Lolo 11/11/2015
Fantasia dentro de fantasia.
Bom, vamos ajudar os amiguinhos a decidir se eles vão ler o livro ou não. Primeiro de tudo, acho que foi um livro escrito pensando na aceitação do público, um livro feito pra vender, comercial, mas no caso desse livro, isso é bom, acho que esse norte fez o autor escrever um livro bem estruturado. Eu tenho lido muitos livros blockbuster ultimamente e esse foi um dos mais bem estruturados e densos que eu li, um dos mais profundos. É como se o Neil Gaiman finalmente tivesse decidido pegar uma das ideias dele e trabalhar bem ao invés de ficar com preguiça no fim, terminar de qualquer jeito e dizer 'o final fica por conta da sua imaginação' ou 'na vida real nem sempre todas as perguntas são respondidas no fim'. Mas mesmo sendo um livro rico pra um livro comercial, pro meu critério é um livro raso, não é um livro gostoso, cheio de passagens boas, mas que não contribuem ou não contribuem muito para o enredo, é um livro que trabalha sempre com o medo de se aprofundar muito e cansar o leitor, o que é chato, afinal de contas ninguém tem preguiça de se divertir nem de relaxar.(ou vai ver era falta de paciência, tempo ou ideias do autor mesmo, vai saber né) Eu pensei muito em It quando eu li a sinopse, tanto pelo Joe Hill ser filho do Stephen King quanto pela temática infantil/macabra da fantasia e pelos dois estopins do enredo, um na juventude da personagem outro na fase adulta. Senti falta daquele recheio suculento de infância, cheio de experiências de amadurecimento e coisas do gênero. Agora, pra quem gosta de ação, o livro é um prato cheio, pra mim não teve uma passagem entediante, até as mais paradas eram interessantes e muitas eram agradavelmente bem detalhadas, com o tom certo, tem muita coisa bem feita nesse livro. Em algumas partes você sente que ele meio que foi escrito de qualquer jeito, como quando ele descreve algumas rotas e paisagens, não sei expressar muito bem o que ele faz de errado, mas não fica tão profissional, mas muitas partes são excepcionais, quase poéticas. O primeiro encontro antagonista/protagonista achei fraquinho, mas a segunda metade do livro compensou bastante. Ele foca um pouco demais em características dos personagens que ele acha que podem gerar empatia e admiração, embora, sei lá, é uma caracteristica do personagem, pra situar ele no cenário tem que puxar pelo que ele tem de mais marcante, mas foi um pouco chato com a história dos personagens geeks e tatuados, você meio que manja que o escritor tá apelando. A parte fantasiosa é bem gostosa, eu fiquei mesmo de boca aberta com a terra do natal, com os sonhos a bordo do espectro, achei algumas manifestações sobrenaturais bem impressionantes (só as do Manx, as da Vic não achei lá grande coisa). Não considerei como um livro de terror, achei mais uma mistura de fantasia e ação com algumas coisas bem macabras que dão um certo medinho sim, mas tem coisas desse gênero em Harry Potter, e ninguém consideraria Harry Potter terror né?(sim, essa comparação foi fraca) E, como eu disse no título, o livro tem uma fantasia dentro da outra, além das 'paisagens interiores' existe também o vampirismo, Eu me conectei bastante com os personagens e inclusive fiquei bastante abalada com a trajetória de dois ou três personagens que tem uma vida de merda e morrem antes de finalmente ter alguma recompensa, mas é a vida né?
Enfim, pra quem curte ação, fantasia e personagens psicologicamente perturbados (não achei essa parte muito bem desenvolvida, mas vá lá né), tá mais do que recomendado.