Raniere 11/03/2016
KEN FOLLETT HOMENAGEIA PEARL WITHERINGTON EM “AS ESPIÃS DO DIA D”
Com mais de 100 milhões de livros vendidos por todo o mundo, o britânico Kenneth Martin Follett, ou Ken Follett, como ficou conhecido, é referência em qualquer meio literário. Formado em Filosofia pela University College e tendo trabalhado como jornalista para o South Wales Echo e para o Evening Standart, Ken Follett, sendo encorajado por amigos e colegas que admiravam seus escritos, começou a escrever livros, que sempre são baseados em fatos históricos. A Editora Arqueiro, atual editora de Follett no Brasil, já lançou os livros Queda de Gigantes, Inverno do Mundo e Eternidade por um Fio, que formam a Trilogia O Século; Um Lugar Chamado Liberdade, Mundo Sem Fim e As Espiãs do Dia D, livro que fala sobre os últimos dias antes da Invasão da Normandia pelos aliados, durante a Segunda Guerra Mundial.
As Espiãs do Dia D se passa numa França sitiada pelos Nazistas. Quando, na fúria expansionista do Terceiro Reich, as tropas de Hitler tomaram a França, os alemãs modernizaram todo o sistema de comunicação francês, para uso da Inteligência Nazista. Nas vésperas da invasão da Normandia, a Resistência Francesa e aliados ingleses precisam causar o máximo de dano que conseguirem no sistema de comunicação da França, e seu principal alvo é a base de Sainte-Cécile, a principal central dos alemãs no país. À frente desta missão estão a major Felicity Clairet (Flick, que usa o codinome Leoparda), e seu marido, Michel Clairet. Porém, a missão falha e a célula de Flick é quase toda capturada ou assassinada. Ao retornar para o centro da Executiva de Operações Especiais (SOE), em Londres, Flick traça um novo plano: ela e um time de mulheres se disfarçariam de faxineiras, entrariam na central telefônica e a atacariam por dentro.
A personagem Flick, uma mulher extremamente forte, inteligente e combativa, foi inspirada em Cecile Pearl Witherington Cornioley, uma agente da Executiva de Operações Especiais nascida em Paris e filha de pais britânicos. Pearl Witherington, usando o codinome “Marie”, desembarcou de paraquedas na França no dia 22 de setembro de 1943 e se juntou a Maurice Southgate, líder da célula Stationer. Ela trabalhou como mensageira de Southgate por oito meses. Porém, quando Southgate foi capturado e deportado para Buchenwald, Witherington assumiu um novo codinome (Pauline) e a liderança de uma nova célula, Wrestler, no triângulo formado por Valencay – Issoudun – Châteauroux. A célula Wrestler desempenhou um importante papel na luta contra o exército alemão nos dias que antecederam os desembarques na Normandia. A célula Wrestler foi tão eficiente que uma recompensa de ƒ1,000,000 foi oferecida pelo Regime Nazista pela cabeça de Pearl Witherington.
Após o término da Segunda Guerra Mundial, Pearl Witherington foi veementemente indicada para a Cruz Militar. Porém, pelo fato de ser mulher, foi concluído que Pearl era inelegível para tal honraria e, ao invés da Cruz Militar, a contemplaram com a categoria civil da Ordem do Império Britânico (MBE). Pearl rejeitou a condecoração e emitiu uma nota dizendo: “there was nothing remotely “civil” about what I did. I didn’t sit behind a desk all day” (“Não houve nada remotamente ‘civil’ sobre o que eu fiz. Eu não sentei atrás de uma mesa todo dia”).
Em As Espiãs do dia D, Ken Follett retrata tais fatos citados acima. Além destes fatos, Follett fala sobre como o MI6 sabotava e forjava informações para desmerecer a Executiva de Operações Especiais, tomando o crédito das missões bem sucedidas para si e creditando os fracassos para a SOE. Também é mostrado no livro a situação precária que os franceses viviam, passando fome e tendo que usar roupas velhas, enquanto os alemães sempre apareciam bem vestidos e em carros de luxo.
Como todos os livros escritos por Ken Follett, As Espiãs do Dia D é bastante fiel aos fatos históricos, além de ser um excelente suspense. Follett faz o leitor se envolver profundamente com seus personagens e compreender o período histórico retratado no livro.
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