Marcos Pinto 11/08/2015Uma leitura interessante Bullying é um assunto mais do que comentado atualmente; porém, existe uma grande diferença em falar sobre e vivenciar tal prática. João, protagonista da presente obra, está no segundo caso. Por ser tímido, acaba sendo alvo constante de brincadeiras de péssimo gosto e de agressões. Contudo, ele e a escola acabam se omitindo.
Entretanto, um dia a situação chega a um nível insuportável. Confrontado e humilhado dentro de sala, João resolve que estava na hora de dar um basta. Quase que inconscientemente, ele reage à agressão e vence seu algoz. Mas o que ele não esperava é que sua ação estava sendo filmada e que seria colocada nas redes sociais. Daí em diante, João vira outra pessoa. O rapaz tímido e que sofria torna-se um herói da mídia. Porém, será que o jovem protagonista conseguirá enfrentar esse novo desafio, enquanto tenta entender a si mesmo e as agressões que sofria?
Danilo Leonardi nos faz um convite à reflexão. Através de um enredo plausível e beirando ao real, somos levados a pensar sobre bullying, essa prática que quase todos já sofreram ou presenciaram. Página a página, o autor trabalha a vida do protagonista mostrando como é sofrível ser vítima agressões verbais e físicas costumeiramente.
“Ao meu lado está o Daniel, também conhecido como “Paraíba”, mas eu não o chamo desse jeito. Ele é o único da sala que fala comigo e também é o único aluno negro da classe. Os garotos o evitam, assim como me evitam. Ele se esforça mais pra ser aceito, até usa gírias paulistas, como “mano”, e disfarça seu sotaque. Mas não dá muito certo” (p. 9).
Para tal, Leonardi investe em uma análise psicológica do protagonista não tão profunda, mas suficiente para que entendamos suas dores. A partir de uma narração em primeira pessoa, Danilo nos faz enxergar o que João sente, como ele se porta e porque aceita de maneira tão muda, pelo menos no inicio, as agressões. Além disso, esse lado mais psicológico também nos permite ver com clareza o crescimento pessoal e emocional do nosso querido protagonista.
A obra também conta com outros personagens interessantes, apesar de alguns terem construções bem batidas ao estilo de filme norte-americano: “patricinhas” e “valentões”. Dentre os interessantes, destaco a Júlia. Apesar de coadjuvante, ela me pareceu bem construída e convincente, o que me agradou bastante.
A escrita do autor é bem leve, o que torna a obra mais amena e rápida; inclusive, podemos lê-la em poucas horas. Além disso, o Danilo Leonardi sempre recorre ao humor, o que dá um toque a mais a obra, tornando-a atrativa para o público juvenil, ao qual ela é destinada.
“Se tem uma mensagem que eu quero passar, é o quanto é importante que as pessoas possam ser sinceras consigo mesmas e não ter a cabeça enfiada na privada por causa disso” (p. 129).
Quanto à parte física, o livro não deixa a desejar. A capa é bonita e reflete bem a essência do enredo. As páginas são amareladas e a diagramação, apesar de simples, é excelente e bem confortável. Além disso, a revisão está muito boa.
Diante de todos esses aspectos, afirmo, sem chance de engano, que Por que Indiana, João? é uma leitura muito agradável, apesar de que dificilmente se tornará o livro da sua vida. Além disso, é inegável que a obra alcança o principal objetivo da literatura: refletir sobre a realidade. Desta forma, se você procura um livro leve e juvenil e que ainda te faça pensar, esse é uma excelente opção.
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