Silvana 06/08/2016
Francesca Wiggs acaba de escrever o prólogo de seu novo livro. Graças a mais uma traição na sua vida. A escrita sempre foi como um bálsamo, desde criança que ela recorre a isso para curar a sua dor. Quando tinha um ano, seu pai foi embora e por anos a fio ela esperou que ele fizesse uma visita, desse um telefonema, lembrasse de sua existência, até seu aniversário de quinze anos, o dia em que decidiu que seu pai estaria morto para ela. E fazê-la sentir dor, não foi exclusividade de seu pai não. Por toda sua adolescência ela sofreu bullying na escola e aos dezesseis, quando teve seu primeiro namorado e descobriu que ele a traia com várias outras garotas, ela decidiu que nunca mais iria chorar por nenhum homem e agora dez anos depois, ela está chorando por um. Por mais uma traição.
Dessa vez ela terá que ser mais enérgica e decide não se relacionar com mais ninguém. E ela também decide que além de se dedicar ao seu livro, ela vai fazer um trabalho voluntário em um hospital. Seu trabalho será ler para pacientes em coma. É assim que ela conhece Mitchell. Mitchell Petrucci já nasceu herdeiro de um vasto império, mas ele não ficou de braços cruzados apenas desfrutando da riqueza de sua família. Aos trinta e cinco anos ele duplicou o patrimônio da família e é considerado um dos homens mais influentes no cenário financeiro.
E como se não bastasse, ele ainda é considerado um ícone da beleza masculina. Ele tem aos seus pés à mulher que quiser, na hora que tiver vontade. No momento ele está com a modelo sensação das passarelas e acaba de comprar um carro novo, uma Lamborghini Reventón Roadster. Ele adora correr, quando está em um carro em alta velocidade, é como se todo o resto desaparecesse. Infelizmente dessa vez às coisas não correm bem para ele, e ele acaba envolvido em um acidente, sofre traumatismo craniano e fica em coma.
Então Francie começa a ler para Mitchell o livro que está escrevendo. Ela sente uma conexão com ele e em vez de ir duas vezes na semana como era o combinado, ela decide ir todos os dias. E não apenas ler, ela conta tudo o que está acontecendo no mundo, já que ele não recebe a visita de mais ninguém. E quando percebe, está apaixonada por ele. Isso não poderia estar acontecendo, já que ela jurou nunca mais se apaixonar por ninguém. E ainda mais por um homem como aquele. Pelo o que ela leu e pesquisou sobre ele, Mitchell é o contrário do que ela busca em um homem. E ainda tem tem o problema do coma. E se ele nunca mais acordar? E se acordar e não sentir o mesmo que ela?
"Eis que mal se entendia diante de tudo o que vinha sentindo. Se o deixasse agora, ficaria ainda mais perdida. Percebeu, por fim, que de algum modo absurdo, sobrenatural e louco. Demais de estranho e incompreensível. Essa foi a maior entrega amorosa de sua vida. Só essa insana constatação bastava no momento. Por mais louca que ela estivesse, não mudaria nada. Não queria..."
Desde que vi esse livro pela primeira vez, eu me apaixonei por essa capa e fiquei doida para conhecer a escrita da autora. No fim, acabei lendo outros dois livros dela antes desse, mas de gênero diferente. E a leitura desse foi uma surpresa. A autora usou uma linguagem que eu não estou acostumada a ler, uma linguagem poética. Confesso que nas primeiras páginas, a leitura foi mais dificil, mais lenta por eu não estar acostumada com esse tipo de linguagem, mas ainda bem que me acostumei logo, porque o livro é enorme e eu teria demorado um mês para ler hehe. E não foi o que aconteceu, pelo contrário, as ultimas 300 páginas eu li em um dia, porque não conseguia largar. A escrita da autora é viciante e a história estava tão boa, que não conseguia largar sem saber o que ia acontecer.
Quando vi a sinopse desse livro, a primeira coisa que pensei foi, como alguém se apaixona por uma pessoa em coma. O amor vem da forma como a outra pessoa te trata e nesse caso não tem nenhuma interação da parte dele. Mas lendo o livro entendi o que aconteceu. Temos que entender todo o passado e a carga emocional que a personagem carrega. E isso não é exclusividade da Francie, mas tem toda uma carga emocional da parte do Mitchell também. Os dois personagens estão tão quebrados e encontram um no outro o apoio e a força para conseguir superar, perdoar as mágoas e seguir em frente. Como todo bom romance, temos alguns clichês, temos encontros, desencontros, palavras não ditas, outras ditas no calor do momento e temos também outras pessoas tentando separar o casal.
Francie me irritou em vários momentos da história. A pessoa se apaixona por um milionário, que trabalha praticamente 24 horas por dia e quando tem uma crise na empresa e ele fica alguns dias afastado dela, ela já se faz de vitima e termina tudo com ele. Relacionamentos são construídos por duas pessoas e cada um tem que entender o lado do outro e ceder um pouco. Achei ela bem imatura algumas vezes. Mas em vários outros momentos ela compensou com sua alegria e companheirismo. Mitchel também me tirou do sério algumas horas, principalmente quando ele viu Francie pela primeira vez e quando quis resolver tudo com o seu dinheiro. Mas depois ele compensou tudo se mostrando o homem mais romântico do mundo.
Enfim eu recomendo o livro. Li algumas opiniões bem diferentes da minha e até comparações com Cinquenta tons, mas a semelhança termina na parte deles serem dois caras milionários. Na minha opinião, e ninguém é obrigado a concordar, é um romance daqueles para ninguém botar defeito e ainda a autora escreve de uma maneira que a gente fica lá sentindo o mesmo que os personagens estão sentindo. Eu amei, odiei, chorei, suspirei junto com a protagonista. E sem falar na edição da Novo Século que está maravilhosa. Essa capa é perfeita, é ainda mais bonita que a da primeira edição, apesar de que é a mesma imagem só que numa posição diferente. As folhas são amareladas, a fonte em um tamanho bom e os capítulos não são longos em excesso. Quem gosta de um bom romance, vai amar o livro.
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