A Era do Ressentimento

A Era do Ressentimento Luiz Felipe Pondé




Resenhas - A Era do Ressentimento


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Marcone 21/09/2014

"A morte é uma guerreira sem pressa e sem vaidade, porque sempre vence" Joseph Conrad

Em "A Era do Ressentimento", Luiz Felipe Pondé analisa minuciosamente a civilização ocidental vivendo o seu pós-modernismo. Neste livro, assim como em "Contra um mundo melhor", o autor oferece a mais aguda visão da sociedade em que vivemos, em ensaios lúcidos e ácidos.

Por trás do mar de preocupações e atitudes "politicamente corretas", está a nossa "civilização de mimados", que tudo vê como ofensa e que quer processar a todos; que culpa o capitalismo, o governo, a religião, ou qualquer outra entidade em quem lhe convém botar a culpa, por todos os males e misérias humanas; que busca desesperadamente por uma vida em equilíbrio com a natureza, sob medida; "Medida é uma busca humana. A natureza não tem nenhuma medida. Medida é como os deuses para nós: uma sede por sentido e valor, duas coisas que não existem entre as pedras em que habitamos".

Um livro esclarecedor. Um livro que, dentre outras coisas, desvenda a atitude daqueles que "julgam policiais que devem disparar armas em meio a uma pressão que eles nunca viveram"; que revela o que está por trás daqueles que "decretam o modo como empresários e pessoas que dão emprego devem agir, enquanto não são responsáveis nem pelo que ensinam em sala de aula". Um livro, enfim, que trata do ressentimento, característica indelével do mundo contemporâneo.

"Daqui a mil anos, não vão lembrar da nossa época como a época do iPad. Vão lembrar da nossa época como a era do ressentimento".
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Rebeca 09/10/2020

O livro é bem escrito e o autor com certeza tem coisas interessantes a dizer, mas discordo de pelo menos metade do que o autor fala! Em diversas partes, é como ler a mente de um velho rabugento
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Thais.Horta 20/04/2019

Não perca seu tempo
Comecei a ler a algumas horas e ja acabei . Não pelo fato do livro ser bom , mas ele é tão ruim, que só queria acabar logo. Uma perda de tempo, principlamente para qualque mulher que não vou dizer nem feminista , mas que tenha algum amor próprio. Um livro horrivel para qualquer pessoa que deseje ver a vida com um otimismo, e ter esperanca por dias melhores, pois na visão dele, isso tudo e ressentimento, ou seja , vamos ser tristes , desesperanços, e sendo exatamente o que a sociedade elitizada e cheia de valores da meritocracia acredita que é o melhor.

" Talvez a melhor forma de resumir uma mulher independente , seja defini-la como incapaz de encontrar um homem que queira fecundá-la e a obedeça"

Sinceramente, depois dessa frase tirada desse livro, decidam por si so se vale a pena .
Dih 19/01/2020minha estante
Concordo plenamente cm suas palavras


kenhimura 17/09/2022minha estante
Bem vinda ao mundo real.




Mauricio.Alcides 25/03/2016

Acho que ele acreditou que poderia ser Nietzsche
Em A era do ressentimento Ponde tenta nos passar uma ideia niilista de mudo claramente inspirada nos ensinamentos clássicos de Nietzsche, infelizmente o que ele consegue é transcrever um aglomerado de ressentimentos sobre o desenvolvimento do mundo algo muito mais próximo a uma criança chorosa por ter perdido o seu amado pirulito do que uma verdadeira critica fundamental a nossa sociedade.

O livro é uma completa lastima de absurdos, chegando a menosprezar o Nobel de literatura de 1998 (Saramago) tendo em Bauman um pequeno desafeto.

O livro é composto de infinitas passagens absurdas como a defesa pela procriação simplesmente pelo fato de que necessitamos de mais evolução. O autor se esquecesse que a evolução hoje é dado muito mais devido ao desenvolvimento tecnológico, que nos prepara para o futuro, não por menos o desenvolvimento de nações com baixa democracia é maior, não por menos eles estão mais preparados para um futuro obscuro do que nós. Mas isso é algo de fácil compreensão, Ponde demonstra muita aversão a tecnologias e a evolução social, criticando até mesmo os usuários de quaisquer redes sociais.

