seu filhos Jeffrey Greggson e Jennifer Anne Greggson.), Jan Rodricks, além de outros personagens menores como Rupert Boyce, Maia Boyce e o Senhor Supremo Rashaverak.
História
No Ápice da corrida espacial, a humanidade é surpreendida pelo primeiro contato com vida inteligente extraterrena. Dessa vez a humanidade se verá no lado menos desenvolvido da colonização enquanto os “Senhores Supremos” reorganizam o modo de vida daquela sociedade.
Muitas vezes livros de ficção cientifica o autor não está apenas preocupado em entreter o leitor, mas sim em fazê-lo pensar. Eu realmente não esperava pelo final desse livro que me passou uma forte sensação de melancolia.
De certa maneira o livro fala sobre perda de identidade cultural. Desde o primeiro momento com a submissão aos Senhores Supremos e posteriormente com a eliminação dos Estados Soberanos para alcançar uma cultura mais homogenia, pacifica e de certa maneira menos única.
Nesse processo de evolução forçada a humanidade vai cada vez mais eliminado suas características, ao ponto de que, de maneira simbólica, não se reconheça na próxima geração.
Este livro não tem medo de abandonar personagens, estando mais focado em contar a história geral do que abordar os problemas individuais de cada personagem. Os personagens da primeira parte são abandonados após um salto temporal e a sensação que tenho é de que o livro recomeça na segunda parte.
Gosto de como a história foi surpreendente, cada vez que eu pensava que a trama estava se desenvolvendo de uma forma ela não apenas ia para outra direção como também se mostrava mais profunda do que pensava originalmente.
O autor nos propõe uma pergunta; nós abandonaríamos nossa individualidade e personalidade se isso significasse um avanço evolutivo? E se não tivéssemos escolha, encararíamos isso como algo benéfico? Afinal, o que é mais importante a manutenção da espécie, mesmo que se torne algo inumano ou a manutenção das tradições ao custo de evolução?
Conclusão
Eu não esperava que o livro se mostrasse tão denso e fui positivamente surpreendido, ele continua surpreendentemente atual, e somente quando nos deparamos com uma ou outra expectativa tecnológica dos anos cinquenta (como computadores cada vez maiores, invés do contrário) é que percebemos a idade da obra.
Eu acredito que fim da infância é uma ótima obra de entrada para a ficção cientifica, sendo ao mesmo tempo curto e profundo, sendo capaz de evocar bons questionamentos.