Aione 26/03/2015Como uma fã declarada de thrillers, foi impossível não me interessar por A Fazenda, livro que promete uma trama intricada, repleta de surpresas, e um mistério um tanto o quanto intrigante.
Provavelmente o que mais me chamou a atenção no livro foi sua narrativa. Em 1ª pessoa, Daniel, ao mesmo tempo em que conta a história, traz sua visão dos fatos e seus próprios conflitos, em muito associados a sua relação com os pais e com sua visão sobre o relacionamento deles. Contudo, quando a mãe de Daniel, Tilde, relata os angustiantes momentos vividos por ela em seus últimos meses, ela assume a narrativa, também em 1ª pessoa, e passamos a ter uma segunda narrativa, dentro da primeira.
É extremamente necessário reafirmar que ambas narrativas acontecem em 1ª pessoa, isso porque, dessa maneira, acabam sendo parciais. O relato de Tilde traz sua visão, da mesma forma que a voz de Daniel imprime seu próprio julgamento àquilo contado pela mãe. Assim, caberá ao leitor separar da história as impressões de Daniel e as impressões de Tilde a fim de criar seu próprio veredicto.
Confesso que esperei mais da condução da história. Embora a trama seja sim bem elaborada, não me senti, de fato, surpresa quando foi revelada a verdade por detrás das acusações tanto de Tilde quanto de Chris, pai de Daniel, mostrando ao leitor, assim, qual dos dois estaria mentindo. Fui formando minha opinião aos poucos, durante a leitura, e quanto mais ela se desenvolvia, mais certa eu me sentia dela – e acabei por não errar.
A parte que realmente me surpreendeu foi a motivação por detrás do episódio. Ainda que eu também tenha formulado uma teoria que se aproximou bastante da verdade, não consegui acertá-la em cheio, e só então, quando exposta, pude sentir o encanto pela reviravolta.
Mesmo que a trama, embora bem desenvolvida, tenha deixado a desejar em minha opinião, é inegável o quão fluida e rápida é a escrita do autor. Comecei a leitura e, quando dei por mim, já havia ultrapassado as 100 primeiras páginas. Depois disso, mesmo precisando interrompê-la, não demorei a terminar o livro.
Também, foi muito fácil conseguir visualizar os cenários descritos por Tom Rob Smith e o potencial da história para ganhar uma adaptação cinematográfica. O fato do livro ter sido tão visual para mim facilitou ainda mais meu envolvimento.
De modo geral, gostei da leitura e do enredo como um todo. Apenas senti falta de realmente ter ficado na dúvida sobre a veracidade dos fatos, algo que certamente teria me impulsionado ainda mais ao passar das páginas e que teria despertado em mim o sentimento do thriller.
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