Mas julgo que a maior pérola de sua obra é sua analise sobre a obra O Senhor das Moscas de William Golding, Ponde utiliza a obra para demonstrar como os sociólogos estão errados sobre a analise pedagógica infantil, mas infelizmente essa obra demonstra simplesmente o CONTRARIO. Golding demonstra em sua clássica obra que independente do nível educacional que proporcionemos as nossas crianças o trabalho sociológico e em muito a figura de um estado se faz necessária para não tornamos o mundo um verdadeiro caos.

Nota: 1

O pior livro que terminei em anos, a pequena consideração que tinha por esse filosofo brasileiro acaba de se esvair.
Andre Luna 12/10/2022minha estante
A era do ressentimento e o mais ressentido é ele. Ele usa termos pejorativos para criticar os outros, demonstrando, assim, pura inveja e ressentimento.




Thaylan 21/07/2015

A geração "mertiolate que não arde".
Antes de tudo adianto que a resenha é relativamente longa, pelo fato de haver enorme conteúdo de enorme relevância. É um dos meus favoritos e fico feliz por ter feito essa resenha. Creio que fiz um trabalho excelente, mas nem tanto por mérito meu, porque só mastiguei e acrescentei impressões sobre o livro, aquilo que sábia e entendia do autor e seus pensamentos. É um livro que recomendo a todos que buscam entender os “porquês” da vida cotidiana e do mundo. Mas atenção! Não leia com a certeza de encontrar as respostas, pois muito provavelmente você terá mais perguntas.
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O subtítulo do livro é: ”uma agenda para o contemporâneo”, trata-se de uma coletânea de ensaios onde o escritor e filósofo, Luiz Felipe Pondé, descreve sobre a crise existente no mundo de hoje onde vemos uma sociedade de mimados e ofendidinhos.

Um livro pequeno com apenas 170 páginas e ainda menor (na quantidade de letras e palavras) por ser da editora Leya – característica em ter margens grandes com letras de tamanho médio – que muitas vezes não preenche mais que a metade das páginas em escrita. A editora combina perfeitamente com o estilo do autor tendo em vista que o próprio Pondé comentou certa vez, que pelo hábito de escrever sua coluna semanal na Folha não necessita mais que os 3.300 caracteres para escrever o que pensa.

Com isso, Pondé adquiriu um poder de síntese surpreendente, no livro, encontramos uma leitura rápida, porém, profunda, onde ele nos faz refletir sobre o mundo em que vivemos sem se importar se concordamos ou discordamos de sua visão, ou melhor, Pondé faz questão de “ofender”, atacar o sentimentalismo exacerbado de quem lê, procurando mexer na ferida dos ressentidos e chamando-os pelo nome.

Peculiaridade sempre presente na escrita e fala do autor é seu pensamento contra a corrente “politicamente correta”, não buscando agradar ninguém, escrevendo assim como Santo Agostinho – para não se sentir só. Confesso a quem lê minha resenha sobre o livro, que sou apaixonado pelo Pondé, pelo seu pensamento e ideias, sou fortemente influenciado pela sua visão de mundo e assim como ele, acredito na filosofia trágica como sendo a melhor forma para se adquirir o conhecimento.

Logo no prólogo, Pondé traz duas citações de dois grandes autores, o primeiro Theodore Dalrymple e o outro, Bernard Shaw. Uma degustação de entrada para o leitor se deliciar:

“A elevação dos direitos a benefícios tangíveis leva as pessoas, inevitavelmente, a uma mentalidade vil que oscila entre ingratidão, na melhor das hipóteses – pois por que razão elas deveriam se sentir gratas por receber algo que é um direito – e, na pior das hipóteses, ressentimento. O ressentimento, a única emoção humana que pode durar a vida inteira, provê infinitas justificativas para suas más ações.”

“A coragem não lhe salvará, mas mostrará que suas almas ainda vivem”.

Pondé dedica o livro “em homenagem a todos que estão fugindo”, ironizando as fugas triviais de pessoas que vivem uma ilusão dentro de sua própria ignorância e a falta de coragem de sair do meio da boiada e pensar a partir de si mesmas. Logo nesse começo ele dá o tom do livro.

