spoiler visualizarLilian 09/08/2016
Me atrevo a dizer que esse livro é profundamente intenso e um pouco perturbador.
Me atrevo a dizer que esse livro é profundamente intenso e um pouco perturbador. Ao iniciar a leitura esperei um mistério com uma narrativa comum, mas me surpreendi com a forma como a autora nos inseriu em sua história.
Quatro aviões, em diferentes partes do mundo, caem. Quase que simultaneamente. Se é raro vermos um avião caindo, imagine quatro. Pois é com isso que lidamos nesse suspense. Mas o mais incrível ainda é que somente quatro pessoas sobrevivem, dentre elas, três crianças, aparentemente sem nenhuma conexão entre elas. A última sobrevive apenas um pouco, apavorada com o que vê, ela deixa uma mensagem ao mundo: "Eles estão aqui [...]".
"Espere um instante... Tem alguma coisa se mexendo, perto de onde começavam as árvores. Uma forma escura, uma pessoa pequena, uma criança?"
Qual a probabilidade de três crianças sairem quase ilesas de acidentes em que não restou nenhum outro sobrevivente? É essa pergunta que traz uma onda de repercussões mundo afora. Apocalipse? Alienígenas? Ou apenas crianças desafortunadas que estão em choque pelo que passaram?
"O rosto vem em sua direção; está tão perto que ela sente a respiração do menino nas bochechas. Tenta se concentrar nos olhos dele. Será que estão...? De jeito nenhum. É só a má iluminação. Eles estão brancos, totalmente brancos, sem pupilas, ah, jesus, me ajude [...]"
Como mencionei acima, a história nos é apresentada de uma forma diferente. Em pequenos capítulos somos inseridos em relatos e arquivos de pessoas envolvidas com aquelas tragédias. Médicos, parentes e inúmeras pessoas que estão relacionadas com a tragédia inexplicável.
O dia acaba ficando conhecido como "Quinta-feira negra" e as crianças perseguidas pelos mais perigosos fanáticos, dentre eles, religiosos, curiosos e até mesmo pessoas cheias de ódio que só querem que aquelas abominações desapareçam.
A forma como a autora nos trouxe o relato das pessoas envolvidas foi fascinante. Ver em todos os ângulos o que uma tragédia dessa proporção traz nas pessoas foi incrível. Vimos claramente a dor, o desespero, o medo, a curiosidade, em suas formas mais cruas.
"A gente nunca espera que vá acontecer com a gente, não é?"
Mas pelos relatos vemos que há algo acontecendo. As crianças não são mais as mesmas. Seria isso imaginação dos envolvidos, estresse, traumas? Ou realmente alguma coisa mudou nos três sobreviventes naquela misteriosa noite?
"Ele parecia olhar através de mim. Depois... escute, Elspeth, isso vai parecer muito sinistro, mas eles começaram a marejar, como se ele fosse cair no choro, só que... Meu Deus... isso é difícil... eles não estavam se enchendo de lágrimas e, sim, de sangue."
Essa é a dúvida que nos acompanha em toda a história e somos levados a acreditar em inúmeras possibilidades. A autora nos envolve na loucura, conhecemos pessoas desesperadas, fanáticas, supersticiosas ao extremo e vemos a história sob seu ponto de vista a ponto de acreditar no que eles acreditam. Mas qual é a real verdade?
Ao final achei mais interessante é que a autora fez parecer uma biografia, trouxe além dos relatos, trechos de conversas, e-mails, gravações, entrevistas, blogs e tudo que fosse relacionado ao mistério e pudéssemos entender a proporção do que aquela tragédia trouxe para a vida das pessoas. Como eu disse, foi fascinante, mas também muito perturbador.
Além disso ela nos trouxe lugares reais, histórias reais, como por exemplo, a flores Aokigahara, que é conhecida como floresta do suicídio, contando como as pessoas lidam com as crenças de lá e acontece de ser um dos cenários principais. Isso dá muito mais mistério e teorias para a tragédia. Poderia ter sido proposital? Espíritos malignos? Ou um simples defeito no avião?
Sei que deixei vocês com mais dúvidas do que parece, mas é exatamente isso que nos faz querer ler até o final. Nada é o que parece e tudo parece ser real, sob seu ponto de vista. Misturando terror, suspense, crenças, espíritos e tudo mais que podemos imaginar, a autora criou um verdadeiro mistério, digno de ser revelado e lido.
A editora também fez um trabalho ótimo com a diagramação, as folhas amareladas e letras em tamanho proporcional foram um fator positivo para leitura. Não identifiquei erros de revisão, nem de formatação. A capa ficou perfeita, compatível com a história e com um charme único.
Enfim, só tenho a dizer que foram as páginas mais tensas e tenebrosas que já li, adorei cada minuto, não achei nada cansativo e ao final final me peguei pensando muito nessa história, no que somos capazes de fazer por uma crença errada.
Se estiver procurando uma leitura cheia de mistérios, essa é a escolha perfeita.
site: http://www.leitorasvorazes.com.br/2016/07/resenha-52-os-tres.html