Giseleonina 18/09/2023Sem criatividade para o títuloPhilip K. Dick escreveu o livro "Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?" no auge dos anos 60, apresentando elementos culturais da época no estilo distópico da ficção científica. A Terra é retratada como um lugar condenado pelos destroços radioativos resultantes da guerra nuclear, que reflete o contexto da Guerra Fria, tema comum na época. Além disso, a colonização dos EUA em outros planetas é abordada com a justificativa de "salvar a genética", porém apenas aqueles que passassem no teste de QI eram permitidos, o que remete já uma crítica à eugenia (lembrando que os EUA foram pioneiros nessa pseudociência).
A tecnologia também é mostrada como algo fora de controle, como incentivo à imigração, cada ser humano ganhava um Android como mimo.
Existem dois protagonistas: o caçador de androides rebeldes e o indivíduo chamado de "cabeça de galinha", aquele que não passou no teste de QI e é condenado a ficar na Terra. Este personagem acaba ajudando um grupo de androides, revelando-se a pessoa mais empática de todo o livro. A empatia é vista como um status social, por exemplo, ter animais de estimação é sinal de empatia e riqueza, uma vez que a guerra nuclear levou à extinção da maioria dos animais, transformando isso até em uma religião.
No entanto, os androides tratam o cabeça de galinha" de forma horrível, fazendo você torcer para que o caçador de recompensa chegue logo e destrua os androides, permitindo assim que ele compre um bendito animal vivo para sentir-se melhor na sociedade (pois ele só possuí uma ovelha elétrica). Porém, o caçador de recompensa, que caça andróides, enfrenta uma crise de identidade, já que desenvolveu empatia por eles e até se apaixonou por uma.
Enquanto todos esses eventos ocorrem, há uma crise religiosa envolvendo o mártir da empatia, que se revela uma grande fraude, deixando o protagonista com um QI abaixo da média triste (isso cortou meu coração).
Resumindo: Você será requisitado a fazer coisas erradas não importa para onde vá. É a condição básica da vida, ser obrigado a violar a própria identidade. Em algum momento, toda criatura vivente deve fazer isso. É a sombra derradeira, o defeito da criação; é a maldição em curso, a maldição que alimenta toda vida. Em todo lugar do universo.