O professor PhD, Luiz Felipe Pondé, faz uma previsão baseado na história onde diz que no futuro, daqui uns mil anos, não se lembrarão de nós como os criadores do Iphone, do Ipad e todas outras tecnologias e das redes sociais, mas sim como a era do ressentimento. Ele faz um deboche de uma crença infantil, uma fé romântica nas redes sociais, como meios e métodos revolucionários para transformar o mundo. Faz alusão à Primavera Árabe onde caíram vários ditadores, e, no entanto, crítica a mesma por trocar 6 por meia dúzia. Acredita que as evoluções devem ser graduais, lentas e culturais. Nunca impostas.

O narcisismo exacerbado e o hedonismo como busca de felicidade imediata, curto prazista e a todo custo, não escapam das críticas do escritor. Sendo honesto intelectualmente ele aceita (diferentemente da esquerda detentora da “verdade única”) que o capitalismo tem suas falhas, até porque é constituído por seres humanos, e, portanto, imperfeito. Sempre muito cético por sua própria natureza melancólica, Pondé não acredita que a humanidade caminha conscientemente para um caminho específico, apenas fazem o que podem, enquanto podem.

Há um pensamento comum de que vivemos numa “sociedade em rede”, como se todos fossemos um só corpo interligados através da internet, pelo mercado global onde todos se comunicam formando redes de significado integrado. Ele critica esse pensamento utópico e diz que não existe nenhum avanço nesse processo digital. Cada pessoa ou grupo se move em culturas e significados distantes e isso per se é conflitante, não há como vivermos sempre em paz em harmonia. É impossível querermos e crermos nas mesmas coisas.

O mundo para Pondé se move em três partes: a primeira é a estrutura técnico-econômica – responsável pela distribuição da produção de produtos e bens, que visa evitar a escassez natural da condição humana; a segunda parte é a política, a estrutura que geri e administra o poder e legitima a violência em uma sociedade – é a organização institucionalizada de quem manda e quem obedece de forma legal; e a terceira estrutura é a cultural que produz sentido e distribuí os significados da cultura local e, que formam a identidade em uma sociedade – as religiões. Essas três partes são distintas, desarmônicas e contraditórias em si.

O secularismo também é atacado pelo escritor, essa vida extremamente racionalizada e programada de casais “moderninhos” que fazem um planejamento da vida crendo que isso é possível. O egoísmo e o narcisismo estão presentes nessa postura secularista quando esses casais programam a quantidade de filhos, e até mesmo, a vida dos filhos, integralmente. Porque na verdade: o filho serve como uma espécie de retorno afetivo dessa vida vazia e, também uma poupança a longo prazo – para quando estiverem velhos e inúteis profissionalmente.

No livro Pondé parabeniza e enaltece a postura daqueles que sabem que a vida não tem sentido e enfrentam esse desconforto buscando a verdade, apesar de tudo, e, acima de tudo, fugindo de fugas falsas e baratas. Pessoas que assumem essa responsabilidade de carregar a verdade – que sempre dói –, ao contrário dos ressentidos que culpam sempre os outros pela miséria em suas vidas e que infelizmente são a maioria – os covardes.

Essa busca pela verdade, cética e pessimista, é o que na realidade nos mostra o belo. Porque viver é sofrer, a felicidade é a lacuna. Quando a vida ocorre relativamente bem ela geralmente é monótona e basicamente infeliz. A felicidade, nós encontramos em alguns poucos momentos na vida e isso é que dá graça, dá o brilho e mostra o belo na vida. Imagine se fossemos feliz o tempo todo? Além de sermos bobos não saberíamos o que é felicidade sem sabermos o que é tristeza. Felicidade é ignorância, a gente só é feliz quando esquecemos que existimos, crianças são felizes por não entenderem as complexidades do mundo. A ignorância é uma dádiva, dizem...

Conviver consigo mesmo, com o seu ‘eu’ (buscar refletir internamente) por muito tempo – dói. Enfrentar nossos demônios (os nossos pecados inerentes), adquirir conhecimento sobre a realidade da vida faz com que ficamos nus diante da nossa mediocridade. Carregamos nosso cadáver nas costas (pois somos o único animal que sabe que vai morrer), adoecemos, envelhecemos, nunca somos tão amados como queríamos, nem tão magros ou fortes como queríamos, nunca somos tão ricos quanto queríamos e; por outro lado, se somos muito ricos isso também é ruim em algum ponto – porque traz insegurança –, ou, se somos tão legais e temos muitos amigos – somos superficiais e rasos. É a ambivalência natural de ser.

