spoiler visualizarPedro Cortat 01/01/2015
Terminei o ano de 2014 de maneira espetacular, com chave de ouro. Além disso, comecei 2015 com o pé direito, pois passei esses dois dias lendo 'A Lenda de Ruff Ghanor: O Garoto-Cabra'. Leonel Caldela que já conquistou na minha prateleira, o lugar de autor destaque, fosse por dar novo gás ao meu cenário predileto de RPG ou por me levar através da poderosa pena de Iago através das terras controladas pela igreja de Urag, ataca novamente!
Já me parecia impressionante sua capacidade de construir, e te fazer gostar, de seus personagens. Por exemplo, na Trilogia Tormenta ele tinha poucas páginas para apresentar e criar empatia por todo um grupo, e faz isso maestralmente, até com um dos aventureiros que perece logo no inicio você se importa. Agora ele teve um livro inteiro para literalmente construir um único personagem, Ruff. Você se cansa com seu treino árduo, ama seus amigos, chora as mortes com ele, fica feliz com as conquistas e sofre frente às adversidades. Cada página mais e mais próximo do Clérigo. Entretanto além de Ruff, o livro povoa nosso imaginário com tantas outras figuras memoráveis, que é estranho que tenha tão poucas páginas.
Como se esquecer de Áxia (e seu irmão e sua mãe...)? Ulma? Korin? Prior? Dunnius e Niccolas? Thondin? Não só de seus traços, suas personalidades tão ricas, mas principalmente suas histórias. A auto imposta redenção do Prior! O calvário da aprendiz de feiticeira! A maldição de Thondin! A sombra do herói sobre a amizade e lealdade de Korin!
Por que o principal, Leonel sempre nos mostra em seus livros, não é só saber escrever, ou ter boas ideias para contar. Mas compor essas coisas com os melhores e mais marcantes coadjuvantes para apoiar seu protagonista e fazer com que ele consiga superar os problemas e atravessar toda história. Desse modo no fim alguns deles tornam-se tão reais, que algumas pessoas na vida dos leitores parecerão vultos apáticos perto da intensidade desses personagens e suas vidas.
Só achei que o final foi um pouco corrido, mas isso nem de longe nubla a grandeza do trabalho do Leonel, deixando também um dos finais mais excitantes de todos os livros que eu já li. Quem terminou esse livro e não quis matar o autor por ainda não ter publicado a continuação não deve regular bem.