Ninha Machado 16/05/2014Muito bomO que gostei:
Para ser sincera não é o tipo de estória a qual eu me prendo; é calma, tranquila, beira a rotina diária. Gosto de tramas policiais, dinâmicas, com mistérios, correria, mentiras sendo reveladas aos poucos. Porém, me interessei pelo segredo do marido de Cecilia. Não me surpreendi com o segredo porque acabei adivinhando durante a leitura.
1) A narrativa é, sem dúvida, deliciosa. Mesmo lendo em casa é como se você estivesse sentada na grama, de frente para um lago, num fim de tarde. Tive essa mesma sensação gostosa lendo A Cabana e O Guardião de Memórias, e é, sem dúvida, muito bom ler livros assim, mesmo sua preferência sendo outra. Tem aquele gosto familiar de... família, rotina, problemas caseiros, futilidades.
2) Acho que o livro ajudou a reforçar a importância da família, que devemos proteger, ponderar as escolhas, principalmente quando há crianças envolvidas. A dedicação de Cecília para com sua família é realmente comovente. Sua responsabilidade e versatilidade faz jus à grande maioria das mamães. Mesmo eu não sendo mãe acho que suas preocupações e frustrações quando esquecia algo relacionado às filhas é bem típico das mães, sempre tão atarefadas, com mil coisas na cabeça. A escolha de Tess também prova o que o amor por seus filhos pode fazer.
3) Eu adoro essa forma de escrever - muito típica de Harlan Coben - de envolver mais de dois personagens na trama e ir intercalando os acontecimentos nos capítulos. Quando algo começa a ficar interessante na parte de Cecília, o capítulo acaba e vai para Rachel, depois para Tess, muitas vezes volta para Rachel novamente e só depois retorna para Cecília. Você fica em cólicas para ler logo e descobrir o que há. Isso torna o livro sempre muito mais interessante e cativante. Comecei a ler numa noite, tentei parar umas três vezes para ir dormir, mas por causa dessa forma de enredo, você não consegue parar;
4) Muito legal colocar na trama, mesmo que não seja do personagem principal, a personagem e interesses da Esther. Qual é a criança de dez anos que, por conta própria, estuda sobre o Muro de Berlim, ou sobre o Titanic? Por mais banal que isso possa parecer, mencionar livros, fatos históricos e afins em estórias acaba instigando grande parte dos leitores a procurar sobre aquilo. Curto e curti muito isso. Uma sacada muito boa.
O que me fez avaliar 4 e não 5:
1) A amargura de Rachel e seu modo de enxergar as coisas, se fosse visto num contexto real, seria algo para tratar como doença. Depressão, problema psiquiátrico, sei lá! Às vezes colocamos coisas na cabeça e não mudamos de opinião nem que a vaca tussa, porém no momento que nossos "achismos" começam a prejudicar terceiros, num contexto real, seria tratado como doença, o que no livro não aconteceu, pelo contrário, o acontecimento principal foi tratado como um simples "acidente". Não sou médica, mas creio que todos nós já passamos por diversos problemas e situações difíceis que nos ajudam como um termômetro de nossas atitudes.
2) Não sou politicamente correta nem nada. Creio que todos nós já assistimos à filmes e lemos livros em que ocorrem cenas de sexo, e na grande maioria das vezes nenhum dos dois menciona a camisinha. Não costumamos dizer: "Nossa, deveriam ter falado de camisinha". Geralmente isso passa batido, ainda mais se o livro ou o filme não for direcionado para o público jovem. Não cobro isso de autores, nem nada. Mas acho que se a autora se deu ao trabalho de mencionar a caminha, achei além de errado, desestimulador, ler a garota dizer "não precisa, eu tomo pílula e você não tem cara de ter nenhuma doença". Sério, quando li isso não acreditei. E doença agora tem cara? Quantas pessoas por aí, belas, atléticas e saradas tem HIV e nós não - muitas vezes nem elas mesmas - fazemos nem ideia? É como eu falei, acho que ninguém fica cobrando que a camisinha seja usada nas relações sexuais nos filmes e livros, porém já que se deu ao trabalho de mencioná-la, poxa, essas desfeita foi a pior que eu poderia ter lido;
3) Por último. Sério, não sei se deixei passar batido alguma coisa, ou se esperava mais do que o "Will no trânsito engarrafado", "ou o envolvimento com o Connor" para ligar a história toda, mas não entendi o que a Tess tem a ver com a história, ou melhor, a ver com o segredo do John Paul. Não que eu não tenha gostado dela na trama, mas realmente na sinopse diz que a revelação do segredo dele poderia mudar a vida de Rachel e Tess, o que não vi nada de tão marcante no caso da Tess.
Bom, é isso, apesar dos pontos negativos eu indico a leitura. Cada um tem uma visão das coisas, o que pra mim foi ruim, para muitos não é, então, não baseie suas leituras apenas por causa das resenhas.