“A beleza nasce no pântano e na lama do mundo. A beleza, quando expressa, deve ser rara, em detalhes, inesperada, senão perde a cor. E mais: não conseguimos viver com a beleza porque ela desnuda nossa falta de beleza e, aí, ficamos ressentidos porque alguém é mais belo do que nós”, citação de Pondé no livro sobre a beleza.

Segundo Pondé, matamos Cristo porque ele era belo, odiamos as mulheres bonitas porque não a temos para nós (homens) e no caso das mulheres feias: detestam as bonitas porque não são belas e desejadas quanto elas. A tragédia nisso é que o ressentimento não vê a beleza, ele é cego. E por odiar o belo, o ressentido nunca será belo. Em todos os sentidos: se você inveja e odeia a riqueza – jamais será rico; se odeia a inteligência – jamais será inteligente.

É obvio que a tendência natural é fugirmos da dor e de algo desagradável e incômodo, isso funciona como um mecanismo fisiológico de defesa. E até por isso as pessoas buscam fugas. Entretanto, não se deve entender felicidade como um direito, como se essa fuga da tristeza, devessem a você e devessem lhe prover a felicidade que busca: fazer da felicidade um direito é coisa de gente idiota e covarde, diz Pondé. Todos temos o direito ‘para’ buscar a felicidade e não o direito ‘de’ felicidade, como se aquilo nos fosse garantido.

De onde surge o ressentimento? Em Nietsche, acredita Pondé, foi o primeiro a detectar esse sintoma do ressentimento, que veio da indiferença do mundo para conosco, de a agente achar que deveríamos ser mais reconhecidos do que somos, ou do que deveríamos ser. Vem do universo irracional, do mundo sem sentido e a consequência desse ressentimento nos torna superficiais, com isso nós usamos uma espécie de recalque para fugir da realidade, (censurar o inconsciente) para fugir do próprio ressentimento.

Nessa vida autocensurada (recalcada) acabamos de nos tornar uma sociedade extremamente consumista pra tentar sair desse vazio existencial que é o vazio e a indiferença da vida. Já que a vida não tem sentido, você tenta dar sentido (por exemplo) ao dinheiro – pensando que este é a causa que você busca, mas na realidade é o efeito. A causa do dinheiro para se atingir a felicidade é quando você o conquista de modo honrado e merecido, se você o tem de modo fácil e imerecido (no sentido de que alguém lhe deu ou você roubou) o dinheiro nunca será o bastante para sua felicidade.

Não há cura para o ressentimento, a única maneira de lhe dar com ele é a coragem de entender que a vida é um escândalo. Que a vida é, como ela é – e temos de nos adaptar.

Num ensaio intitulado “não sou”, com seu excelente poder de síntese, Pondé escreve o quê é o ressentimento: “é inveja de quem é melhor, sentimento sufocante de que eu tenho “direito” de ser melhor do que ele é, a conclusão aterrorizadora de que não sou”. Então porque eu não sou ele não deve ser, no fundo isso não passa de inveja. Toda vez que encontramos pessoas melhores do que nós caímos no ressentimento, e a experiência de conviver com pessoas melhores que nós é muito difícil, às vezes insuportável. Por isso pessoas baixas tentam desmoralizar pessoas superiores.

A emancipação feminina onde atualmente as mulheres dão mais valor a uma carreira profissional do que em ter um filho, essas pessoas que se acham “bem resolvidas”, que já superaram essa tradição – é uma farsa. Com um viés darwinista o filósofo diz: “talvez a melhor forma de definir uma mulher independente seja defini-la como: incapaz de encontrar um homem que queira fecundá-la e, que a obedeça”. Ou seja, essa mulher faz uma espécie de marketing pessoal, segundo Pondé, onde diz que vai muito bem, mas a verdade é que ela não encontrou um homem capaz e apto de ter um vínculo sério com ela, em querer formar uma família. Por isso ela cria essa personagem enganando até a si mesma.

Todos dependemos de alguém, podemos dizer que não nos importamos com o que falam de nós mas nos importamos sim do que algumas pessoas em especial falam. Tudo o que fazemos é no fundo pensando em alguém, e quando não se precisa mais de alguém em um relacionamento esse relacionamento deixa de existir.

