Luiz Miranda 11/12/2021
Gênio em campo minado
Esperava diversão ligeira, mas não uma epopeia de cair o queixo. Sério, algumas vezes eu quase chorei com as histórias de superação aqui contidas, o material é cinematográfico.
Imagine você sair de uma cidade com meia dúzia de quadras, num país de tradição quase zero no esporte, e aos 24 anos se consagrar como o tenista número 1 do mundo. Este arco eletrizante de ascensão e queda é narrado pelo Guga com a simpatia que lhe é peculiar, o cara é carismático e ponto final.
No entanto, nem todo o carisma do mundo sustentaria uma obra literária por si só, é aqui que entra o pulo do gato, aqui que muitos vão ficar surpresos: depois da sempre tediosa, porém obrigatória, passagem pelos primórdios do biografado, começa uma montanha russa de confrontos explosivos contra Kafelnikov, Agassi, Norman, Corretja, Ivanisevic, Rafter, Henman, Safin, Moyá, Ferrero, Sampras, Federer...ufa, é pra tirar o fã de tênis do sério.
Eu, que acompanho bem superficialmente o circuito ATP, confesso que tinha uma visão diferente da carreira do Guga. Na minha ignorância ele era um cara que num lance de sorte chegou ao topo e depois caiu. Estava REDONDAMENTE enganado, ele chegou onde chegou por meio de uma trajetória de talento e superação inacreditável. Em 97 já era número 14 do mundo, em 99 número 5, 2000 número 1, 2001 número 2, 2003 número 19 e em 2004 número 40. Foram 8 anos na elite do tênis mundial, 20 títulos de simples, 3 Grand Slams, 1 Masters Cup (hoje se chama ATP Finals). O cara foi GIGANTE e eu não sabia! Único a vencer Sampras e Agassi no mesmo torneio.
E não é só, ele poderia ter ido muito mais longe se não fosse a maldita lesão no quadril, que o impediu de jogar no melhor nível e por fim o aposentou. Não sou de chorar, mas fiquei com nó na garganta das batalhas titânicas nas quadras, no absurdo jogo mental, e claro, nas dores do fim da carreira.
Eu já gostava do Guga, depois disso aqui o cara virou meu ídolo. Um dos melhores livros que li este ano.
4,5 estrelas