kleris aqui, @amocadotexto no ig 29/09/2017Leitura agridoce(Esta resenha teve corte de quotes e imagens do livro; visite o link para conferir)
Bob é aquela estrela que nos chama atenção, e é quando nos aproximamos para um carinho e um dedo de prosa, que descobrimos James. Em Um gato de rua chamado Bob, nos conectamos a essas duas criaturas que não tinham muita expectativa de vida, mas ao se encontrarem, fizeram mais que salvar um ao outro; juntos, eles construíram uma história de humildade, compaixão e esperança. Ao adotar James, Bob, por mais que chame atenção das pessoas, dá vez e voz ao seu dono, uma pessoa já esquecida e ignorada pela sociedade. Se seu histórico de vícios e homem sem-teto o apagara das ruas, Bob, em todo seu carinho, zelo e travessuras, deu cor de volta a James.
O primeiro livro conta justamente os percalços da vida, o encontro de almas das duas figuras e como o brilho de Bob os tornou famosos. Já em O mundo pelos olhos de Bob, continuação da saga de vida, James tenta cada vez mais se restabelecer, tornar-se limpo. Com o tempo, vender a revista The Big Issue não é o bastante e ainda há muita violência ao redor dele. A droga já não é uma tentação, mas um assombro daquele passado; James tenta aos poucos reconstituir o que essas drogas lhe tomaram. Bob ali é mais uma vez sua luz ao fim do túnel. James, por certo, gostaria de entender o que é o mundo pelos olhos de seu gato, sempre tão sensível aos perigos, mudanças e brincadeiras. A dinâmica deles é incrível. Melhor, sincronia.
As questões que mais pesam nesse livro são os valores e vínculos pessoais. James está mais próximo do pai, de Belle, das pessoas. Mas, ao mesmo tempo que ele volta a ser visto, nem todas as pessoas o aceitam. Alguns invejam, outros apenas querem escorraçar, ameaçar e denunciar por pura maldade. Muitas vezes James é chamado ou investigado por denúncias malcriadas. Todas as vezes que alguma autoridade averiguava, não encontrava nada de concreto para prendê-lo. Até Bob vira alvo, infelizmente. A "fama" tem seu preço.
James também descreve como e quando surgiu a ideia de escrever um livro sobre a história dos dois. Achei interessante como ele, apesar de toda vergonha e culpa pelo seu passado, começa a refletir mais sobre o que aconteceu de verdade, o que lhe dá alguma redenção. A partir de seu relato também se põe em questão como ajudar de verdade outras pessoas, o que está ou não funcionando. Por mais que seja difícil encarar esse "darkside" de sua história, é o que eles precisam para seguir em frente.
O ghost foi bem sensível de capturar a essência da história, só algumas vezes que ele soou muito ghost, sabe? Muitas frases de efeito, como no outro livro. Pra mim, parecia forçar um pouco a barra, mas nada possa incomodar tanto. Afinal, James merece um olhar bem generoso para sua história.
Gostei bastante também de como o livro foi uma maneira de James se comunicar melhor. Principalmente nas relações pessoais, onde as mágoas costumam barrar nossa comunicação. Foi um meio pelo qual ele pôde atingir pessoas como nunca.
O mundo pelos olhos de Bob é, assim, um livro para encantar e emocionar; um presente. É uma leitura agridoce: as duras partes estão entremeadas à bondade, amizade e fidelidade de várias figuras. Torcemos, urramos, enternecemos. Para todos aqueles que dedicam sua vida a ajudar os necessitados e os animais abandonados. Recomendado não ler tudo numa sentada só, pois essa é daquelas histórias para ser sentida, daí lida pouco a pouco. Um toque de fofura são as pegadas de Bob no alto das páginas, seguindo o estilo do livro anterior. O volume 3 já é um pouco diferente.
site:
http://www.dear-book.net/2017/05/resenha-o-mundo-pelos-olhos-de-bob.html