No fim, tudo o que fazemos é lutar contra a morte. Sempre estamos tentando dizer, mesmo que inconscientemente – as últimas palavras. Invejamos os deuses, eles são imortais e nós somos finitos. Pelo fato da vida ser finita vivemos almejando a perfeição, tentando ter menos erros possíveis por não termos possibilidades infinitas, e isso é a morte – o fracasso profissional, assim como uma traição em um relacionamento, uma doença, a incapacidade intelectual. Estamos sempre tentando fugir de tudo isso e buscando a perfeição – algo praticamente (humanamente) impossível. A morte é uma guerreira que não tem pressa nem vaidade e no fim sempre vence, assim como as “várias mortes” durante a vida.

A maturidade esta fora de moda, os pais fazem um culto a infantilidade – infantolatria – isso prejudica o desenvolvimento dos jovens e das gerações futuras, pois a mensagem que os pais passam é que a vida é uma eterna balada e que ninguém mais assume a responsabilidade. Essa juventude é uma juventude perdida, pois habitam um mundo em que são considerados gurus (sábios), mas como ser sábio sem tem tido uma vivência?

Com esse pensamento de “sabe-tudo” os jovens estão condenados a querer ser sempre jovens, isso os leva a tornarem-se adultos infantis.

Esse medo do amadurecimento está relacionado ao medo de ser pai ou mãe. Os meninos alegam que as mulheres não merecem investimento e os filhos vão se tornando cada vez mais raros, um animal em extinção, diz Pondé. Acrescenta ainda que a situação tende a piorar quando for legalizado o aborto. Pois aí os bebes se tornam apenas parasitas.

Vivemos numa “tirania da felicidade”, um mundo em que se precisa provar a todos, a todo o momento, que se é feliz. Como se tristeza fosse doença. Se você não postar fotos de que é feliz é sinal de que você não dá certo. Então muitos fazem propaganda de si, vivem baseados em uma ilusão, vivendo para os outros. As pessoas olham as fotos nas redes sociais de outras pessoas e pensam como são mais felizes que nós, mas isso não passa de marketing.

A felicidade deve ser discreta, falar pouco de si mesma e assim sendo elegante.

Fugindo do senso-comum, Pondé diz, ao contrário do que a maioria pensa, que a vida deixou de ser curta há muito tempo. “O consumismo, por exemplo, é o ato de quem não tem o que fazer e todos nós já estivemos nesse lugar”. A vida é longa demais, ela deixou de ser curta há muito tempo, por isso sempre ficamos sem o que fazer em algum momento e isso nos dá tédio.

Em um ensaio, o filósofo menciona o termo deserto de valores, fazendo uma alusão ao sociólogo Zigmunt Bauman, onde a palavra “deserto” significa “nada”. Então ele diz que há um deserto da privacidade, lembrando-nos que antigamente a privacidade era algo importante e hoje é um tormento, porque quanto mais privacidade temos, mais é claro o vazio das horas e mais claro é a nossa mediocridade. Para fugir da privacidade e o mal-estar que ela nos trás, buscamos ser invadidos pelos outros, num delírio de celebridade e redes sociais, o vazio desse sujeito que não tem valores é o desespero por curtidas no facebook.

Essas causas do facebook são um vício pra mendigar atenção nas redes, essa hipocrisia de muitos defendendo a causa indígena através do seu MAC pró da Apple, outros que creem em andar de bike em São Paulo achando que vão salvar o planeta do efeito estufa, ou aqueles que pensam que se comerem alimentos vegetarianos com isso estarão salvando os animais e o ecossistema do mundo.

Pondé critica uma fala recorrente de muitos, e aqui eu me identifico em certo momento da minha vida como sendo um desses, onde as pessoas falam “posso ser o que eu quiser” ou, “cada um pode ser o que quiser basta querer e se esforçar”. Isso é mentira. Esse discurso revela o tédio da própria identidade, quando as pessoas usam essa fala é pra se confortar e se enganar da própria realidade. É análogo a dizer “eu sou X porque quero ser X, se eu quisesse ser Y eu seria”, é uma mentira da nossa incapacidade pra lidar com o sofrimento.

“Somos seres da falta, sempre parece que falta algo, nunca está tão bom quanto gostaríamos que estivesse. Então nunca estamos satisfeitos. Se conseguimos realizar algo, logo vem o tédio de ter conseguido aquilo e então precisamos nos reinventar, precisamos buscar outras atividades, outros sonhos e outras metas”. Com esse trecho, o professor mostra sua visão e diz que por isso o homem é um ser perdido que não tem solução, a sua própria natureza o leva ao sofrimento.

