MiCandeloro 10/02/2015
Quem não gostaria de conhecer a Branca de Neve?
O que vocês fariam se o inimaginável desafiasse a razão?
Abby era uma menina de 10 anos um pouco diferente das outras garotas da sua idade. Extremamente racional e metódica, irritava-se facilmente quando algo saía dos padrões ou fugia do seu controle.
Em razão disso, viu sua vida girar de ponta cabeça quando teve que se mudar para Smithville com a família. Lá, tudo parecia diferente, para o desespero de Abby.
Por que as pessoas insistiam em chamar todos os refrigerantes de soda, ou fazerem sanduíches de banana amassada com manteiga de amendoim, ou chamarem a biblioteca de sala de entretenimento? Mas, o pior para Abby, foi o fato dos seus colegas terem transformado o clássico pique-pega em uma brincadeira completamente "errada" de pique-congela.
Abby estava nitidamente incomodada com a mudança e com aquela cidade estranha. Apesar de ter se esforçado para se adaptar, não conseguia evitar comparações e ficava ainda mais chateada ao ver que seu irmãozinho, Jonah, de 7 anos, estava tirando tudo de letra.
Porém, certa noite, sua razão foi desafiada quando foi engolida pelo espelho do porão, juntamente com Jonah, para um mundo de contos de fada. Se isso, por si só, já não fosse perturbante o suficiente para a menina, Abby ainda teve que lidar com o choque de ter contribuído para a alteração da história da Branca de Neve.
Por culpa dela e do seu irmão, Branca não foi envenenada pela madrasta e, por isso, não foi beijada pelo príncipe e não teve seu final feliz. Em suma, Abby culpava-se por ter destruído a vida de Branca.
E não, isso não estava certo, isso não podia acontecer. As coisas não devem ser diferentes do que são. Em meio a toda confusão, Abby precisa encontrar um jeito de voltar para casa com Jonah, mas, antes disso, decide-se traçar um plano para consertar a história de Branca.
O problema é que, às vezes, quanto mais tentamos arrumar algo, pior a coisa fica. O que será que esses irmãos irão aprontar?
Querem saber o que vai acontecer? Então leiam!
***
A Mais Bela de Todas me conquistou imediatamente por essa capa fofa. Eu amo ilustrações, e todos sabem o quanto curto livros infantis, ainda mais quando se propõem a fazer uma releitura dos contos de fadas originais. Adoro ver a liberdade criativa dos autores que modificam os clássicos e os tornam ainda mais divertidos e emocionantes.
No caso deste livro, não foi diferente :) Narrado em primeira pessoa por Abby, uma personagem por quem me apaixonei logo de cara e que parecia muito bem ser uma versão mirim minha, somos convidados a embarcar numa aventura sem precedentes.
Imaginem como seria se invadíssemos os contos de fadas e fôssemos os responsáveis por estragar uma das histórias? Como faríamos para consertá-las?
Abby se desesperou com a situação, porque ela nunca soube lidar bem com mudanças. Para algumas crianças, mudanças são difíceis de assimilar. Ainda mais para uma pessoa tão racional e analítica quanto ela.
Uma das coisas que ajudou muito a menina foi perceber que ela não estava sozinha. Jonah teve um papel fundamental na história, mostrando que também podemos nos divertir e relaxar nos momentos difíceis, e que não há nada que possamos fazer sobre as coisas que não podemos controlar.
Abby e Jonah são crianças preciosas. Ri demais com as neuras de Abby, que consegue ser irritante e chata quando quer. Já Jonah é energia e alegria pura. Sempre sorridente e pronto para partir para uma aventura ou exploração. Mas o que mais amei, foi a relação criada entre os dois irmãos. Eles se amam e se dão muito bem. Abby, por ser mais velha, cuida demais de Jonah e se preocupa com o seu bem-estar. Ele, por sua vez, respeita a irmã, apesar de nem sempre entendê-la.
Devo dizer que me diverti demais com os percalços pelos quais os irmãos passaram. Foi legal conhecer uma Branca de Neve jovenzinha, incerta sobre o seu futuro e sobre o seu possível casamento com o príncipe, mas que ao longo da trama cresceu e mostrou que uma menina é capaz sim de decidir o seu destino e de realizar atos heroicos.
Também gostei de ver os sete anões sendo retratados de maneira diferente de como a Disney nos mostra, afinal, por que não ter anãs mulheres nessa história também, com direito a ter até cabelo rosa? A vilã, por sua vez, foi levemente desconstruída e mais aproximada da realidade, algo interessante de se ver. Evelyn Vilã não era uma bruxa toda cheia de poder e magia como estamos acostumados. Por mais que ela tenha se valido de artimanhas para tentar matar Branca várias vezes, no fundo, não passava de uma mulher ciumenta e amargurada. Só achei que a autora poderia ter aprofundado mais nas lições que a madrasta deveria ter aprendido no final.
A Mais Bela de Todas é uma leitura rápida, leve e divertida, com um linguajar simples e de fácil entendimento, e que ensina ótimas lições para as crianças. Lembrem-se que mudar nem sempre é ruim. Às vezes o diferente também pode ser bom. E que devemos sempre lutar para sermos justos e fazer o bem e, principalmente, dar valor aos amigos e família que estão sempre ao nosso lado.
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