spoiler visualizarLeila.Cavalcante 29/01/2012
A letra Escarlate
Ambientado nos Estados Unidos do século XVII, A Letra Escarlate é um romance histórico, que trata de sentimentos, conflitos morais, puritanismo, busca pela liberdade afetiva. À exemplo do que acontece com muitos livros clássicos, acredito que esta obra de Hawthorne deve ter chocado a época em que foi publicado pelo tema de que trata: o adultério.
O sentimento dos personagens é tratado com muita intensidade, os conflitos que estes travam consigo mesmos, com suas consciências são angustiantes. Cronologicamente, o romance começa no momento em que Hester Prynne é levada à prisão e condenada a usar o a letra A estampada no peito, e daí o autor tece a teia de acontecimentos que dão os rumos da história. Enquanto Hester ostenta o símbolo do seu crime publicamente, sendo exortada por todos, apontada nas ruas, enfim, marcada, tendo toda a vida social afastada de si e de sua filha, o jovem padre Dimmesdale sofre em silêncio, remoendo sozinho a dor moral que lhe aflige o peito. A fraqueza de Hester torna-se a sua força, seu escudo, enquanto Dimmesdale definha sob a influência do misterioso Chillingworth, um falso amigo, cujas intenções estão muito longe de serem boas. E ainda há a pequena Pearl, a filha do pecado, que emerge como se fosse um raio de luz em meio às sombras do puritanismo da Nova Inglaterra do século XVII.
Quanto ao estilo de narrativa, que posso eu dizer sobre o estilo de escrita de Hawthorne? Como romance histórico, o livro é de uma riqueza de detalhes sobre os rígidos costumes de uma época; é ainda uma imersão nos sentimentos humanos.
12 - O Amante de Lady Chatterley
O amante de Lady Chatterley, tido como o mais célebre romance de D.H. Lawrence conta a história de Constance, uma aristocrata inglesa e sua amante, Mellors, um dos empregos de Sir Clifford Chatterley, marido de Constance. Lawrence escreveu um livro ousado, bastante polêmico para a sua época, tanto que foi considerado impróprio, dizia-se até pornográfico, e sim, há descrições aprofundadas do amor físico, mas eu não o considerei pornográfico; é verdade que há passagens do livro que parecem apelativas, e apelo sexual é algo que me irrita bastante num livro, mas a história vai além do sexo.
Todos os personagens centrais do romance - Constance, Mellors e Clifford - despertaram sentimentos ambíguos enquanto estava lendo; houve momento de gostar e desgostar de todos, de entender e dividir as angústias e de ficar muito irritada com as atitudes. Constance de algo de independência, vontade própria que é agradável ver em personagens femininas, enfim, é uma personagem interessante; o que eu não gosto é o modo como ela trai o marido embaixo do nariz dele, eu não sei não, me chamem de moralista ou o que for, mas nem na ficção eu vou achar traição uma coisa comum, mesmo que, de certa entenda os motivos de Constance preferia que ela tivesse encontrado outro jeito de resolver o problema. Clifford também tem seus momento de grande personagem, dotado de uma grande inteligência, conversa bem, é um tipo de gentleman, mas por outro lado também leva a arrogância típica da sua classe social, um certo orgulho dos Chatterley que pretende manter as aparência a qualquer custo, tanto que, praticamente indiferente aos sentimentos de Constance insiste em manter um casamento de aparências. Mellors me pareceu alguém que tem raiva do mundo; ele demonstra carinho e ternura com ela e, apesar de ter senso de humor e sarcasmo suficiente para me fazer gostar dele, há momentos que ele se mostra de certo modo arrogante, como se pretendesse descontar em Constance toda a frustração com o mundo, a atitude dominadora dele é muito irritante.
A história se passa numa época em que a Inglaterra está em transição, os antigos costumes estão sendo substituídos pela indústria, as pequenas cidades do interior agora fervem com as minas de carvão, e é interesse ver o conflito das gerações, e principalmente das classes sociais, como a aristocracia meio que explora a classe trabalhadora. Enfim, Lawrence defende a liberdade sexual ao mesmo tempo que ataca as convenções sociais, e nessa crítica está sua grande sacada; apesar de ter baixos, Amante de Lady Chatterley merece seu lugar entre os mais famosos da literatura mundial.
Desafio de Férias -Cultivando a Leitura
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