Certa vez, numa palestra o Pondé cita uma frase que me marcou muito, do filosofo alemão do século XIX, Schopenhauer. A frase era: "O desejo tem duas formas de te humilhar: uma é não deixando que você realize ele nunca, a outra é deixando que você realize". Essa frase cabe perfeitamente no que quer dizer o parágrafo anterior e é de uma inteligência ímpar/singular.

Ao contrario do que dizem muitos livros de autoajuda, que se pensarmos positivo moveremos montanhas e que o mundo conspira ao nosso favor de acordo com nossos pensamentos, Pondé diz totalmente o contrário: que o universo é indiferente aos nossos desejos, que a riqueza não cai do céu. A vida é um processo inseguro e interminável na busca do sucesso. “Basta pararmos de nos mexer para cairmos na pobreza, porque ela é como a gravidade – sempre vence quando cansamos de nadar. A riqueza é antinatural e não faz parte dos planos da criação”. Por isso, não podemos parar. Então leitor, vá trabalhar e pare de filosofar!



***
OBS: Tento um Blog intitulado "Ceticismo, Conservadorismo e Capitalismo" aonde eu posto várias resenhas e muito mais: artigos informativos, textos filosóficos. Deixarei o link na descrição!


site: www.thaylangranzotto.blogspot.com.br
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Renatinha 23/06/2020

Concordo em partes, discordo em outras, mas é um bom livro, principalmente por nos fazer pensar.
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Mr. Jonas 05/07/2020

A era do ressentimento
A era do ressentimento é outra grande obra prima de Luiz Felipe Pondé. É um livro que traduz o cotidiano atual de nossa abrupta e ridícula sociedade, de pessoas que vivem mergulhadas num total despreparo e desprezo ao que realmente significa ser e ter. Pondé resume com muita propriedade todo mimimi e blá-blá-blá que tomou conta da humanidade.
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Silvio 31/12/2015

Luiz Felipe Pondé não tem medo de enfiar seu dedão na ferida da superficialidade, ridículo, ignorância e cretinice da sociedade moderna e de tocar um f... para quem se sentir "ofendidinho".

Mas fica a impressão que ele tenta substituir com agressividade e uma certa prepotência uma análise mais profunda dos temas que levanta no livro, como a felicidade como doença, medos contemporâneos, beleza, erotismo, gente bem resolvida, falsa complexidade, etc. Afinal, o autor possui arsenal intelectual muito maior do que as citações de filósofos que salpica aqui e ali nos textos para dar um ar erudito. Como se considerasse o leitor ignorante ao ponto de não entender (ou não merecer) maio atenção.

Luiz Felipe Pondé parece sofrer do mesmo ressentimento que tanto critica.
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Arthur Bernard 23/12/2022

Leve e útil
São capítulos leves e li todos os dias pela manhã. Ajuda a acordar (rsrs) e ainda a refletir sobre a vida e entender o motivo de estarmos cercados de gente tão complicado que as vezes achamos que os vilões somos nós.
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Julyana 20/09/2022

Legal
É um Livro de opinião, como quase tudo que o Pondé diz.

A opinião dele pode não te agradar mas é possível respeita-la. Nem sempre concordo com ele mas ai da sim aprecio algumas coisas
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Paulo Silas 29/08/2016

Meter os pés pelas mãos. Creio que essa seja uma boa definição para "A Era do Ressentimento". A pretensão do autor é causar, dizer aquilo que entende como duras verdades, sem ter receio das consequências. Seus argumentos são polêmicos, duros, eventualmente reflexivos, mas na maioria se tratam de tentativas de sustentar concretudes sem um aparato congruente. Entendo que o autor "peca", e muito, em grande parte do que defende na obra. Claro que tal discordância pode se dar em decorrência de posições antagônicas ocupadas pelo leitor e pelo escritor. E em algumas passagens de fato a questão acaba se tratando de divergências que surgem a depender da posição ocupada pelo leitor. No entanto, nem tudo é relativismo, e é justamente neste ponto que vejo a defesa do autor como falha em várias partes do livro.

Dentre as pontuações do filósofo, das quais discordo na maioria, encontram-se diversas polêmicas. "Inteligentinho" é um termo bastante utilizado pelo autor de modo claramente cínico. Saramago chega a ser adjetivado de tal modo em uma das várias críticas constantes na obra. O curioso é que a descrição do termo feita pelo autor não condiz em nada com o escritor português atacado, de modo que se nota que se trata apenas de uma forma peculiar de satirizar qualquer um que pense de maneira diversa do filósofo.

Na obra também é perceptível uma constante insistência em tentar demonstrar que a procriação se trata de uma obrigação de todo ser humano. Particularmente entendo o ponto de vista defendido no livro, pois numa perspectiva individual tenho que o procriar é condição necessária para o prosseguimento da humanidade (único "sentido" possível no plano biológico), porém, diferente do autor, respeito quem opte por um modo de vida diverso, a saber, que escolha a opção de não ter filhos - e para o escritor isso é inaceitável, já que, nas palavras do próprio, "a mulher que pensa em se realizar contra seu útero, em algum momento verá o deserto em seu espelho", pois ter filhos "tem mais a ver com a lei da gravidade do que com a felicidade de uma escolha" (!).

Quanto ao tema que leva o título da obra, o ressentimento, este é tratado, ao menos conceitualmente, de maneira muito interessante. Merece aplausos neste ponto. O ressentimento é explanado pelo autor como sendo um problema profundo. É um drama vivenciado de maneira explícita na sociedade atual do qual não se foge. O ressentimento vem da falta, da ausência, do não possuir - mesmo quando o possuir é desnecessário. O ressentimento teria surgido da inveja dos deuses e partir de então desandado (não somos felizes o suficiente, o outro sempre tem mais, nunca seremos como aquele, o muito que temos é pouco quando comparado...).

Apenas para mencionar mais algumas dentre as tantas do autor: "a revolução sexual é uma farsa, para além da pílula, que logo levará a modernidade secular ao abismo, entregando o mundo ocidental nas mãos dos evangélicos que engravidam suas mulheres com competência"; situa a revolução francesa como um evento que recebe atenção demasiada e injustificada, pois em mil anos será visto apenas como mais um dentre diversos conflitos; se a ascensão de Hitler com o nazismo se desse atualmente, os professores e os acadêmicos das ciências humanas (saber que é fortemente atacado pelo autor em diversas passagens) lutariam para que não houvesse nenhum tipo de intervenção, pois culturas diferentes, para estes, deveriam ser respeitadas.

Enfim, é um livro que ousa, mas que peca pelo excesso. O autor é um filósofo do qual divirjo muito. Respeito a sua produção literária, mas minha concordância se dá para com pouco do que defende. Repudio grande parte de seus argumentos. Eventualmente me faz refletir sobre alguns pontos, as vezes de forma dolorosa, confesso. Em "A Era do Ressentimento" não é diferente, onde o autor sustenta que "somos uma civilização de mimados que não é capaz de escutar nenhuma crítica sem achar que é uma questão de ofensa pessoal". Bingo nessa parte. Daí a necessidade do diálogo. Por mais que ofensivo, desmedido e incongruente em grande parte, o livro merece a leitura. Cumpre ao leitor separar o joio (e tem muito) do trigo.
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kenhimura 03/03/2023

Pondé em essência e rasgando o verbo contra a atual geração!
A Era do Ressentimento é uma coleção de aforismos sobre a pós-modernidade e seus conflitos. Pondé, em sua marca registrada, o estilo pessimista-niilista, abre fogo contra todas as instâncias da vida atual, passando sempre por temas como sexualidade, frescura, preguiça e feminismo.

Me identifiquei demais com a leitura porque Pondé levanta, expõe e critica de maneira contundente diversos aspectos dos tempos atuais que também me incomodam. Outro ponto da escrita também compartilhado pelos diferentes capítulos é a maestria com que o autor esfrega na nossa cara a nossa pequenez e insignificância frente ao Universo, e a tendência deste de ser indiferente às nossas vontades e desejos. Isto é, para alguns, motivo de crise - o ego descontrolado atingido tenta suprimir esta "verdade desconfortável" a qualquer custo - mas, para mim, é fonte de muito fascínio: em toda a vastidão do Universo existe um minúsculo grão de areia - eu - que, apesar de insignificante frente ao Todo, existe e faz parte desse todo. E pode refletir e conjecturar sobre isto tudo.

Capítulo após capítulo, o autor vai batendo sem dó e sem se cansar em pilares do pensamento e das práticas pós-modernas, mostrando como estes, na verdade, só ajudam o que pensam estar combatendo. E no fim, querendo ou não, acelerando o fim da civilização (Ocidental num primeiro momento, Humana a longo prazo). O próprio Pondé entende que seu esforço é em vão - ele não vai mudar o curso das coisas - pelo menos, pode se divertir um pouco tirando sarro e apreciando o que a vida ainda nos oferece: beleza, silêncio, mistério, reverência...

Li o livro em doses homeopáticas, um ou dois aforismos por vez, e foi bem tranquilo. Recomendo - e também recomendo tratamento psicológico, são tempos difíceis.
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Dani Arruda 24/10/2019

"O ressentimento faz de nós incapazes de ver algo simples: o universo é indiferente aos nossos desejos. Está foi uma das frases que mais gostei diante várias que tem neste livro. Darei ???? e não 5 por um único motivo: deveria ter sido mais agressivo nas considerações e explorado mais cada tema. O livro é muito rico em reflexões extremamente necessárias para o nosso momento da era contemporânea. Filosofia Política pra mim é essencial para quem deseja compreender que sim, sempre, haverá pessoas melhores do que você, entretanto, isso não significa que você não possui valor. Parece Psicologia, mas vai muito além. Recomendo muito!
Douglas 19/09/2020minha estante
Ótima resenha, Dani


Dani Arruda 07/01/2021minha estante
Obrigada ?




Marcos Pedro 31/12/2016

Realidade atual
Pondé não tem papas na língua. Ele fala o que pensa, sem receios de atingir aos grupos que crítica. Isso fica bem claro já nas primeiras páginas do livro quando fala sobre a situação no Oriente Médio: (...) “as manias de luxo dos mimados ocidentais que creem fazer alguma diferença com suas causas do Facebook se dissolvem contra a realidade que se vê nas fronteiras políticas, étnicas ou religiosas em guerra nesses países.”.

A cada novo ato ele destila veneno (e verdades) sobre todos os assuntos: religião, feminismo, aborto, redes sociais e suas “causas”, bikes, jovens de hoje, preocupação excessiva com animais em detrimento de humanos etc. ... tudo isso abordando de forma clara e relacionando os assuntos ao que chama de “era do ressentimento”.

Destaque para o trecho que cita que “Se Hitler tivesse de enfrentar os jovens e adultos jovens de nossa época, teria ganho a guerra. Primeiro que seus professores afirmariam que matar é feio e opressor e que supor que os nazistas deveriam ser combatidos seria pura manifestação de intolerância e preconceito com o “diferente”.

Um outro trecho marcante é quando fala da tragédia do secularismo e a questão da demografia como questão de sobrevivência: “apesar de os seculares produzirem muitas ideias sobre como deve ser uma vida perfeita, equilibrada e saudável, os religiosos produzem mais bebês, o que conta muito mais em termos de adaptação da espécie”. Assim, pouco importa o que pensamos sobre o modo certo de viver, uma vez que aqueles que pensam diferente reproduzem muito mais e vão impondo aos poucos seus modos de vida.

Pode-se até não concordar com tudo o que ele fala (ele viaja as vezes e faz comentários meio sem sentido), mas é inegável que ele traduz exatamente o que vemos hoje em dia em nossa casa, nas ruas e na internet. Dizemos aceitar a diversidade, a diferença, mas na verdade queremos que os outros pensem como nós. E quando não o fazem, logo os taxamos por apelidos ou mandamos estudar uma história que nós mesmo não conhecemos, mas o nosso “EU” está sempre certo.
Heidi Gisele Borges 31/12/2016minha estante
Perfeito. Esse foi o primeiro livro do Pondé que li. Eu adorei as colocações. Pensamos igual em diversos momentos. E esde título é sensacional, porque é uma das maiores verdades de hoje. Você viu a palavra do ano? "Surreal" foi escolhida. Mas acho que deveria ter sido "Egoísmo" pq é o que somos hoje. Como diz no final do seu texto, queremos que os outros pensem como nós. Sigam as mesmas modas, os mesmos passos, ativismos, mesmo que não concordemos. Vc tem que ser de lá ou de cá. Nada basta. Veja esse extremismo de Facebook. Quantos "amigos" perdi por não pensar como eles! Não há conversa, troca de infirmações. Há imposição de uma maneira de vida que a pessoa escolheu para ela. E eu respeito enquanto eu for respeitada por não querer para mim o mesmo.


Cioran E. 31/12/2016minha estante
Leitura excelente!




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